Fortaleza tem a segunda maior demanda por imóveis econômicos do País

Padrão de imóveis corresponde àqueles com preço entre R$ 115 mil e R$ 575 mil, que atendem às famílias com renda entre R$ 2 mil a R$ 12 mil

Escrito por
Ingrid Coelho ingrid.coelho@svm.com.br
Legenda: Iniciativas como o programa Entrada Moradia Ceará, iniciado no ano passado, contribuíram para aquecimento do mercado de imóveis no padrão econômico
Foto: Kid Junior

Destaque na procura por imóveis de alto padrão, Fortaleza também está entre as cidades do Brasil com a maior busca por imóveis de padrão econômico, segundo o Índice de Demanda Imobiliária (IDI) divulgado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).

Os imóveis de padrão econômico são aqueles com preço entre R$ 115 mil e R$ 575 mil, voltados para atender às famílias com renda entre R$ 2 mil a R$ 12 mil. A Capital cearense é a segunda cidade do País com a maior procura por esse tipo de imóvel, atrás apenas de Curitiba, capital do Paraná.

Veja também

Fortaleza manteve o segundo lugar no ranking da Cbic ao longo do ano de 2024. Os imóveis de padrão econômico são, em sua maioria, abarcados pelo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), o que contribui para impulsionar as vendas desse padrão.

Além disso, começou a vigorar no ano passado o Entrada Moradia, que proporciona subsídio de R$ 20 mil no valor do primeiro imóvel financiado dentro das faixas 1 e 2 do MCMV.

Veja ranking:

  1. Curitiba (PR)
  2. Fortaleza (CE)
  3. São Paulo (SP)
  4. Goiânia (GO)
  5. Recife (PE)
  6. Sorocaba (SP)
  7. Maceió (AL)
  8. Brasília (DF)
  9. Aracaju (SE)
  10. Maringá (PR)

Fonte: Cbic

Cenário em 2025

Ao analisar o cenário, Mário Monteiro, economista e sócio da RPG-Reinfra Consultoria, observa que Fortaleza tem bons resultados no padrão econômico e também nos imóveis mais caros, como luxo e alto luxo.

“Nesse sentido, por que o Ceará se destaca? Exatamente porque a gente tem uma distribuição de renda muito perversa, que favorece o mercado de alto padrão, e temos também programas públicos que apoiam o pessoal do padrão econômico”.

Ele acredita que o cenário para a aquisição de imóveis padrão econômico daqui em diante não é tão animador. “A gente está acompanhando um esgotamento do poder público, que tem limite para bancar esses programas”, enfatiza.

Além disso, Monteiro também lembra que as perspectivas inflacionárias e de taxas de juros também não mostram um horizonte tão positivo. “Se considerarmos elevação da taxa de juros e da inflação para este ano, conforme dados do Boletim Focus, do Banco Central, eu não afirmaria uma expansão desse setor”, pontua.

“É como se tivéssemos batido mais ou menos no teto. Nesse contexto de inflação mais elevada, os preços de alimentos têm subido bastante, nós temos visto aí a carne, o ovo, por exemplo. Obviamente, isso compromete a renda das pessoas e, mais ainda, dessas pessoas que buscam adquirir imóveis em um padrão mais econômico”, reforça Monteiro.

VGV de R$ 1,06 bilhão em 2024

De acordo com dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), o segmento de imóveis econômicos em Fortaleza, considerando os residenciais verticais, alcançou R$ 1,06 bilhão em 2024 em vendas no ano passado, crescimento de 64% na comparação com 2023, quando a cifra foi de R$ 650,4 milhões.

Mesmo com a Selic mais alta e perspectiva de elevação no custo de crédito, o economista Ricardo Coimbra acredita que o mercado imobiliário no padrão econômico deve continuar expandindo em 2025. “Porque é um projeto de longo prazo, então o consumidor acaba optando por adequar a parcela do financiamento à capacidade dele”, avalia.

Ele também lembra que há uma expectativa de manutenção do Programa Entrada Moradia para este ano. “Ano passado foi o primeiro ano dessa iniciativa, o programa continua, então um número bem maior de pessoas deve passar a conhecer e demandar esse benefício”, detalha Coimbra.

Apesar da perspectiva de continuidade da expansão, ele pondera que talvez esse crescimento não se mantenha no mesmo ritmo intenso do ano passado. “Há uma tendência de crescimento, talvez não no mesmo ritmo do ciclo anterior, mas acredito em um bom ritmo de comercialização”, diz o economista.

Acesse nosso canal no Whatsapp e fique por dentro das principais notícias.

Assuntos Relacionados