Camilo avalia medidas mais duras de isolamento; lockdown é cogitado

Na companhia do prefeito de Fortaleza, o governador assegurou que vai prorrogar decreto de isolamento social e estuda aumentar rigor de medidas. Objetivo é garantir a segurança da rede de saúde, que opera perto do limite

Escrito por Samuel Quintela , samuel.quintela@svm.combr
Legenda: Fechamento de alguns negócios acontece desde 19 de março, data do primeiro decreto de isolamento social no Ceará
Foto: Foto: Natinho Rodrigues

As medidas de distanciamento social deverão ser endurecidas pelo Governo do Estado nos próximos dias. Além de anunciar que o decreto de isolamento - com prazo de vencimento no próximo dia 5 de maio - deverá ser prorrogado, o governador Camilo Santana afirmou, durante coletiva na última sexta-feira (1), que está considerando aplicar um lockdown. A iniciativa tem o objetivo de reduzir o ritmo da contaminação pelo novo coronavírus e garantir o atendimento da rede pública de saúde - a qual está próxima do limite, segundo ele.

O governador destacou que a perspectiva deverá ser adotada porque o nível de isolamento social nos municípios cearenses tem reduzido nos últimos dias, especialmente na Capital. E, com mais pessoas circulando nas ruas, a velocidade de propagação da Covid-19 tem aumentado consideravelmente, segundo relatórios da equipe da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).

Com o avanço da doença no Estado, Camilo teme que a rede pública de saúde entre em colapso, uma vez que o número de pessoas requisitando leitos de terapia intensiva (UTIs) não vem apresentando redução nos últimos dias. "A velocidade do número de casos tem sido maior do que a capacidade de atendermos as pessoas na Capital, então é importante, e fazemos um apelo à população, para respeitar o decreto de isolamento social", disse Camilo. "Com certeza faremos a prorrogação do decreto de isolamento social e estamos avaliando a necessidade de endurecermos as medidas aqui na Capital", completou.

Provocado, o chefe do Executivo estadual reconheceu que o lockdown é uma das médias que está sendo discutida pela equipe de saúde da Sesa. Ele ainda reiterou os esforços do Estado e da Prefeitura em aumentar o número de leitos para o atendimento dos casos de Covid-19. Ao todo, o Estado já criou mais de 400 leitos de UTI e 600 leitos de enfermaria durante a pandemia, mas deverá continuar essa trabalho.

Camilo confirmou que o Centro de Formação de Olímpica poderá ser usado para o atendimento dos casos menos graves e que Estado e Prefeitura estabeleceram a meta de criar mais 100 leitos de UTI na próxima semana.

Reabertura

O governador também destacou que não "é o momento de se flexibilizar" medidas de isolamento social ou de aplicar medidas de retomada da economia. Mais uma vez, reforçando o discurso mantido durante toda a pandemia, Camilo disse que todas as medidas tomadas pelo Estado serão baseadas no direcionamento dos especialistas da área da saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Qualquer tipo de flexibilização vai ter critérios estabelecidos, e isso está sendo definido aqui e no mundo todo. Mas o que eu posso afirmar agora é que esse não é o momento de se flexibilizar. É o momento de ampliarmos ainda mais as medidas restritivas tendo em vista os números que foram apresentados", afirmou Camilo.

Testes

Sobre os municípios no interior, o secretário de saúde, Carlos Roberto Martins, o Dr. Cabeto, disse que também não há perspectivas de flexibilizar as medidas de isolamento, uma vez que o número de casos de Covid-19 tem crescido em todo o Estado. Ele também apontou que, por ter estruturas menores de saúde, é preciso cautela com as medidas aplicadas em municípios no interior.

Para tentar ter um panorama melhor da situação durante a pandemia de coronavírus, Cabeto disse que, nas próximas semanas, Estado e Prefeitura de Fortaleza poderão anunciar um acordo com empresas para que seja montado um esquema de testes em drive-thru. O objetivo é garantir a segurança da população ao utilizar tecnologias relacionadas à robótica. "Está em fase final o ajuste com as empresas. Temos uma quantidade de testes pequena, mas temos nos esforçado para elevar esses números", afirmou.

Capital

O prefeito de Fortaleza também destacou os esforços para garantir o atendimento hospitalar, dizendo não é momento para se criar dilemas entre "uma coisa outra". O foco, segundo ele, deve ser salvar vidas. Roberto Cláudio aproveitou para mencionar os investimentos destinados ao combate ao coronavírus. Ele disse que a previsão, no início na pandemia, era que a Prefeitura gastaria R$ 190 milhões a mais no orçamento, mas que a nova projeção já passa dos R$ 200 milhões para garantir os leitos de atendimento hospitalar.

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