Rio. A Petrobras recebeu, ontem (4), o aval do ministro da Fazenda, Guido Mantega, presidente do Conselho de Administração da empresa, para reajustar os combustíveis, informou uma pessoa próxima à alta administração da empresa. Em reunião com os conselheiros, ao longo do dia, Mantega pediu à empresa, no entanto, que o valor não fosse divulgado neste terça.
Ontem à noite, contudo, a Petrobras divulgou um comunicado ao mercado em que diz que "até o momento, não há decisão quanto a reajuste no preço de gasolina e do diesel". O comunicado foi encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), após o encerramento da reunião do conselho de administração da companhia, que durou cerca de nove horas.
Um novo encontro foi marcado para o próximo dia 14, quando, além do reajuste, é também esperada a divulgação do balanço financeiro da estatal no terceiro trimestre.
Projeções
A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, fez uma apresentação aos conselheiros, em reunião em Brasília, em que mostrava projeções com o percentual de 8%, de reajuste.
Este percentual dificilmente será empregado, e o esperado é que o reajuste seja de 5%. O número não foi fechado na reunião. A decisão final ficará na mão da diretoria.
Quando concedido, será o primeiro reajuste concedido desde 29 de novembro de 2013.
Ontem, ao deixar o prédio onde a reunião foi realizada do Conselho de Administradores da estatal, Graça Foster evitou falar sobre o que foi decidido durante o encontro, afirmando apenas que "reajuste de combustível não se anuncia, pratica-se".
Pelo estatuto da Petrobras, a decisão pelo reajuste dos combustíveis é da diretoria executiva da empresa, liderada pela presidente Maria das Graças Foster.
Na prática, porém, o aumento é negociado junto ao governo, uma vez que a concessão do aumenta traz impactos inflacionários e depois a proposta é apresentada aos conselheiros.
A União controla a Petrobras e, nessa condição, nomeia sete dos dez conselheiros. Como depende do aval do governo, a Petrobras não reajusta imediatamente os combustíveis conforme as oscilações do mercado internacional.
Nos últimos quatro anos, as perdas para a Petrobras com a política de não reajuste imediato dos combustíveis é calculada em R$ 60 bilhões, segundo a corretora Gradual.
Preços
Neste ano, os combustíveis no Brasil permaneceram a maior parte do tempo com preço abaixo da cotação internacional, chegando, em alguns casos, a uma defasagem de aproximadamente 20%.
Com a queda no preço mundial do petróleo, da faixa de US$ 100 para US$ 85 o barril, no último mês, a perda diária da Petrobras praticamente deixou de existir.
Até a semana passada, último dado disponível, a gasolina estava 1% mais cara no Brasil do que no exterior. Já o diesel tinha defasagem de 4,5%.
Apesar da menor defasagem, analistas dizem que o reajuste é necessário para recompor parcialmente as perdas de caixa dos últimos anos.