Comércio lidera fechamento de postos de trabalho no CE no 1º trimestre
Setor cortou 4.202 postos de trabalho nos três primeiros meses de 2019, impulsionado pelo desligamento de temporários contratados para o período de fim de ano. Em março, construção civil puxou saldo negativo
Entre os segmentos econômicos, o comércio foi o que apresentou maior contribuição para o saldo negativo de vagas no Estado no primeiro trimestre. O setor cortou 4.202 postos de trabalho neste início de ano. O saldo é o resultado da admissão de 20.851 profissionais contra 25.053 demissões.
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A explicação vem do desligamento dos contratados temporariamente para o fim de ano, segundo lideranças do setor. “As vagas temporárias, ao mesmo tempo que impactam positivamente em outubro e novembro, refletem negativamente no início do ano, porque não são definitivas”, afirma o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Ceará (FCDL-CE), Freitas Cordeiro.
Ele ainda ressalta que, em média, somente 25% dos temporários são efetivados. “A contratação de um temporário como efetivo pela qualidade do trabalho às vezes resulta na dispensa de alguém que está lá dentro. Por isso o saldo ainda fica negativo, mesmo tendo havido contrações”, explica Freitas.
Para o coordenador de Estudo e Análise de Mercado de Trabalho do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Erle Mesquita, o corte de vagas no Ceará foi uma tendência generalizada em praticamente todos os segmentos.
Construção Civil
A perda de postos de trabalho no Estado durante o período também foi puxada pelo setor de construção civil. Entre janeiro e março, o setor fechou 3.684 vagas de emprego, resultado de 9.069 admissões contra 12.753 demissões.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro, revela que o atraso nos repasses do Governo para o Minha Casa, Minha Vida (MCMV) tem prejudicado as construtoras.
“Desde janeiro, não recebemos nada e a manutenção desses empregos ficou insuportável. A promessa é de regularização, mas caso não seja feito o repasse até o final do mês, mais 2 ou 3 mil pessoas devem perder o emprego”, alerta.
“Nós sabemos que aquelas pessoas só têm aquilo. Mas não temos alternativa. As construtoras do Minha Casa, Minha Vida são predominantemente de pequeno e médio porte. Elas colocam investimento para a obra andar e depois, o Governo paga. Se não há repasse, a construtora não vai querer mais investir. E as vezes nem tem mais recurso disponível”, acrescenta.
Montenegro contabiliza que, atualmente, cerca de 12 mil unidades habitacionais estejam sendo construídas no Estado e dependem dos repasses para a conclusão.