2G e 3G ainda existem? Veja quais são as utilidades dessas redes

Segundo a Anatel, em setembro deste ano, o Ceará registrou 1,8 milhão de acessos ao 2G e 3G

Escrito por Carolina Mesquita ,
Legenda: Além de impedir o acesso à rede móvel de parte da população, a desativação do 2G e 3G poderia afetar alguns serviços que ainda utilizam essas bandas para operar.
Foto: Thiago Gadelha / SVM

O 5G chegou em Fortaleza em 5 de setembro e vem se expandindo pelos bairros desde então. A tecnologia também já está presente em todas as 27 capitais brasileiras desde o início de outubro. Com a disponibilização da quinta geração de redes móveis, você sabe o que aconteceu com as velocidades anteriores?

Ao contrário do que pode imaginar a maioria das pessoas, o 2G e o 3G permanecem funcionando no Ceará e no restante do Brasil.

Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em setembro deste ano, dado mais recente disponível, o Estado ainda registrou 1,8 milhão de acessos às redes mencionadas, sendo 899 mil ao 2G e 943,9 mil ao 3G.

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O gerente Regional da Anatel nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, Gilberto Studart, explica que não há previsão ou determinação da própria agência para a descontinuidade dessas tecnologias, de forma que fica a cargo das próprias operadoras a decisão de manter ou não o serviço.

Ele pontua que, como não é possível obrigar que os usuários troquem os aparelhos para novos que comportem redes mais rápidas e novas. Tendo isso em vista, e que os equipamentos já estão operantes, o executivo explica que o que tem acontecido é a manutenção das redes.

As empresas fazem a gestão. Em cada estação, eles identificam os equipamentos que estão tentando se conectar e criam uma base de dados. Por exemplo, se em um bairro específico tem três pessoas que ainda se conectam com 3G, eles não desligam, mantém os transmissores antigos"
Gilberto Studart
Gerente Regional da Anatel nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí

Studart ainda indica que esses equipamentos praticamente não requerem manutenção, outro fator que contribui para essa continuidade.

Por outro lado, o professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e coordenador do Laboratório Huawei, Moacyr Regys, pontua que a operação das redes mais lentas consomem muita energia, gerando um alto custo operacional para as operadoras em relação às gerações mais novas de internet.

Tendo isso em vista, Regys argumenta que seria, sim, de interesse das empresas de telecomunicações realizar a descontinuação. Os planos, no entanto, ainda não foram anunciados oficialmente por nenhuma companhia.

"O inconveniente é que aparelhos mais antigos não vão ter mais acesso à rede móvel quanto a desativação do 2G e 3G acontecer. Hoje, cerca de 10% a 12% dos usuários ainda permanecem nessas faixas, ou seja, a migração para novas tecnologias está sendo natural", ressalta.

Serviços que usam o 2G e 3G

Além de impedir o acesso à rede móvel de parte da população, a desativação do 2G e 3G poderia afetar alguns serviços que ainda utilizam essas bandas para operar. É o caso do rastreamento veicular e de parte das máquinas de pagamento.

O gerente regional da Anatel, Gilberto Studart, esclarece que isso ainda acontece por essas atividades requererem um volume de dados muito pequeno.

No âmbito dos consumidores finais, o executivo pontua que as operadoras fazem campanhas de incentivo que promovem a modernização e a troca de aparelhos antigos por novos que suportem as novas tecnologias disponibilizando preços e condições de pagamento mais vantajosas aos clientes.

O que dizem as operadoras

As operadoras de telefonia que fornecem o serviço de rede móvel no Estado foram procuradas pela reportagem sobre a manutenção e utilidade do 2G e 3G.

Por meio de nota, a Tim informou que as redes "continuam ativas e reforça que qualquer plano de desativação passa pela migração dos usuários para as novas tecnologias, visto que o compromisso da companhia é melhorar a experiência do cliente". Em Fortaleza, a operadora estima que 13% da base de clientes ainda trafegam no 2G e 3G. A Tim ainda ressalta que a tecnologia 4G está presente em todos os municípios cearenses desde o final de 2021.

A operadora detalha que "com a tendência da queda no tráfego e evolução dos smartphones para tecnologias mais recentes, parte do espectro de frequências das redes 2G e 3G ociosas foi utilizada para ampliação das redes 4G". A companhia também ressalta que é líder no número de antenas 5G instaladas no País, sendo responsável por 3 mil do total de 6 mil estações em todo território nacional.

A Vivo ressaltou que também mantém as redes 2G e 3G "para atender os clientes (B2C e B2B) que ainda possuem dispositivos que não suportem 4G e 5G". Além disso, a empresa destaca que "desde o final no ano passado, a Vivo começou a oferecer o 5G" e que "mantém o compromisso de levar à população brasileira as melhores opções de conectividade, com fibra e 5G, além da contínua expansão do 4G e 4,5G".

A Claro limitou-se a dizer que "mantém ativas todas as gerações de telefonia em Fortaleza, inclusive o 5G". Já a Oi esclareceu que "desde o mês de abril de 2022 não está mais atuando no segmento de telefonia móvel".

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