Indefinição da economia intranquiliza os lojistas de Fortaleza

Assis Cavalcante, presidente da CDL Fortaleza, diz que os comerciantes estão diante de um dilema: abrem ou não uma nova loja? E a culpa é da incerteza sobre os rumos da economia brasileira

Legenda: Os empresários lojistas de Fortaleza estão indecisos e esta indecisão é culpa da falta de rumos da economia
Foto: Divulgação / CDL

Nos últimos três meses, o mercado varejista de Fortaleza está a viver uma já longa e nervosa expectativa diante das incertezas que estão no horizonte da economia nacional, no qual há nuvens cinzentas prenunciando turbulências. 

“Temos, de um lado, o caso da gigante rede Americanas, que acaba de fechar em Fortaleza uma de suas lojas, gerando desemprego, e isto nos intranquiliza. Além disso, o comércio – como todas as demais atividades econômicas do país – aguarda o rumo do governo para definir se abre agora uma nova loja ou se amplia a que já existe, mas essa definição só virá quando se desanuviar o céu da esperança” – como analisa o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, empresário Assis Cavalcante.

Veja também

De Nova Iorque, onde se encontra desde a segunda-feira e de onde retornará na sexta-feira santa, ele – como bom cristão que é – se emociona com o drama por que passam as dezenas de pessoas que trabalhavam na loja da Americanas fechada há poucos dias nesta capital e da qual foram demitidos como consequência da grave crise financeira por que passa a empresa, cujos principais acionistas são três dos maiores e famosos empresários brasileiros – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
 
Assis Cavalcante tem razão. É muito triste o que acontece com a Americanas, empresa que tem uma história no varejo nacional, cuja recuperação judicial ainda depende de medidas que os controladores e seus advogados tentam encaminhar junto à Justiça do Rio de Janeiro, onde corre o caso. 

“Tudo isso e mais a indefinição da política fiscal do governo alargam as preocupações do universo lojista”, diz o presidente da CDL. 

Neste momento, ele acrescenta, “está o comerciante sem saber se investe ou não, e essa indecisão permanecerá até que o Congresso Nacional aprove, ou não, a proposta do ministério da Fazenda que cria a nova matriz fiscal do governo”, cujo texto final, ainda em elaboração, será enviado ao Parlamento na próxima semana.

Assis Cavalcante informa que, no primeiro trimestre deste ano, o único mês de baixas vendas foi o de fevereiro. Ele mesmo conta:

“Foi um mês muito curto, com o carnaval no meio. Repare: uma loja fechada representa prejuízo de 5% por dia. E tivemos, em fevereiro, três dias com todo o comércio fechado – o domingo, a segunda-feira e a terça-feira de carnaval, fruto da Convenção Coletiva celebrado com o Sindicato dos Comerciários. Então, foram 15% de queda nas vendas naquele mês”. 

A CDL de Fortaleza tem 6 mil associados. “Tudo isso?”, indaga a coluna, surpresa com o número. 

Assis Cavalcante responde que sim, porque não apenas os lojistas são associados à entidade, mas também prestadores de serviço (como, por exemplo, a micro ou a pequena empresa da área de informática) que utilizam o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) para vender em prestações mensais. 

Indústrias com vendas a prazo, também pelo mesmo motivo, o uso do SPC, são, igualmente, sócias da CDL. 

A Cagece, com centenas de milhares de clientes, é outra sócia da CDL. A empresa utiliza o SPC para negativar, ou não, quem usa seus serviços de água e de esgotamento sanitário.  

“Planos de saúde, pela mesma razão, também estão na relação dos associados da CDL de Fortaleza”, diz Assis Cavalcante, que, indagado sobre qual é o índice de inadimplência dos associados da entidade, responde com alegria:

“É bem perto de zero”.