Balança comercial do CE tem, em junho, primeiro superávit do ano

Exportações de empresas cearenses somaram US$ 148,01 milhões em junho, enquanto as importações totalizaram US$ 144,2 milhões - diferença de US$ 3,7 milhões. Comparado a igual período do ano passado, queda é de 16,5%

Escrito por Redação , negocios@svm.com.br
Legenda: Houve alta de 5,1% na média diária das exportações na comparação com o mesmo mês do ano passado.

Pela primeira vez em 2020, as exportações cearenses superaram o volume de importações no Estado. De acordo com dados do ComexStat - plataforma que reúne dados de comércio exterior do Ministério da Economia -, o envio de produtos do Ceará para o exterior totalizou US$ 148,01 milhões em junho, enquanto o volume de produtos importados chegou a US$ 144,2 milhões, um pequeno superávit, portanto, de US$ 3,7 milhões.

A gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ana Karina Frota, explica que mesmo diante da pandemia, alguns municípios apresentaram destaque nas exportações cearenses, a exemplo de Aquiraz e de Eusébio. "Por exemplo, o Município de Aquiraz apresentou crescimento de quase 14% nas exportações de castanha e Eusébio também cresceu na exportação de cera de carnaúba", detalha Ana Karina.

Em contrapartida, ela lembra que foram observadas quedas consideráveis em outros municípios relevantes dentro da pauta exportadora do Estado, a exemplo de São Gonçalo do Amarante, Caucaia e Sobral, que vivenciou o isolamento social rígido (lockdown) até a semana passada.

"Apesar de nós termos um registro habitual das exportações em São Gonçalo, houve queda na comparação com o ano passado. É um município que tem uma participação importante. Outros municípios com quedas consideráveis foram Caucaia, com 30%, e Sobral, com 36%, impacto do setor de calçados", diz. Os calçados têm a segunda maior participação entre os itens na pauta exportadora.

A gerente do Centro Internacional de Negócios da Fiec pontua ainda que o Estado apresentou uma forte baixa no volume de exportações para um dos principais parceiros comerciais do Ceará: os Estados Unidos. "Já chegamos a ter 48% de tudo que o Ceará vende sendo enviado para os Estados Unidos. Com a pandemia, o Estado reduziu em 27% as exportações para os EUA, então esse é um reflexo negativo", detalha.

Uma curiosidade, porém, é o crescimento no envio de produtos cearenses para o Canadá, de acordo com ela. "O Canadá apareceu recentemente nas estatísticas no que se refere a países-destino, com produtos à base de aço. Houve crescimento de mais de 250% no primeiro semestre de 2020", destaca Ana Karina.

'Previsão difícil'

A gerente do Centro Internacional de Negócios da Fiec pontua, porém, que apesar de o mês de junho apresentar uma perspectiva de recuperação das exportações, é muito cedo para afirmar que o desempenho positivo se manterá nos próximos meses. "E se nós analisarmos de forma singular o mês de junho de 2020 contra igual período de 2019, houve uma retração de 16%", lembra Ana Karina.

Com o resultado de junho deste ano, em 2020, o Ceará acumula US$ 950,8 milhões em volume de exportações, enquanto as importações somam US$ 1,2 bilhão - resultado que aponta um déficit de US$ 255 milhões. Na comparação com igual período de 2019, as importações cresceram 9,9%. O Ceará ocupa o 14º no ranking de exportações, considerando os estados brasileiros. Nas importações, o Estado está na 12ª posição.

Pauta exportadora

No ano, o ferro e o aço representam mais da metade de toda a comercialização de produtos ao mercado externo, somando US$ 524 milhões. Em seguida, aparecem os calçados, polainas e artefatos semelhantes (US$ 82,5 milhões); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (US$ 80,1 milhões); frutas; cascas de frutos cítricos e de melões (US$ 71,3 milhões) e gorduras e óleos animais ou vegetais, com US$ 29,7 milhões.

Nas importações do Estado, de janeiro a junho, se destacam os combustíveis minerais, óleos minerais e produtos da sua destilação (US$ 392,8 milhões); reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos (US$ 126,2 milhões); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (US$ 108,1 milhões); cereais (US$ 108,1 milhões) e produtos químicos orgânicos (US$74,9 milhões).

Perspectiva

Para Ana Karina Frota, o segundo semestre deve apresentar resultados melhores que o primeiro. Ela mantém, no entanto, a projeção feita durante a pandemia para as exportações cearenses em 2020, que devem encerrar o ano na marca de US$ 2 bilhões.

A cifra representa uma queda de 13% se considerado o resultado das exportações cearenses no ano passado, de US$ 2,3 bilhões. Antes da crise provocada pela pandemia do coronavírus, a expectativa era que o Ceará apresentasse resultados melhores nas exportações deste ano, chegando ao patamar de US$ 2,5 milhões, de acordo com ela.

Brasil

No País, as exportações somaram US$ 101,7 bilhões no primeiro semestre (7,1% ante igual período de 2019), enquanto as importações totalizaram US$ 79,3 milhões (-5,2%). Houve superávit de 22,3 milhões no período.

Somente em junho, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 7,463 bilhões, o maior saldo comercial para meses de junho de toda a série histórica, iniciada em 1989, e o segundo melhor resultado considerando todos os meses. Em relação a junho de 2019, houve um aumento de 38,8% no saldo comercial.

Os principais destinos das exportações brasileiras são China, Estados Unidos, Holanda e Argentina. Quanto às importações, os principais parceiros comerciais são China, EUA, Alemanha e Argentina.

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