Entre os segmentos econômicos, o comércio foi o que apresentou maior contribuição para o saldo negativo de vagas no Estado no primeiro trimestre. O setor cortou 4.202 postos de trabalho neste início de ano. O saldo é o resultado da admissão de 20.851 profissionais contra 25.053 demissões.
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A explicação vem do desligamento dos contratados temporariamente para o fim de ano, segundo lideranças do setor. “As vagas temporárias, ao mesmo tempo que impactam positivamente em outubro e novembro, refletem negativamente no início do ano, porque não são definitivas”, afirma o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Ceará (FCDL-CE), Freitas Cordeiro.
Ele ainda ressalta que, em média, somente 25% dos temporários são efetivados. “A contratação de um temporário como efetivo pela qualidade do trabalho às vezes resulta na dispensa de alguém que está lá dentro. Por isso o saldo ainda fica negativo, mesmo tendo havido contrações”, explica Freitas.
Para o coordenador de Estudo e Análise de Mercado de Trabalho do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Erle Mesquita, o corte de vagas no Ceará foi uma tendência generalizada em praticamente todos os segmentos.
Construção Civil
A perda de postos de trabalho no Estado durante o período também foi puxada pelo setor de construção civil. Entre janeiro e março, o setor fechou 3.684 vagas de emprego, resultado de 9.069 admissões contra 12.753 demissões.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro, revela que o atraso nos repasses do Governo para o Minha Casa, Minha Vida (MCMV) tem prejudicado as construtoras.
“Desde janeiro, não recebemos nada e a manutenção desses empregos ficou insuportável. A promessa é de regularização, mas caso não seja feito o repasse até o final do mês, mais 2 ou 3 mil pessoas devem perder o emprego”, alerta.
“Nós sabemos que aquelas pessoas só têm aquilo. Mas não temos alternativa. As construtoras do Minha Casa, Minha Vida são predominantemente de pequeno e médio porte. Elas colocam investimento para a obra andar e depois, o Governo paga. Se não há repasse, a construtora não vai querer mais investir. E as vezes nem tem mais recurso disponível”, acrescenta.
Montenegro contabiliza que, atualmente, cerca de 12 mil unidades habitacionais estejam sendo construídas no Estado e dependem dos repasses para a conclusão.