Dois milhões de pessoas ainda têm TV de tubo em casa no Ceará

Ao todo, 656 mil lares cearenses possuem o aparelho analógico no Estado, sendo 386 mil deles na Capital

Escrito por
Bruna Damasceno bruna.damasceno@svm.com.br
Personagem vendo TV
Legenda: No Ceará, 656 mil domicílios têm televisão de tubo, totalizando 2,05 milhões de pessoas morando em casas com esse tipo de aparelho
Foto: Thiago Gadelha / SVM

Numa casa antiga do bairro Pio XII, em Fortaleza, o rack de mogno sobre o piso de ladrilho avermelhado abriga — entre CDs, porta-retrato e um bibelô de cerâmica — uma televisão de tubo. A sala de estar da dona Maria Augusta Silva, 87, é um cenário nostálgico para muitos, mas também retrata a realidade de 2 milhões de pessoas que ainda moram em lares com esse tipo de TV, no Ceará.

Os dados são do Módulo de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, os números ainda são de 2021. 

Na Capital, o quantitativo de moradores em residências com televisão de tubo chega a 386 mil. Entre eles, está a dona Maria Augusta, citada acima.

Como os remédios e alimentos estão todos caros, não tenho condições de comprar a TV [de tela] fina. Então, fico com essa mesmo, mas uma vez por outra dá aquele ‘papoco’ e fica falhando a imagem”, relata. 
Dona de casa
Maria Augusta

“Por isso, agora, eu só uso a partir de 19 horas para assistir à missa e ao jornal. Não ligo mais durante o dia, porque tenho medo de quebrar”, completa. 

Idosa sentada na frente da TV
Legenda: A dona Maria Augusta Silva, de 87 anos, ainda assiste em uma TV de tubo
Foto: Thiago Gadelha / SVM

656 mil
No Ceará, 656 mil domicílios têm televisão de tubo, totalizando 2,05 milhões de pessoas morando em casas com esse tipo de aparelho.

Já a TV de tela fina está presente em 2,2 milhões de lares, no Estado, sendo 1,1 milhão deles em Fortaleza. São 7,04 milhões de moradores em residências com o modelo mais moderno no Estado. Em Fortaleza, são 3,5 milhões. 

Sinal digital para tv de tubo

No Brasil, não há mais a fabricação dessas televisões de tubo e nem é possível comprá-las em lojas de eletrodomésticos novos. A mudança do sinal a analógico pelo digital —  necessário após a chegada do 5G — pode levar muitas famílias a buscar por aparelhos mais modernos, mas parte da população de baixa renda ainda não consegue ter acesso ao produto.

Nesses casos, a nova parabólica digital, que vem substituindo a tradicional, também pode ser instalada para proporcionar variedade de canais e mais qualidade a essa versão, conforme explica o presidente da Siga Antenado, Leandro Guerra. 

Não é necessário trocar o aparelho de TV. Todos os modelos, dos mais antigos aos mais avançados, como de LCD e plasma, podem ser conectados ao receptor da nova parabólica digital”, afirma. 
Leandro Guerra
Presidente da Siga Antenado

A Siga Antenado, entidade sem fins lucrativos, criada por determinação da Anatel, atua na substituição das parabólicas tradicionais pelas novas para famílias de menor renda. 

No Ceará, aproximadamente 98 mil domicílios possuíam acesso à programação televisiva somente por meio de parabólica grande. Esse grupo precisa migrar a estrutura, já que o sinal analógico deve ser desligado em 2024.

Desde que iniciou a transição, em 2022, a Siga Antenado instalou 193 mil kits no Estado. 

Abaixo, leia um tira-dúvidas sobre o assunto. 

Quem precisa desativar a antena parabólica?

Famílias que moram em residências que utilizam a antena parabólica para receber o sinal de TV aberta precisarão trocá-la para a digital. 

Por que é preciso mudar?

A substituição é necessária porque, com a implementação da tecnologia 5G, é preciso evitar interferências. Assim, quem assiste TV aberta usando antena parabólica convencional terá que instalar novos equipamentos para continuar usufruindo da programação gratuita

Antenas digitais e de TV por assinatura precisarão ser substituídas?

Não. A necessidade de substituição é apenas para a antena parabólica convencional. Aquelas antenas internas (instaladas ao lado da TV) e externas (no telhado) já têm acesso à TV Digital e não será necessário fazer nada. O mesmo vale para as antenas de TV por assinatura. 

O que fazer para trocar?

Os consumidores que utilizam a antena parabólica convencional terão de comprar a digital. Os equipamentos são vendidos em lojas varejistas físicas e online. No mercado, são comercializados kits com a parabólica digital, conversores e cabos. 

Quem tem direito ao kit gratuito?

As famílias cadastradas no "CadÚnico" deverão receber kits gratuitos a serem instalados pela "Siga Antenado". Os critérios são:

  • Fazer parte de algum programa social do Governo Federal (inscrito no Cadastro Único);
  • Possuir uma antena parabólica tradicional; 

Como solicitar o kit gratuito?

As pessoas enquadradas nos critérios citados acima devem seguir o passo a passo:

  • Acesse o site do "Siga Antenado" neste link;
  • Insira o seu CPF;
  • Escolha o dia e o horário disponíveis para a instalação do kit. 
  • Se preferir falar por telefone, ligue para o número 0800 729 2404 (também funciona como WhatsApp). 

Como para saber se está cadastrado em algum programa social?

  • Acesse o site do Cadastro Único;
  • Preencha o formulário com seu nome completo, data de nascimento, o nome da mãe e selecione o estado e município onde mora.
  • Clique em “Emitir” para saber se está no cadastro ou não.

Qual a diferença da nova antena parabólica digital?

Segundo a entidade "Siga Antenado", a mudança trará benefícios aos consumidores, pois os novos aparelhos são mais modernos e têm uma transmissão de TV digital com mais qualidade de imagem e de som. 

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