Nas últimas 48 horas o mundo se viu na iminência de uma nova guerra que pode tomar proporções mundiais. Em poucos dias Israel promoveu a invasão terrestre do Líbano e sofreu a retaliação de um ataque aéreo do Irã.
Se a escalada da tensão entre as duas nações preocupa pela escalada dos ataques promovidos por ambas as nações, outro impacto também deverá preocupar os investidores brasileiros: os resultados dos seus investimentos.
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O primeiro sinal de alerta veio com o salto nos preços do petróleo, que subiram como um foguete - 3,85% logo após os primeiros ataques. Para o Brasil, isso é como uma moeda de duas faces:
Por um lado, sendo um produtor significativo, o país pode colher frutos com o aumento das receitas de exportação. A Petrobras, gigante nacional do setor, viu suas ações ganharem um novo fôlego.
Por outro, um aumento nos preços dos combustíveis pode acabar pressionando a inflação brasileira para cima (e nós já passamos da meta para 2024).
A Bolsa de Valores brasileira, bastante sensível às oscilações do dólar e do petróleo, registrou sinais de alta volatilidade com o início do conflito. O dólar ganhou força frente ao real, um movimento típico em momentos de incerteza global, demonstrando que os investidores internacionais estão procurando um porto seguro em meio à tempestade.
Para o investidor brasileiro, este cenário apresenta um mapa com rotas diversas:
1. Oportunidades podem surgir em empresas exportadoras, que se beneficiam da alta do dólar como um vento favorável em suas velas.
2. Por outro lado, é preciso cautela com ações de empresas dependentes de importações, que podem ver seus custos subirem como um balão.
3. Investimentos em ativos considerados seguros ganham destaque adicional nestes tempos incertos.
Com um comércio bilateral significativo com Irã e Israel, totalizando US$ 4,3 bilhões em 2023, o Brasil pode enfrentar ventos contrários em suas relações comerciais. O setor agrícola, em particular, deve manter-se vigilante, já que o Irã é um importante comprador de grãos brasileiros.
O agro tem sofrido bastante em 2024 (com as tempestades, queimadas e agora o conflito). Todos esses impactos tendem a não favorecer a balança comercial brasileira – o que pode apertar ainda mais a já difícil recuperação da nossa economia no pós-pandemia.
O conflito ressalta, como um holofote, mais uma vez, a importância do Brasil investir em autosuficiência energética.
Seja através de investimentos do setor público e privado em energias renováveis, novas tecnologias de maior eficiência energética e infraestrutura para produção e distribuição de bio combustíveis, mais uma vez percebemos a necessidade do país se tornar independente nesse setor.
Em toda crise internacional envolvendo matrizes energéticas (como o petróleo), percebemos o mesmo movimento: alta dos combustíveis e uma pressão inflacionária maior na economia. Mesmo se participar de nenhuma forma do conflito, é bem provável que sofreremos reflexos financeiros do mesmo.
Tudo depende da sua estratégia.
Se você já faz o feijão com arroz que funciona, diversificando seus investimentos em várias classes de ativos como renda fixa, fundos imobiliários, ações e investimentos no exterior, não há muito mais o que fazer.
Talvez você sinta a volatilidade do mercado, principalmente dependendo dos próximos movimentos das duas nações envolvidas na guerra (e até a entrada de outras potências). Mas, se você fez o dever de casa e diversificou bem seus investimentos, deve passar sem maiores problemas por esse momento de turbulência.
No final das contas, mais uma vez a estratégia da diversificação nos 4 pilares dos investimentos se mostra uma excelente saída para passar com mais tranquilidade em momentos de crise.
Que esse conflito se resolva logo e possamos voltar à normalidade.