De onde vem a fortuna da família Dias Branco, fundadora da maior fábrica de biscoitos do País

Herdeiros aparecem em quarto lugar na lista dos cearenses mais ricos, divulgada pela Forbes

Escrito por Paloma Vargas , paloma.vargas@svm.com.br
Moinho M. Dias Branco
Legenda: Moinho M. Dias Branco, na área portuária de Fortaleza, é símbolo do império da indústria de alimentos cearense
Foto: Divulgação

Que a empresa M. Dias Branco, maior fábrica de biscoitos e massas do país, é cearense, a grande maioria das pessoas já sabe. Mas de onde vem essa fortuna?

Em quarto lugar na lista dos cearenses mais ricos, divulgada pela Forbes no último dia 27 de agosto, os cinco irmãos (Maria das Graças, Francisco Ivens, Francisco Marcos, Francisco Cláudio e Maria Regina) são os herdeiros da companhia.

Filhos de Francisco Ivens de Sá Dias Branco (1934- 2016), eles possuem a fortuna estimada em R$ 3,48 bilhões, vinda das participações iguais na companhia, recebidas na morte do pai.

Atualmente, em sua cartela de produtos há 22 marcas e 18 unidades industriais divididas em sete moinhos de trigo, duas unidades de refino de óleos e produção de gorduras especiais e margarinas e nove indústrias para a produção de biscoitos, massas, torradas, pães e snacks.

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Tudo começou com um português que veio tentar a vida

Em um momento de crise, após a Primeira Guerra Mundial, o jovem português Manuel Dias Branco, de 22 anos, decidiu sair do seu país. A ideia era tentar a vida nos Estados Unidos, porém, como o pai tinha um amigo que morava em Niterói (RJ), acabou decidindo pelo Brasil.

Na viagem de navio que o traria até o Rio de Janeiro, ele conhece um empresário de Belém do Pará, do ramo de ferragens. A amizade lhe rendeu um convite de trabalho na gerência de uma loja, quando chegou em nosso país, em 2 de junho de 1926.

Por conta do clima tropical, a estada de Manuel em Belém não dura muito. Com uma forte gripe, o médico lhe sugeriu um tratamento na região serrana do Ceará, mais precisamente em Guaramiranga. Preocupado com sua saúde, ele vem para o Estado, mas acaba por se instalar na cidade de Cedro. 

O local era tido como polo comercial da época, por ter linhas ferroviárias cortando o território. Foi assim que Manuel se tornou corretor de algodão e iniciou o trabalho que lhe faria um dos homens mais ricos do Estado, anos depois. É neste mesmo período que se casa com a cearense de Senador Pompeu, Maria Vidal de Sá, com quem teve oito filhos, sendo que dois acabam falecendo, por nascerem prematuros.

Em uma década, desde que chegou ao Brasil, de uma loja de secos e molhados, em Cedro, ele foi para o ramo de tecidos e, mais tarde, abre a sua primeira panificadora. Para o novo negócio, Manuel acatou conselhos de um outro português, José Rodrigues Pinho, que o convenceu a entrar para o ramo de panificação. Foi a Padaria Portuguesa, que era uma padaria industrial, a primeira célula do que se tornaria o maior grupo de massas e biscoitos do Estado.

A chegada a Fortaleza

A vida no Interior estava difícil para a família Dias Branco e, em 1936, Manuel decide se mudar para Fortaleza, onde abriu a Padaria Imperial. Porém, não se desfez da primeira.

Na Capital, foi representante comercial de farinha e, com as coisas melhorando, chamou dois irmãos que moravam em Portugal, Orlando e José.

Com eles, tocava a representação comercial e as padarias, que ainda eram um negócio pequeno.

Porém, uma briga entre irmãos, em 1953, fez com que Manuel desfizesse a sociedade com Orlando e José.

É neste momento que o filho mais velho, Francisco Ivens, é convidado para ser sócio. Ao aceitar o convite do pai, o jovem inicia o processo de modernização e industrialização da fábrica de biscoitos e massas. 

Os 71 anos da Fábrica Fortaleza que multiplicaram o império 

O primeiro sucesso comercial da marca Fortaleza foi um biscoito do tipo "Maria", batizado de Pepita. Entre 1954 e 1960, pai e filho investiram em maquinário, fornos e moldes para ampliar a produção não só de biscoitos, como também para iniciar no ramo do macarrão.

Com a expansão dos negócios, a companhia se transformou na primeira empresa cearense a entrar na bolsa de valores brasileira. Manuel faleceu em 1995, já tendo deixado a liderança da empresa décadas antes.

Atualmente, o grupo M. Dias Branco está na sua terceira geração na sucessão familiar da presidência, como o neto do fundador, Ivens Dias Branco Jr.

Viúva deixa de figurar na lista da Forbes

Além disso, a viúva de Ivens (pai), Maria Consuelo Leão Dias Branco, chegou a ser a única mulher cearense a figurar, até 2023, no ranking de bilionários da revista Forbes.

Da última vez, com 89 anos, a empresária contabilizava a fortuna de US$ 1,2 bilhão - cerca de R$ 6,8 bilhões.

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