Justiça proíbe Léo Lins de deixar São Paulo por mais de 10 dias
Ordem é parte da mesma decisão que determinou a retirada do YouTube de vídeo em que o humorista faz piadas preconceituosas com minorias
Envolvido em polêmicas após contar piadas preconceituosas em seus shows, o humorista Léo Lins está proibido de deixar a cidade de São Paulo, onde vive, por mais de 10 dias, conforme informações do Metrópoles.
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A decisão judicial atende a um pedido do Ministério Público de São Paulo e também determinou a remoção de um especial de Lins do YouTube. No vídeo, segundo a decisão judicial, o humorista tece “comentários odiosos, preconceituosos e discriminatórios contra minorias e grupos vulneráveis”.
A Justiça também determinou que o humorista está proibido de transmitir ou divulgar qualquer material com conteúdo depreciativo, ou humilhante envolvendo minorias. Além disso, deverá comparecer mensalmente em juízo para “informar e justificar suas atividades”.
A multa em caso de descumprimento das medidas é de R$ 10 mil por dia.
Léo Lins se pronuncia
Em nota enviada ao Metrópoles, a equipe de Léo Lins informou que o humorista considera a decisão uma “censura”. “O show não violou nenhuma norma do YouTube, estava inclusive monetizado. Mas o Ministério Público passou por cima da plataforma e considerou o show um ato criminoso.”
No comunicado, Lins afirmou que vai aguardar o julgamento e espera “não ser preso”. Sobre as medidas que será obrigado a cumprir, disse: “Preciso ir uma vez por mês prestar esclarecimentos das minhas atividades para uma autoridade. Mas já adianto aqui o que eu faço: escrevo piadas, vou na academia, assisto filmes e séries e cuido dos meus gatos”.
O advogado de Léo Lins, Rodrigo Barrouin, informou que prepara as medidas cabíveis junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo.
Conteúdo sobre minorias
No especial, Léo Lins faz piadas sobre pessoas com deficiência, idosos, religiões e escravidão, entre outras. O vídeo retirado do ar contava com mais 3,3 milhões de visualizações e citava um "ranking de privilégios" na sociedade.
Em um dos trechos, o humorista cita o que seria o ranking, criado por ele como uma espécie de piada para o show em stand-up:
"Na base, está o velho. Em cima, está o nordestino pobre. Depois dele, está a mulher grávida, que tem assento especial. Em cima dela, está o gordo que também já tem assento especial. O gordo é uma grávida que se autoengravidou. (...) Em cima do gordo, está o deficiente que tem assento, não pega fila. A prova disso é que um velho nordestino, gordo e deficiente virou presidente", declara no vídeo.
Na decisão judicial, a juíza Gina Fonseca Correa disse que as falas do comediante estariam reproduzindo discursos e posicionamentos repudiados atualmente. Ela ainda citou que o humorista abordou temas como minorias, perseguição religiosa, escravidão e pessoas com deficiência.