Com Transnordestina, Porto do Pecém vai dobrar movimentação e escoar 40 mi de toneladas por ano

Planejamento tem foco em 2035, mas estudos apontam que até final da concessão, 2057, expectativa é que só a ferrovia movimente 33 milhões de toneladas anualmente

Escrito por Paloma Vargas , paloma.vargas@svm.com.br
Com ferrovia pronta em 2027, escoamento de cargas no Porto do Pecém deve dobrar
Legenda: Com ferrovia pronta em 2027, escoamento de cargas no Porto do Pecém deve dobrar
Foto: Natinho Rodrigues

A Transnordestina vai dobrar a capacidade de escoamento de cargas do Porto do Pecém até 2035. As cerca de 20 milhões de toneladas, em média, carregadas atualmente por ano no terminal portuário devem chegar a  41 milhões.

A ferrovia, que terá um terminal próprio dentro da área do Complexo do Pecém, tem previsão de iniciar os trabalhos em 2027, e já na arrancada devem ser escoadas seis milhões de toneladas/ano.

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Até 2057, que é o tempo e concessão da Transnordestina, a expectativa apontada por estudos da empresa é de que sejam movimentadas pelo Terminal Portuário de Uso Privado da Nordeste Logística S.A (TUP Nelog), 33 milhões de toneladas de cargas entre grãos, minérios e cargas no geral (container).

Neste contexto e para que tudo ocorra dentro do previsto, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), acionista da Transnordestina, e controladora da Nordeste Logística S.A (Nelog) prevê que em 2024 estejam sendo fechados todos os projetos do terminal para que se tenha a licença de instalação. Assim, a construção inicia em 2025 e tem previsão de ficar pronta juntamente com a ferrovia.

"Trabalhamos com os mesmos prazos tanto para a ferrovia como para o terminal. Tudo interligado e funcionando em 2027." A informação é do diretor da Nordeste Logística S.A (Nelog), José Roberto Correia Serra.

Investimento escalonado de R$ 2 bi

Ele afirma que para o TUP Nelog o investimento total (que ocorrerá de forma escalonada) é de R$ 2 bilhões e deve ocorrer até 2035. Ao todo, serão 6 mil empregos diretos e indiretos na fase da construção, em uma área total de cerca de 835 mil metros quadrados.

O TUP Nelog tem previsão de ter quatro terminais destinados a grãos, minérios, fertilizantes e carga geral (container). Como a obra é feita em etapas, Serra comenta que primeiro serão feitos os armazéns dos terminais de grãos e minério e que a estrutura para fertilizantes ficará para ser realizada na segunda etapa.

Em funcionamento, o complexo de cargas privado deve empregar de 800 a mil pessoas de forma direta, podendo aumentar com empregos indiretos na área de manutenção, como exemplificou o diretor da Nelog.

Curiosidades sobre o escoamento de cargas

Serra explica que neste primeiro momento de operação da Transnordestina ainda deve ser pequeno o movimento de minérios, tanto na exportação como na importação. Diferente disso, os grãos devem dominar essa movimentação, principalmente vindos da região do Matopiba - que compreende os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

"Além disso, vale lembrar que nem tudo o que será transportado na Transnordestina terá como o destino o porto, já que teremos os pontos de integração regional, os terminais multimodais do eixo."

Ele ainda revela que no caso de combustíveis, o transporte de tancagem entre o Pecém e as regiões pelas quais a ferrovia passar, não acessarão o TUP Nelog. Já a Ferrovia Transnordestina Logística (FTL) empresa privada que explora a malha antiga de ferrovia que passa pelo Pecém, terá conexão com o novo terminal privado. "O TUP Nelog será integrado com as duas bitolas de trilhos para receber a FTL e a nova Transnordestina."

Ferrovia Transnordestina terá o seu próprio Terminal de Uso Privado, o TUP Nelog, dentro da área do Complexo do Pecém
Legenda: Ferrovia Transnordestina terá o seu próprio Terminal de Uso Privado, o TUP Nelog, dentro da área do Complexo do Pecém
Foto: Kid Júnior

Relação estreita como Complexo do Pecém

Quinzenalmente, representantes da Transnordestina e do Pecém se reúnem, conforme o diretor da Nelog, visando que todos os pontos sejam ajustados. "Conversamos sobre os berços e sobre a infraestrutura para que tudo seja interligado e funcione perfeitamente", lembrou.

O gerente Comercial de Negócios Portuários do Pecém, Raul Viana, afirma que o porto sempre teve uma vertente muito forte de movimentação de produtos agrícolas, não somente os puros, como também os de ligação com a produção, como fertilizantes. 

"Temos um carinho todo especial, por exemplo, pela safra de frutas, que escoamos, não só do Ceará, mas também de regiões como Vale do São Francisco, Petrolina, Juazeiro da Bahia, que são manga e uva dessas regiões e muito melão que é o nosso carro-chefe, dos estados do Rio Grande do Norte e Ceará. E o grande potencial que em breve vai virar realidade é a Transnordestina, que vai nos trazer os grãos, basicamente a soja e o milho."

Ele revela que atualmente, das cerca de 20 milhões de toneladas/ano movimentadas, pouco ainda é proveniente do agronegócio. Para se ter uma ideia, a movimentação de contêiner representa 20% da movimentação do porto todo e disso, uma pequena parte é agro, que são as safras de frutas. "Porém, com a ferrovia, são esperadas de 80 a 90% de representação de produção agrícola."

 

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