Após alta da Selic, atrasar imposto de renda pode aumentar restituição; entenda

Entrega das declarações iniciaram em 17 de março e vão até segue até o próximo dia 30 de maio, às 23h59

Escrito por
Paloma Vargas paloma.vargas@svm.com.br
(Atualizado às 10:22)
Imagem com uma calculadora, um cofre de porquinho rosa e a logo da Receita Federal, simbolizando finanças e impostos
Legenda: Alta da Selic impacta no valor das restituições do imposto de renda para quem receber a partir do segundo lote
Foto: Shutterstock

A Receita Federal iniciou em março o recebimento da declaração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) 2025, ano-calendário 2024. No mesmo período, o Banco Central elevou a Selic a 14,25% ao ano — maior patamar desde outubro de 2016. Você pode estar se perguntando: o que um fato tem a ver com o outro? Se você tem restituição a receber ou imposto a pagar, tem tudo a ver, já que a taxa básica de juros é usada para corrigir esses valores.

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Para ter ideia de como a Selic impacta na vida do contribuinte, no ano passado, quase 60% das declarações tinham restituição a receber, enquanto 21% possuíam imposto a pagar. Em tempos de juros altos, deixar para entregar a declaração no último prazo pode render alguns reais a mais no bolso na hora de restituir.

Wandemberg Almeida, presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE) confirma que quem deixa para entregar no final do prazo, terá uma restituição maior. “Então, quem tem imposto a restituir, vale a pena deixar para declarar no final do prazo para poder ser restituído com as correções devidas”.

Porém, ele reforça que se a pessoa está precisando receber esse recurso mais rapidamente, é melhor declarar logo, para poder já entrar na fila de restituição e receber o mais rápido possível, depois da lista de prioridades. Além disso, para receber mais rapidamente, é importante escolher receber a restituição por meio do Pix, mas este tem que ter como a chave o CPF.

Como funciona o rendimento?

O contador e professor de Ciências Contábeis na Unifor, Levy Guedes, explica rapidamente que “quem for receber a restituição a partir do segundo lote (último dia útil de junho), terá seu valor restituído acrescido da Selic”.

Porém, ele comenta que a taxa de correção não usa os 14,25% amplamente divulgados. Esse índice é o anual da Selic e a correção é feita com o mensal. Por exemplo, a Selic mensal está atualmente em 0,93%. De qualquer forma, o dinheiro pode ficar rendendo até quatro meses, com todo o índice da Selic daquele mês vigente. Assim, acaba se tornando um bom investimento, por ser sem riscos.  

Veja a aplicação simulada da correção da restituição pela Selic*

Segundo a Receita Federal, a restituição média paga aos 22,6 milhões de contribuintes com direito à restituição em 2024 foi de R$ 1.482. Para ter uma ideia do quanto a Selic pode impactar nos valores, o Diário do Nordeste simulou uma restituição de R$ 1,5 mil, rendendo com taxa de 0,93% (praticada neste mês). 

Valor da restituição R$ 1,5 mil

  • Mês 1 (recebendo no segundo lote - junho): R$ 1.513,95
  • Mês 2 (recebendo no terceiro lote - julho): R$ 1.528,02
  • Mês 3 (recebendo no quarto lote - agosto): R$ 1.542,23
  • Mês 4: (recebendo no quinto lote - setembro): R$ 1.556,57

*usando como referência a taxa mensal de março de 2025 de 0,93%

Cuidado com o prazo de entrega é crucial para ficar de bem com o leão

O contador lembra, porém, ser prudente sugerir ao contribuinte para não deixar para entregar nos últimos dias. “Uma vez que imprevistos podem acontecer, se a pessoa não entregar dentro do prazo, terá multa pelo atraso.” A entrega da declaração segue até o próximo dia 30 de maio, às 23h59.

Quem tem que pagar também pode ser impactado por taxa de juros alta

Quanto ao pagamento de imposto devido, para não ter taxas incidentes, este deverá ser feito em quota única até o último dia útil de maio. 

“Mas, caso o contribuinte deseje parcelar em até oito vezes, da segunda parcela em diante serão acrescidas as correções também”, explica Guedes.

Dicas para quem faz a sua própria declaração

O contador Levy Guedes reforça a importância do contribuinte não confiar 100% na declaração pré-preenchida. Isso porque instituições podem informar dados errados e, o contribuinte não conferindo, ele acaba concordando com aquilo e pode, até mesmo, cair na malha fina.

“É importante sempre que o contribuinte tenha os documentos comprobatórios para conferir as informações da pré-preenchida e transmita seu imposto de renda com segurança”.

Não tente ‘passar a perna’ no leão

O presidente do Corecon-CE, Wandemberg Almeida, ressalta que o contribuinte precisa estar atento aos prazos estipulados para as notas fiscais, utilizando somente as que são do exercício de 2024. Além disso, que não tente incluir gastos ou dívidas inexistentes, lembrando que tudo está sendo monitorado via CPF.

“Não invente de tentar enganar, porque a Receita (federal) cruza esses dados. Então, nada de querer comprar nota fiscal, nada de querer comprar recibo. Não caia nessa ladainha, que algumas pessoas usavam antigamente, de comprar recibos e notas fiscais, porque a receita está cada vez mais de olho. Tanto que já fornece uma declaração pré-preenchida porque já sabe o que você fez no decorrer do ano. É importante que você seja o mais fidedigno possível e tenha uma melhor relação”, reforça.

Buscando por ajuda para fazer o IR 2025?

Vale lembrar que muitas instituições de ensino possuem uma parceria junto a Receita Federal que é o Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal (NAF), no qual os contribuintes podem fazer sua declaração de forma gratuita, mediante agendamento. 

Na Unifor, esse tipo de serviço pode ser agendado pelos telefones (85) 3477-3192 e (85) 3477-3193.

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