Busca por táxi volta a crescer com demora para conseguir corridas com apps

Já são em média 4.000 corridas diárias apenas por meio do app Sinditáxi. Taxistas justificam demanda pelo atendimento especializado

Escrito por Heloisa Vasconcelos , heloisa.vasconcelos@svm.com.br
Legenda: Preços de táxis em Fortaleza seguem tabela prestabelecida pela Prefeitura
Foto: José Leomar/Diário do Nordeste

A pandemia tem impulsionado a busca por transportes individuais. E, enquanto passageiros de aplicativos de transporte reclamam de falta de carros e tarifa dinâmica devido à alta demanda, taxistas registram um aumento no número de corridas. 

De acordo com o Sindicato dos Taxistas de Fortaleza (Sinditáxi), já são em média 4.000 corridas diárias apenas por meio do aplicativo do sindicato. Em 2020, sem contar períodos de lockdown, esse número girava em torno de 3.000. 

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O presidente do Sinditáxi, Francisco Moura, conta que são diários os relatos de clientes que resolveram migrar de aplicativos como Uber e 99 para o táxi. Ele considera que a previsibilidade dos preços e a qualidade no atendimento prestados são diferenciais que levam os usuários ao meio de transporte. 

O aumento na demanda vem sendo registrado desde o início de 2020, quando começou a pandemia. Hoje cerca de 7 mil taxistas estão vinculados ao sindicato em Fortaleza e região metropolitana – mil deles cadastrados também no aplicativo, que possibilita desconto nas viagens. 

Maior demanda por transporte individual 

Com a crise sanitária, quem teve condições preferiu optar por transportes individuais para evitar aglomerações. Isso impactou diretamente a venda de automóveis e também afetou a demanda nos aplicativos de transporte.  

Passado o período de isolamento social em 2020, a procura por corridas em aplicativos como Uber e 99 cresceu bruscamente. Isso levou a uma maior dificuldade de encontrar carros disponíveis, cancelamentos e aumentos de preço por meio da tarifa dinâmica. 

Os usuários estão tendo que esperar mais tempo por uma viagem porque, especialmente nos horários de pico, há momentos em que há mais solicitações do que motoristas parceiros disponíveis para atendê-las. Com esse desequilíbrio temporário do mercado, também podem ocorrer com mais frequência tanto cancelamentos pelo usuário (que não deseja esperar mais tempo pela viagem) quanto recusa de viagens pelo motorista (que, pelo cenário de demanda em alta, pode presumir que haverá novos chamados de maior ganho na sequência, por exemplo)
Uber

Também em nota, a 99 também relatou a mesma situação e reiterou que os motoristas parceiros são livres para atender qualquer corrida.  

“A empresa trabalha constantemente para equacionar a disponibilidade de motoristas parceiros e garantir um transporte acessível e seguro aos usuários”, acrescentou. 

Previsibilidade 

A possibilidade de prever a existência de carros e o preço pago por uma corrida foi uma das razões que levou a fonoaudióloga Kellen Mello, de 26 anos, a trocar os aplicativos de transporte pelo táxi praticamente desde o início da pandemia. 

Ela utiliza o meio de transporte de três a quatro vezes por semana para ir ao trabalho. Hoje ela gasta em média mensalmente R$ 400 para se locomover; na época que utilizava os aplicativos, ela calcula que o gasto era igual ou pouco mais baixo. A diferença, segundo a cliente, é o atendimento. 

Tem essa questão dos cancelamentos, motoristas que não aceitam, parecem que estão fazendo um favor. Quando você começa a pedir o táxi e anda com pessoas que são instruídas para atender você vê a diferença. O atendimento é primordial
Kellen Mello
fonoaudióloga e usuária de táxi

Kellen conta que não percebe uma demora para conseguir carros e já deixa as corridas agendadas sempre que possível. O preço, para ela, também não é um problema.  

“Eu não vejo uma diferença grande, meu percurso não é tão longe. No Uber era muito instável, uma hora era uma tarifa e outra hora outra. No táxi eu já tenho uma média de quanto eu vou gastar”, coloca. 

Segundo ela, outra vantagem é no tempo de trajeto. Como os táxis podem trafegar pela faixa de ônibus, ela destaca que a corrida é mais rápida em momentos de engarrafamento.  

Treinamento dos profissionais e qualidade dos carros 

Para o presidente do Sinditáxi, Francisco Moura, o principal diferencial do serviço dos taxistas é em relação à seleção e treinamento dos profissionais. 

“Para ser taxista se passa por um curso exigido pelo Contran, com direção defensiva, primeiros socorros, como atender o cliente... Tem que entregar certidões na Etufor, tem que ter na habilitação na função remunerada, uma série de exigências e documentos para adquirir a carteira padrão emitida pela prefeitura para ser habilitado a fazer o transporte de passageiros no táxi”, lista. 

Ele também chama atenção que, para rodar como taxista, é necessário ter um carro nos padrões definidos pela Prefeitura. O sindicato também orienta os associados a manterem sempre o veículo limpo e em boas condições para o passageiro. 

O envio de documentação básica e de CNH na função remunerada é necessário para o cadastro tanto na Uber como na 99. Em nota, a Uber destaca que tem buscado formas de atrair mais motoristas parceiros para atender a demanda. 

“A Uber tem reforçado campanhas de indicação, nas quais motoristas que já dirigem com a plataforma ganham uma recompensa quando novos parceiros indicados realizam certo número de viagens. Os critérios das promoções variam de cidade para cidade, mas cada indicação concluída pode resultar em recompensa de até R$ 1.000. Outra iniciativa é o programa Uber Mentores, em que motoristas que usam a plataforma há mais tempo compartilham suas dicas com quem está começando”, cita. 

Com relação aos carros, a Uber reforça que os veículos na modalidade UberX devem ter até 10 anos de fabricação ou conforme a regulamentação de cada localidade, 4 portas e 5 lugares e ar-condicionado. As condições são as mesmas para a 99. 

“Além disso, os motoristas parceiros e seus automóveis podem ser avaliados logo após uma corrida por cada um dos passageiros, com opções que vão desde a qualidade da direção até as condições do automóvel”, acrescenta a 99. 

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