BC: Atividade econômica cresce 2,37% de janeiro a outubro no Ceará
Equilíbrio fiscal no Estado foi um dos fatores que levaram a economia a registrar resultados melhores do que o indicador brasileiro. Investimento público e capital estrangeiro também fizeram diferença para o Ceará
A atividade econômica do Ceará medida pelo Índice de Atividade Econômica Regional do Ceará (IBCR-CE) divulgado, ontem (13), pelo Banco Central, registrou alta de 2,37% no acumulado deste ano até o 10º mês. O índice também apresentou elevação de 2,46% em 12 meses. No mês de outubro, o IBCR-CE teve alta de 2,31% ante igual período do ano passado. Os resultados são dessazonalizados, ou seja, ajustados para o período.
De acordo com Ricardo Eleutério, vice-presidente do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), os resultados do Ceará são melhores do que a média nacional. "Nós estamos com uma dinâmica econômica no País e no Estado de recuperação de crescimento. No País, está mais lento do que no Estado. Nós temos uma previsão de crescimento para o Ceará superior à economia brasileira como um todo".
No Brasil, o índice de atividade econômica apresentou alta de apenas 0,17% em outubro, comparado com setembro. Na comparação com outubro de 2018, houve crescimento de 2,13% nos dados sem ajustes, por se tratar de períodos iguais. Em 12 meses, encerrados em outubro, o indicador teve expansão de 0,96%. No ano, até outubro, houve crescimento de 0,95%.
"A economia cearense passa por um ritmo de crescimento maior do que a economia brasileira", explica Eleutério, que acrescenta ainda que a capacidade de investimento público no Ceará é boa, na comparação com outros estados.
"Um dos destaques é a capacidade do Estado de fazer investimentos públicos. O Brasil está com problemas de desequilíbrio fiscal muito grande que tem impedido o Governo Federal de fazer investimentos para mover o crescimento", reitera.
Pilares
Eleutério diz ainda que o crescimento da economia se dá basicamente a partir de três pilares: investimento público, privado doméstico e capital estrangeiro.
"No caso do Brasil, que está com desequilíbrio fiscal muito grande, os investimentos públicos estão sendo cortados ou inibidos. O Ceará como tem um bom equilíbrio fiscal diferentemente de muitos estados, nós temos esse componente importante adicional. Então, esse tripé se traduz nessa parte de crescimento melhor. Isso prenuncia que o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado vai ter uma taxa superior ao PIB nacional", explica.
O Ceará também teve desempenho melhor que a economia nordestina. Na Região, o índice apresentou alta de 0,61% no acumulado do ano e de 0,62% em 12 meses.
O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica brasileira e ajuda o BC a tomar suas decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade dos três setores da economia: indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos. O indicador foi criado pelo BC para fazer um acompanhamento mensal da atividade econômica. Mas o indicador oficial, com metodologia diferente do IBC-Br, é o PIB.
Recuperação
Na avaliação do banco internacional Goldman Sachs, a economia do País ainda apresenta uma "recuperação superficial". Para a instituição, é essencial reformas fiscais na União e nos estados para "ancorar o sentimento do mercado, apoiar o sentimento do consumidor e dos empresários e alavancar o que tem sido até agora uma recuperação superficial". Para o banco, esta é a "recuperação cíclica mais fraca já registrada", o IBC-Br aponta para uma atividade 6,1% abaixo do pico do ciclo de dezembro de 2013 e apenas 5,6% acima do nível de dezembro de 2016.