Ferrovia Transnordestina deve funcionar parcialmente em 2025 para atender setor agro no Ceará
A operação comissionada deve realizar o transporte, principalmente, de grãos
Implementando o novo cronograma de conclusão do projeto, a Transnordestina Logística S/A, empresa responsável pela construção da ferrovia de mesmo nome, tenta acelerar o ritmo dos canteiros e iniciar a operação o mais rápido possível.
Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, o diretor-presidente da companhia, Tufi Daher Filho, revelou que a intenção é, até o início de 2025, iniciar um funcionamento parcial nos trechos que já estiverem prontos.
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A operação comissionada deve realizar o transporte, principalmente, de grãos, para atender o setor agropecuário do Interior do Estado.
Conforme o cronograma de obras, deve estar concluído até o final de 2024 e, portanto, apto à operação, o trecho da ferrovia que liga o município de Paes Landim, no Piauí, até a estação localizada em Itapiúna.
Final do ano que vem, início de 2025, a gente já quer começar a fazer transportes internos, mesmo sem chegar no Porto (do Pecém). Aqui, tem uma região importante de produção agropecuária, você pode trazer milho, soja, farelo, para essa região, que seria uma fase de comissionamento. Você começa a fazer transportes internos e, à medida que isso for prosperando, você vai subindo (as obras)"
Entregas em 2023
O executivo detalha que, para este ano, a empresa planeja entregar 100 km de ferrovia, que ligam as estações de Lavras da Mangabeira ao Iguatu e deste à Acopiara. Em 2022, 215 km de ferrovia foram concluídos.
Conforme Daher, em junho, os lotes em questão iniciarão a fase de superestrutura, que inclui a instalação dos trilhos e demais estruturas necessárias propriamente ditas.
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Ele explica que as obras são divididas em duas fases principais: a de infraestrutura, que diz respeito a toda fase de desmatamento, terraplanagem e construção de túneis, pontes, viadutos, dispositivos de drenagem e outros, e a de superestrutura. Esta última corresponde a 25% dos trabalhos necessários.
"Nós temos hoje uma máquina de fazer ferrovia a partir de Salgueiro, porque nós investimos muito no canteiro industrial. Hoje, nós produzimos nosso próprio dormente, nós produzimos nossa própria brita, lastro, nós compramos o trilho e soldamos os trilhos lá em Salgueiros, as locomotivas são próprias, os vagões são próprios, os equipamentos de montagem são próprios", ressalta o diretor.
A produção própria da Transnordestina Logística S/A alimenta a fase de superestrutura dos trechos com obras em andamento e utiliza a própria ferrovia para escoar os insumos.
Atualmente, a companhia já possui, em estoques, material suficiente para concluir os 100 km previstos para estarem prontos até o fim de 2023.
"Se eu quiser parar a fábrica hoje, eu paro e construo isso tudo só com estoque a gente já proveu, porque a gente acha que temos condições de, até dezembro, entregar esses 100 km", destaca Daher.
O executivo ainda detalha que cada trem sai de Salgueiro com vagões que somam um comprimento de 1.680 metros.
Novas contratações
Além dos dois lotes que estão com obras avançadas, também está no cronograma do projeto realizar a contratação para início das obras de outros quatro trechos ainda este ano.
Os lotes MVP 4, 5, 6 e 7 correspondem ao percurso entre Acopiara e Itapiúna, a 120km da Capital cearense.
Daher admite que esse planejamento está um pouco atrasado, tendo em vista que a contratação deveria ter acontecido ainda em março.
Por imbróglios na liberação de parte dos recursos que financiam o projeto, as intervenções ainda não iniciaram.
No entanto, o executivo pontua que é possível recuperar esse tempo perdido sem gerar alterações na previsão de entrega com trabalhos em três turnos. Para isso, entretanto, é necessária a liberação dos valores pendentes.
"Se trabalharmos em três turnos nesses primeiros meses de contratação, a gente recupera esse atraso e temos condições de, até o final de 2026, início de 2027, entregarmos até Pecém a primeira fase e colocar a ferrovia em operação até o Porto", avalia.