Nova 'Shopee do Centro' abre loja no lugar da antiga C&A
Objetivo é trazer produtos vendidos na internet para o estabelecimento
O espaço no Centro de Fortaleza onde antes funcionava uma loja da C&A, na rua Senador Pompeu, agora é ocupado por um novo empreendimento, inaugurado no início de dezembro, cuja proposta é trazer para o mundo físico o mix de produtos presentes nas lojas de departamento virtual. A 'Shopee' é a principal inspiração.
Após mais de 25 anos presentes no Centro da Capital, a C&A encerrou as atividades em 31 de dezembro de 2023. Era a única loja de rua da empresa no Ceará. Quase um ano depois, o imóvel agora atende pela marca A.M. Presentes, que fez muitas mudanças em relação ao espaço ocupado pela antiga a gigante varejista de moda.
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Os três andares ocupados pela loja da C&A deram lugar somente ao térreo. Os demais pavimentos (quatro no total) são ocupados agora por estoque e demais partes administrativas da A.M. Presentes.
"Somos uma loja que trabalha com atacado e varejo. Temos papelarias, bolsas, mochilas, garrafas térmicas. Tentamos trazer vários produtos da internet para trazer mais aquela comodidade do cliente em vez de ficar sempre comprando pela internet, o cliente sair, que ele possa conhecer mais o Centro de Fortaleza. Somos como a Shopee", apresenta Jorge Farias, coordenador da A.M. Presentes, em entrevista ao Diário do Nordeste.
Tipo de loja se avoluma no Centro de Fortaleza
Vale lembrar que a A.M. Presentes não têm nenhuma relação com os marketplaces Shopee, de Singapura (Sea Group). O objetivo do empreendimento é trazer a comodidade do espaço físico e da compra imediata como atrativos.
A gente tenta trazer para o cliente não comprar pela internet e esperar o frete, às vezes passar mais de um mês esperando. Aqui, entre 80% a 90% do que tem na internet a gente tenta trazer para dar aquela comodidade. A loja é climatizada, tem carrinho para os clientes.
O contexto de expansão de lojas do gênero é o oposto ao das grandes varejistas. Nos últimos anos, minguaram as unidades de marcas reconhecidas nacional e internacionalmente no Centro da Capital e estão cada vez mais populares empreendimentos que investem nos moldes da Shopee.
A A.M. Presentes é de propriedade de um casal chinês que está no Brasil há 30 anos e já teve negócios do gênero no varejo de São Paulo. Há 22 anos, estão em Fortaleza. Avessos à exposição, a divulgação das unidades fica por conta dos funcionários, que popularizaram vídeos descontraídos para atrair fregueses.
Embora tenha aberto a maior loja da empresa em dezembro deste ano no endereço da C&A, os empresários têm outros dois estabelecimentos no Centro, nas ruas Barão do Rio Branco e General Sampaio. Os dois recebem a bandeira A.M. Presentes ou ainda América Presentes.
"Eles já estão aqui há muito tempo. Essas lojas têm crescido muito, porque é um preço baixo e venda em muita quantidade. Tem tanto para o cliente que quer comprar uma peça como para o cliente que quer comprar 100 peças. O Centro estava um pouco parado, o pessoal não estava vindo. Essas lojas que vendem produtos da internet atraem muito os clientes para vir comprar", observa Jorge Farias.
"Preço muito baixo" para "o chinês não dar desconto"
A fama de que os comerciantes chineses estabelecidos no Brasil não estão abertos para a pechincha é vista com bom humor pelo coordenador da A.M. Presentes, que ainda brinca com a expressão "mais barato do que a Shopee". Para ele, a realidade é de que os donos da loja geralmente não gostam de baixar o preço dos produtos porque a margem de lucro já é mínima.
A gente tenta ter os melhores e mais baratos produtos, para o cliente gastar pouco e sobrar aquele dinheiro. Nossa intenção é vender em quantidade, vender muito e ganhar pouco lucro.
Os planos eram expandir as unidades no Centro da cidade, e o ponto onde anteriormente funcionava a C&A foi visto como uma oportunidade. O mix é variado: de produtos de papelaria, passando por bijuterias, cosméticos, utensílios para o lar e presentes em geral.
"Tentamos ter muita mercadoria, e para ter isso, queríamos ter uma loja bem grande, e a C&A foi um foco que a gente bateu desde o começo para também dar conforto para os clientes, colocar carrinho, porque é difícil ver uma loja no Centro que tenha, como se fosse mercantil. A loja é climatizada, a iluminação é linda. Não queremos só baixar o preço, queremos dar qualidade também", reforça Jorge Farias.
Um dos itens em destaque é o "caderno inteligente": funciona como uma espécie de fichário escolar, mas com maior praticidade. Os arames do caderno são flexíveis, de modo que podem ser abertos para trocarem as folhas. Outros produtos são o "lápis infinito" e a "caneta que escreve e apaga".
Sem revelar valores de investimento, o coordenador da loja destaca que, somente em iluminação, foram aplicados quase R$ 1 milhão. As vendas acontecem tanto no atacado quanto no varejo, e a movimentação é intensa durante o horário de funcionamento.
Na loja da Senador Pompeu, são gerados entre 25 e 30 empregos diretos. Ao todo, as três unidades do casal chinês geram entre 75 e 90 postos de trabalho. Para o futuro, os planos são de continuar em expansão: "Pessoal tem achado o preço muito em conta, tanto no varejo como no atacado. Queremos inovar e trazer preço justo", arremata o coordenador.