Fortaleza chega aos 297 anos com a maior economia do Nordeste; veja ranking das cidades

Capital cearense tem se destacado na geração de renda e emprego, mas expectativa de consumo é desafio para este ano

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(Atualizado às 08:32)
Legenda: Beira-Mar de Fortaleza é um dos locais mais visitados pelos turistas que chegam ao Ceará
Foto: Nilton Alves

Fortaleza completa 297 anos nesta quinta-feira (13) em uma posição de destaque econômico frente ao restante do Nordeste. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022 e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referentes a fevereiro deste ano apontam a capital cearense como tendo o maior Produto Interno Bruto (PIB) e maior geração de empregos da região. 

De acordo com dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) e do IBGE divulgados no fim do ano passado, o PIB da capital cearense era de R$ 65,16 bilhões em 2020, levando-a a ocupar a posição de município com 11º maior PIB no País. 

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Adicionalmente, os últimos dados do Caged apontam que a capital cearense ocupa a primeira posição do Nordeste em admissões (23.501) e em estoque de vagas (662.661). 

A pujança do setor de serviços é importante para os resultados, sobretudo após a pandemia. De acordo com a Prefeitura, ações de capacitação e empreendedorismo e captação de empresas para a cidade colaboraram para os números. 

Apesar dos resultados positivos, a aniversariante do dia tem desafios para conseguir consolidar essa posição frente a outras capitais do Nordeste. Para economistas, programas de renegociação de dívidas e de financiamentos podem acelerar a economia no capital, fazendo-a levar a dianteira na disputa. 

Ações da Prefeitura 

O prefeito José Sarto considera que o destaque em PIB e geração de empregos é reflexo de ações da Prefeitura para tornar Fortaleza um ambiente propício para negócios. 

Fortaleza cria um ambiente de negócios que é dos mais favoráveis para quem quer vir se instalar aqui. Por exemplo, a Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente tem toda a infraestrutura para quem quiser fazer a abertura de um negócio e precisa se deslocar, tudo feito via virtual, com celeridade em tempo real".
José Sarto
Prefeito

Legenda: Centro de Fortaleza abriga uma grande parcela do comércio da Capital
Foto: Nilton Alves

Ele afirma que no passado foram criadas 55 mil empresas em Fortaleza por meio do programa de microcrédito Nossas Guerreiras. Além disso, cita que mais de 40 mil pessoas foram capacitadas pelo Fortaleza Capacita. 

O secretário do Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Nogueira, avalia que os resultados positivos seguem uma lógica. 

“A gente consegue abrir empresas rápido, temos programas de crédito muito bons para pequenos empreendedores, Fortaleza foi a cidade que mais abriu empresas em 2022. Tudo tem uma lógica, maior PIB, maior número de empresas abertas e de empregos gerados”, aponta. 

Segundo ele, a Prefeitura tem focado nos pequenos negócios e, ao mesmo tempo, prospectado grandes empresas para vir à cidade trazendo novos empregos. 

“É um motivo de muito orgulho ser a cidade que mais gera empregos, porque emprego é renda. Nosso foco é esse, gerar emprego e renda. Todo mundo precisa que a economia esteja indo bem para conseguir mudar de vida”, ressalta. 

O que explica os resultados 

Para o professor do Centro de Pós-Graduação em Economia da UFC, Christiano Penna, os números positivos mostram uma boa reação da capital à crise da pandemia, frente a outras cidades do Nordeste. 

De 2019 para 2020, o PIB de Recife caiu 8,34%, Salvador caiu 8,09%, já Fortaleza caiu apenas 3,38%. Isso mostra que a capital cearense absorveu bem a crise quando comparada as capitais nordestinas de grande porte”.
Christiano Penna
Professor do Centro de Pós-Graduação em Economia da UFC

Ele destaca que é evidente a relevância do setor de serviços para a capital cearense, uma posição reforçada pelo economista Alex Araújo. Ele chama atenção especialmente para os segmentos de turismo e construção civil. 

De acordo com Araújo, pode-se perceber uma migração de empregos da indústria para o setor de serviços. Caso não houvesse essa absorção, poderia haver um crescimento do desemprego da capital em meio ao fechamento de indústrias (como foi o caso da Guararapes) e da migração de empreendimentos para região metropolitana e interior. 

“Os postos de emprego que têm sido gerados são de maior exigência de educação, ensino médio completo e ensino superior. Tem um setor substituindo emprego industrial com um tipo de exigência que beneficia o trabalhador mais qualificado”, diz. 

Ele ressalta que o aquecimento do turismo pós-pandemia também foi um fator positivo para a capital cearense. 

“A cidade começa a ter alguns ganhos de escala de um lado por ser um destino turístico, o turista brasileiro preferiu viajar dentro do país e Fortaleza sempre apareceu como destaque. Tem vantagem de ter voos diretos, isso é uma facilidade muito grande”, coloca. 

Desafios 

Para Alex, manter esses indicadores para 2023 é um desafio, principalmente devido às expectativas de consumo que começaram o ano sendo frustradas. 

A gente começou o ano com o nível de expectativa do consumidor muito alto, só que esse otimismo não conseguiu se reverter em consumo efetivo no início do ano por uma combinação de renda relativamente baixa e o nível de endividamento muito elevado. O endividamento tem sido uma grande restrição principalmente para aquisição de itens de consumo duráveis”.
Alex Araújo
Economista

O economista aponta que, para conseguir crescer mais, a Prefeitura precisa investir em programas de renegociações de dívidas e melhores condições de financiamento, a fim de conseguir reestabelecer a capacidade de compra dos consumidores. 

Ele ressalta que as expectativas para o Dia das Mães são boas, o que pode trazer um fôlego para as expectativas de consumo. Além disso, a Páscoa teve bons números, sobretudo para o setor supermercadista. 

Araújo reforça que será necessário ficar de olho no consumo de bens de consumo semiduráveis e duráveis para perceber uma consolidação da economia na Capital. 

“O grande percalço ano passado foi a questão do endividamento com a inflação muito alta, esse ano a gente vê uma inflação mais comportada, que não pressiona tanto a renda, mas precisaria ter algum outro alívio, seja através do mercado de trabalho ou da redução do endividamento, para dar essa folga para o consumidor voltar a consumir”, analisa. 

Confira o ranking das maiores PIBs do Brasil por capitais

1º São Paulo (SP): R$ 748.759.007
2º Rio de Janeiro (RJ): R$ 331.279.902
3º Brasília (DF): R$ 265.847.334
4º Belo Horizonte (MG): R$ 97.509.893
5º Manaus (AM): R$ 91.768.773
6º Curitiba (PR): R$ 88.308.728
7º Porto Alegre (RS): R$ 76.074.563
8º Fortaleza (CE): R$ 65.160.893
9º Salvador (BA): R$ 58.938.115
10º Goiânia (GO): R$ 51.961.311

 

 

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