Após redução de 40% no preço, classe C lidera busca por instalação de energia solar em residências

Para quem tem uma conta de luz de R$ 400, investimento seria em torno de R$ 10 mil para o compra do kit; média de custo dos projetos financiados pelo BNB é de R$ 30 mil

Escrito por Paloma Vargas , paloma.vargas@svm.com.br
Operário instalando placa de energia solar
Legenda: Para uma conta de R$ 400 reais é necessário um investimento de aproximadamente R$ 10 mil
Foto: Honório Barbosa / Diário do Nordeste

Com a conta de energia elétrica abocanhando cada vez mais as rendas, principalmente das famílias mais pobres, o consumidor se viu obrigado a buscar alternativas para descomprometer seu salário com esse serviço básico. Uma das formas encontradas foi o financiamento de sistemas fotovoltaicos para residências, chamados popularmente de kits de energia. Para quem tem uma conta de luz de R$ 400, investimento seria em torno de R$ 10 mil para o compra do kit, mas a média de custo dos projetos financiados pelo BNB é de R$ 30 mil.

Segundo o mapeamento da plataforma Meu Financiamento Solar, especializada em financiamento para projetos fotovoltaicos, são os consumidores da classe C os que mais estão buscando esse serviço. Ao todo, no primeiro trimestre deste ano, eles representaram 45% do total de pedidos de crédito para instalação de painéis solares nos telhados. 

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Ainda segundo esse levantamento, a busca por financiamento nessa classe de consumo cresceu quatro pontos percentuais entre janeiro e março deste ano em comparação com o primeiro trimestre de 2023, quando representava 41%.   

Como consequência, os pedidos de financiamento na plataforma das classes com maior poder aquisitivo caíram entre um ano e outro: em 2023, 37% eram da classe B, enquanto apenas 10% eram da classe A, e neste período de 2024, 35% são da classe B e apenas 9% da classe A.

Esse cenário demonstra claramente a popularização e a atratividade da tecnologia fotovoltaica para todos os perfis de consumidores, beneficiando sobretudo os consumidores com menor poder aquisitivo, cuja conta de luz representa um enorme peso no orçamento familiar”.
Carolina Reis
diretora do Meu Financiamento Solar

Além disso, as quedas da taxa Selic desde a metade do ano passado e a redução em torno de 40% no preço dos kits solares no último ano, também contribuíram para esse aquecimento no mercado.

Para se ter uma ideia do quão mais acessível está se tornando essa tecnologia para a população, conforme o diretor da Sunplena Energia, Lucas Melo, para quem tem uma conta de luz de cerca de R$ 400 reais, seria necessária a instalação de 5 placas solares, o que atualmente representa um investimento de cerca de R$10 mil.

Conta caiu de R$ 700 para R$ 240 com a instalação do kit financiado

Marcon Cléber Ferreira Coelho, 33 anos, analista contábil, tinha uma conta de energia que girava em torno de R$ 700. Com a instalação do kit de energia solar o valor baixou para uma média de R$ 240. Com apenas três pessoas em casa, o morador de Itaitinga sentia frequentemente o aumento do valor da conta de energia pesando no orçamento.

placa de energia solar no telhado de uma casa
Legenda: Equipamento fabricando na sua maioria na China tem ficado mais barato, o que possibilita a aquisição por pessoas de renda menor
Foto: Natinho Rodrigues/ Diário do Nordeste

A mãe de Marcon é empreendedora do ramo de confecção e o uso de máquinas de costura um pouco mais potentes acabavam consumindo mais energia. Agora, ele lembra que paga apenas um residual, além da taxa de iluminação pública e o ICMS.

O analista lembra que a família recebeu algumas visitas de consultores para falar sobre energia solar e as formas que poderiam conseguir financiamento para adquirir as placas solares. Com isso, eles realizaram pesquisas sobre qual seria o melhor caminho, a melhor instituição financeira, para fazer esse financiamento com as melhores taxas, cabendo no bolso as parcelas e fizessem frente ao valor da fatura mensal de energia elétrica.

Mas a maioria das vezes que pesquisávamos as taxas eram muito altas e não compensavam o valor do financiamento para o valor que já pagávamos todo o mês. Até um consultor apresentar uma parceria que a empresa dele tinha com o Banco do Nordeste e avaliarmos que as taxas eram as melhores para a nossa realidade".
Marcon Coelho
analista contábil

O valor financiado por Marcon e sua família foi de R$ 33 mil, dividido em 58 prestações para que fizesse sentido e coubesse no bolso. O projeto acabou englobando mais dois pontos, que são casa do irmão e uma casa que a família tem no interior do estado.

"Nas placas solares conseguimos fazer o rateio do que a gente produziu no mês para os demais pontos. Então, a análise que foi feita levando em conta esses três pontos, que são aqui em casa, a casa do meu irmão (onde moram duas pessoas) e um ponto que fica em uma casa que a gente tem no interior".

Desde a instalação do kit, em fevereiro deste ano, a família já notou a diferença e ficou muito satisfeita por ter feito essa escolha. 

"A gente fez a matemática básica de quanto que se pagava de faturas e quanto que está pagando ainda de faturas e mais o valor do financiamento e sim, já está sendo compensado o valor e nossa expectativa futura é de que quando a gente conseguir finalizar o pagamento do financiamento vamos pagar somente as tarifas obrigatórias".

Se tornando realidade no bairro

Assim como a família de Marcon, ele conta que no bairro onde mora, o Parque Dom Pedro, em Itaitinga, região metropolitana de Fortaleza, muitas pessoas são empreendedoras em casa e que muitos telhados estão recebendo placas solares. "Aqui existem várias costureiras e passando pelas ruas a gente já vê que tem muitos painéis solares nos tetos das casas. Tenho amigos e colegas que conseguiram financiar também e estão bem satisfeitos", comenta.

A analista contábil recomendou que mais famílias busquem se informar por que é possível reduzir o valor das contas de energia com financiamentos que cabem no bolso.

A gente super recomenda e está muito satisfeito, tanto com o uso da energia solar, como também ficamos satisfeitos com a agilidade e simplicidade que foi fazer o financiamento".
Marcon Coelho
analista contábil

BNB já financiou R$ 11,84 milhões no Ceará em 2024

No Ceará, apenas em 2024, para pessoa física, o Banco do Nordeste (BNB) já financiou R$ 11,84 milhões em 424 operações. O ticket médio dos financiamentos no estado são de R$ 30 mil. Em toda a sua área de atuação, até junho deste ano, o BNB realizou 3.217 operações, com um valor total de R$ 83,85 milhões. Já no ano passado inteiro, foram R$ 153,6 milhões em 4.983 operações.

painel de energia solar em telhado
Legenda: Especialistas afirmam que custo do equipamento é facilmente pago com valor que baixa da conta de energia
Foto: Natinho Rodrigues/Diário do Nordeste

A taxa de juros aplicada para esse tipo de operação pelo BNB é a partir de 0,56% ao mês, para quem tem renda de até R$ 50 mil/ano. Conforme dados do banco, somente no Ceará, nos últimos cinco anos, foram financiados mais de R$ 97,7 milhões com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) Sol para residências, em 2,9 mil operações. Por utilizar recursos do FNE a aquisição é com baixa taxa de juros e prazos de pagamento facilitados.

O BNB explica que o principal parâmetro utilizado para enquadrar nas classes sociais, como a classe C, é a renda do tomador do crédito declarada via Imposto de Renda. Os interessados podem acessar o crédito através das agências físicas e digitais e solicitações através do site do banco.

Veja alguns critérios:

  • Idade superior a 18 anos;
  • Declarar imposto de renda (qualquer valor, mesmo que seja isento);
  • Garantias: Avalista com patrimônio e Renda (pode ser cônjuge ou parentes de 1º Grau) e/ou alienação do equipamento;
  • Apresentar o projeto solar feito por empresa especializada na área;
  • Dimensionamento: de acordo com o consumo (conta de energia).
  • Prazo: até 96 meses incluído 6 meses de carência para instalação do sistema fotovoltaico.

Até quanto pode ser o valor financiado?

  • Até R$ 100 mil com garantias fidejussórias (Aval e Fiança) e 
  • Qualquer valor com garantias reais, podendo o próprio sistema fotovoltaico subsidiar parte da garantia oferecida.

Fortaleza é a sexta maior produção de energia solar no país

O mais recente levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), divulgado na última semana, coloca Fortaleza como a sexta cidade do país com maior produção de energia solar, com 227 megawatts de potência instalada. No Nordeste, a capital cearense fica atrás apenas de Teresina (PI).

O diretor da Sunplena Energia, Lucas Melo, avalia o cenário no estado como promissor. Ele destaca que a baixa dos preços está ligada ao excedente de produção dos materiais dos insumos do kit solar, que em sua maioria vêm da Ásia.

Isso está fazendo com que as empresas comercializem os produtos a preços menores, especialmente os painéis solares e o inversor".
Lucas Melo
diretor Sunplena Energia

Melo comenta que esse mercado vem em constante crescimento nos últimos dois anos e meio e que o maior acesso ao crédito para a aquisição do sistema fotovoltaico também é fator determinante para a sua popularização. "Além dessa maior oferta, a população tem enxergado que a energia solar proporciona maior conforto e economia para a família. Se você colocar na ponta do lápis, o abatimento na fatura de energia já paga o financiamento".

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