Ceará possui 122,9 mil km² aptos para produção de energia renovável
Com investimento do Governo do Estado, da Fiec e do Sebrae, o atlas eólico e solar atualizou dados para investidores do setor, indicando os potenciais de geração eólica e solar em todo o Estado, com 922GW disponíveis
O Ceará possui uma área de 122.986 km² (cerca de 83% do seu território) aptos para geração de energias renováveis, segundo indica o atlas eólico e solar divulgado, ontem, pelo Governo Estadual e a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). Elaborado quase 20 anos após o primeiro estudo, o atlas consolidou a capacidade produção energética considerando também os parques offshore (no mar), que aparecem como mercado viável.
A área apta a receber novos projetos ainda representa uma capacidade instalável de 992,46 gigawatts (GW), o que representa mais de duas vezes o suprimento atual de energia de todo o Brasil.
"Queremos fortalecer a relação do setor público e o setor produtivo com o único objetivo de ver o Ceará crescer e melhorar a economia. É assim que lançamos esse projeto em parceria com a Fiec, que é o atlas, o primeiro atlas híbrido do País, sobre a energia eólica e solar", declarou o governador Camilo Santana.
Além das informações de potencial, o atlas apresentado pelo Estado e pela Fiec contém informações sobre as áreas para o desenvolvimento de projetos específicos de geração de energia.
O estudo traz várias versões do mapa do Ceará e aponta as condições das regiões para a geração eólica e a solar. Um ponto de destaque indicado pelo presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, durante a apresentação, foi o caráter digital do projeto.
Disponível na internet, com um site próprio, e em um aplicativo para smartphones, o atlas conta com uma ferramenta de simulação que pode ser usada para que os empresários encontrem o maior potencial antes de consolidar um novo projeto no Estado.
Além disso, o atlas conta com um relatório com todas as informações técnicas, que ficarão disponíveis para o setor produtivo. Ao todo, o novo levantamento de potencial energético no Estado contou com um investimento de cerca de R$ 1,4 milhão, com um aporte de R$ 800 mil pelo Governo do Estado.
A Fiec e o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) colaboraram com o valor de R$ 300 mil cada.
Potencial
E os benefícios do novo altas eólico e solar já começaram a ser percebidos pelos empresários do setor. Benildo Aguiar, presidente do Sindicato das Indústrias de Energia e Serviços do Setor elétrico do Ceará (Sindienergia), apontou que, a partir do atlas, as empresas que decidirem fazer novos investimentos terão uma economia de tempo e dinheiro na elaboração dos projetos.
Ele ponderou que algumas empresas chegam a investir R$ 8 milhões em estudos de viabilidade para parques de tamanho médio. Essas pesquisas demoram até dois anos.
Benildo disse que os estudos ainda teriam de ser realizados, mas o atlas proporcionará aproveitamento muito superior de tempo e dinheiro investidos. "Você vai ter uma assertividade maior de onde investir. A outra vantagem é que essas informações já vêm dentro de uma outra realidade a nível de altura de torres eólicas, informativos voltados à parte de solar e o híbrido que hoje, inclusive, nós não temos uma regulamentação", disse Aguiar. "Nós temos a expectativa de que isso absorva muitos investidores novos", complementou o presidente do Sindienergia.
Benefícios
Para consolidar investimentos, o Estado deverá dar suporte, por meio de benefícios fiscais, para as empresas que decidirem instalar parques de geração de energia em áreas de solo degradado ou em processo de desertificação.
A informação foi destacada por Adão Linhares, secretário Executivo de Energia e Telecomunicações da Secretaria de Infraestrutura do Estado (Seinfra), que participou da primeira versão do atlas, em 2000 - na época somente com dados eólicos. Esses incentivos já estariam descritos na nova plataforma de desenvolvimento econômico do Ceará Veloz.
"Poderemos recuperar a economia dessas áreas com vários empregos", afirma apontando para áreas nas quais foram identificados processos de desertificação. De acordo com o secretário executivo, entre os benefícios previstos pelo programa Ceará Veloz está o reforço na rede elétrica que o Estado pode prover via a concessionária de energia.
Novas possibilidades
O presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), Eduardo Neves, já destaca que os proprietários de terrenos no Estado poderão conferir qual o potencial das terras e negociar com os investidores.
"Isso vai ampliar, democratizar a possibilidade de investimento nesse tipo de energia no Ceará. É um salto muito grande, um marco para as energias renováveis, o que nos dará a possibilidade de atrair mais investimentos", afirmou durante o lançamento do atlas.