Apostas esportivas não são investimentos; e nunca serão

Escrito por
Alberto Pompeu falbertosneto@gmail.com
(Atualizado às 17:03, em 04 de Junho de 2025)
Legenda: Bets não são investimentos
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Nos últimos dias, o Brasil parou para ver a influenciadora Virgínia Fonseca sentada na bancada da CPI das Apostas Esportivas. Foi convocada não por ser criminosa, mas por representar o alcance que essas casas de aposta têm no Brasil.

E quando um nome com mais de 53 milhões de seguidores se associa a um aplicativo de apostas, o impacto vai muito além da publicidade: passa a influenciar diretamente o comportamento financeiro de milhões de brasileiros.

A internet embaralhou os limites entre o que é jogo, o que é aposta, o que é investimento e o que é ilusão. E é aí que mora o perigo.

Hoje, as apostas esportivas são vendidas como uma oportunidade de "ganhar dinheiro com estratégia". Eles não chamam mais de "jogo", agora é “trade esportivo”. Mudaram o nome, vestiram com termos técnicos, colocaram gráficos, porcentagens e até “gerenciamento de banca”.

Veja também

Só esqueceram de avisar uma coisa: isso não é investimento. É jogo. É aposta. É risco disfarçado de técnica.

E o que me preocupa não é quem aposta sabendo que está jogando — o problema é quem acha que está investindo.

Investimento gera patrimônio. Aposta gera ilusão

Investir é colocar seu dinheiro em algo que cresce com o tempo, que gera valor, que constrói uma base sólida para o seu futuro. Aposta é emoção, impulso, dopamina. É ganhar R$ 200 hoje e perder R$ 2.000 amanhã achando que "na próxima dá certo".

O mercado de apostas precisa disso: do vício. Porque o lucro das casas vem da sua perda.

Se fosse tão fácil como prometem, ninguém venderia curso. Estariam todos ricos e quietos. Mas a verdade é que lucrar com aposta é exceção, não regra. E vender esse risco como se fosse uma forma de enriquecer rápido é perigoso — especialmente para jovens que ainda estão formando sua relação com o dinheiro.

Por isso, deixo aqui um alerta, principalmente para os pais, educadores e influenciadores: o único escudo contra esse sistema sedutor e predatório é a educação financeira.

Educação financeira de verdade. Aquela que ensina que enriquecimento leva tempo, que mostra o poder dos juros compostos, que valoriza o trabalho e a disciplina. Que ensina a investir em ações, fundos imobiliários, renda fixa e ativos reais. Que liberta a mente da ilusão do dinheiro fácil.

Enquanto o brasileiro for educado por influenciadores de apostas, ele continuará perdendo. Mas quando ele for educado por princípios financeiros saudáveis, ele finalmente começará a ganhar. Não na sorte. Mas na vida.

>> Acesse nosso canal no Whatsapp e fique por dentro das principais notícias. 

Assuntos Relacionados