Iniciativas que apoiam crianças e jovens integram o movimento solidário ‘Dias Melhores’

Associação Voar, Edisca e Instituto Beatriz e Lauro Fiuza realizam campanhas cujo objetivo é prestar apoio a famílias de Fortaleza neste desafiador momento de pandemia

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(Atualizado às 09:30, em 11 de Junho de 2021)
Legenda: Centenas de crianças, adolescentes e famílias são beneficiadas por meio de campanhas realizadas por entidades de Fortaleza, a exemplo da Associação Voar
Foto: Divulgação

Se a família é célula da sociedade, conforme escreveu Fernando Sabino (1923-2004), as crianças e os jovens igualmente representam uma parte fundamental desse universo. Em Fortaleza, diversas iniciativas se dedicam a realizar trabalhos em prol de um melhor desenvolvimento para essa faixa populacional, incentivando saberes e práticas cujo alcance abraça as distintas realidades do território.

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Três dessas empreitadas integram o movimento solidário “Dias Melhores”. A ação, promovida pelo Sistema Verdes Mares, busca dar visibilidade gratuita a projetos sociais criados para minimizar danos da pandemia do novo coronavírus. São elas: a Associação Voar, por meio da campanha Cesta Básica Digital; a escola Edisca, com a campanha Passos do Bem; e o Instituto Beatriz e Lauro Fiuza (IBLF), realizador da campanha O Amor é Agora.

Sediada no bairro Luciano Cavalcante, a Associação Voar existe desde 2012, como um braço social da Igreja Batista Candeias. Inicialmente atendendo a 40 crianças da comunidade, logo a iniciativa conseguiu chegar a mais pessoas por meio da percepção de que era preciso fazer um acompanhamento com os pequenos moradores do local onde a igreja atuava. Hoje, 100 deles, com idades entre 7 e 17 anos, são beneficiados pela organização.

Legenda: Programas desenvolvidos pela Associação Voar atendem não apenas as crianças e os adolescentes, mas também a família de cada um
Foto: Divulgação

“Não à toa, atendemos não apenas as crianças e os adolescentes do Luciano Cavalcante, mas também dos bairros Tancredo Neves, Jardim das Oliveiras, Edson Queiroz e Parque Manibura, por exemplo”, situa Eraldo Noronha, presidente da Associação Voar. Ele explica que a filosofia do projeto busca trabalhar a integralidade do indivíduo, fazendo com que importantes valores possam pautar suas vivências dentro e fora da instituição.

“Passamos, assim, a desenvolver programas que atendem não apenas as crianças e os adolescentes, mas também a família de cada um, oportunizando para que todos possam passar por uma transformação de vida e que nosso trabalho seja, de fato, alcançado por toda a comunidade”, detalha. 
Eraldo Noronha
Presidente da Associação Voar

Entre os programas, estão aqueles voltados para arte, cultura e esporte; para a educação – por meio de reforço escolar e ensino de línguas estrangeiras; e também para conversas com familiares e prevenção ao uso de drogas, prática de bullying e suicídio.

Ao contemplar esses movimentos em favor da vida, Eraldo traz à superfície a emoção em perceber homens e mulheres desenhando os próprios caminhos, com vigor e determinação, após passar pela associação. 

Legenda: Fotografia realizada antes da pandemia de Covid-19: na Associação Voar, o amor é a base de todos os fazeres
Foto: Divulgação

“Entendemos que todas as crianças que passaram pela Associação Voar de alguma forma impactaram a nossa história e, por outro lado, a gente também impactou a forma de vida delas. Elas são agentes de transformação. Quando temos a capacidade de mudar a realidade de cada uma, queremos que elas façam o mesmo dentro da comunidade onde estão inseridas. Porque é ali onde estão as raízes delas, onde construíram suas vivências”, contextualiza. “De fato, temos muitas histórias de sucesso que, por meio do trabalho que realizamos, oportunizaram para que muitos estejam no mercado de trabalho ou realizando seus sonhos”.

Famílias e negócios

O amor, segundo Eraldo Noronha, é a base de todos esses fazeres, e também da campanha Cesta Básica Digital – idealizada pela Associação Voar durante este desafiador cenário pandêmico. Ela nasceu pela necessidade de levar cestas básicas para as famílias das crianças e adolescentes atendidos pelo projeto. Muito mais que oportunizar alimentos apenas para esses núcleos, a ação também abrange um esmerado olhar para toda a comunidade onde está inserida.

“Às vezes, a gente se sente um pouco angustiado porque atendemos 86 famílias, mas são muitas outras pessoas que chegam até nós pedindo socorro. Então, tentamos encontrar uma maneira”, explica Eraldo. Desta feita, o foco passou a ser a captação de doações para posterior disponibilização de vouchers – espécie de crédito, no valor de R$100. Por meio dele, as famílias cadastradas na plataforma digital da associação podem trocar a quantia em produtos nos comércios locais, seja em lojas, mercearias ou padarias.

São dois valores de doação – via Pix ou por meio de cartão de crédito pela plataforma desenvolvida pela associação: uma cesta básica pela quantia de R$60,60; e meia cesta básica por R$30,30. A proposta é que, com apenas uma doação, os interessados possam ajudar tanto as famílias da Associação Voar como os comerciantes da região. O controle e o cadastro de todos os procedimentos impedem a troca por produtos não-essenciais, a exemplo de bebidas alcoólicas, cigarros e outros.

A ideia é que a gente consiga atender essas famílias por um período de três meses. Com o valor de R$100, elas vão poder estar comprando, além de produtos essenciais, gás de cozinha, por exemplo – um item que sempre reclamam por conta do alto custo. Poderão comprar também medicamentos e outros produtos nos comércios locais. A proposta, realmente, é democratizar esse acesso”, dimensiona Eraldo, cuja meta é atender pelo menos 150 famílias nesse primeiro momento, caso seja possível alcançar as metas de captação e de doações.

Legenda: Participantes da Associação Voar entregam cestas básicas às famílias beneficiadas pela campanha Cesta Básica Digital
Foto: Divulgação

“Eu costumo dizer que a gente está levando amor e cuidado em forma de alimento para as pessoas que estão necessitando. E o SVM agora também chega junto a esse movimento, levando amor, cuidado e esperança por meio desse espaço da campanha que foi criado. Quando você se sente contemplado por uma ação dessa – que não apenas dá visibilidade ao trabalho que a gente realiza, mas também alcança pessoas e famílias que estão passando por uma situação adversa – entendemos que precisamos ter esperança”, considera Eraldo.

Movimento de vida

Do Luciano Cavalcante para o Parque Manibura. No bairro, é localizada a sede da Escola de Desenvolvimento e Integração Social para Criança e Adolescente - Edisca. Criada em 1991 pela bailarina cearense Dora Andrade, a organização não-governamental sem fins lucrativos atua no campo da Arte, da Educação e da Cidadania, atendendo, de forma direta e contínua, crianças e adolescentes que vivem em circunstância de vulnerabilidade social.

A razão de ser e existir da instituição é a de agir em combate à miséria, exclusão social, injustiça e à perpetuação de degradantes condições que ainda vigoram em Fortaleza, atingindo milhares de crianças. Atualmente, a Edisca educa 300 pequenos artistas e realizadores de um fazer tão inspirado quanto impetuoso.

“Tentamos passar o melhor para cada um. A criança da Edisca não é tratada como coitadinha, mas como uma que pode ser mais do que mais”, sintetiza Amanda Arruda, produtora da escola. “Nós já tivemos crianças que hoje são doutoras, advogadas, fisioterapeutas, nutrólogas… A Edisca é uma passagem, porém responsável por promover os estudantes tanto de forma intelectual quanto cidadã”.

Legenda: O princípio da Edisca é agir em combate à miséria, exclusão social, injustiça e outras ações maléficas que acometem milhares de crianças e adolescentes em Fortaleza
Foto: Glauber Albuquerque/Divulgação

Entre as atividades realizadas pela entidade, estão atendimento psicológico – tanto para as crianças quanto para as famílias – reforço escolar e um grupo de apoio, voltado para o aprimoramento de diálogos. Contornando todos esses fazeres, estão as aulas de dança, desenvolvendo o potencial criativo, artístico e corporal de cada aluna e aluno.

Ao longo de todos esses anos de atuação, a Edisca, não sem motivo, construiu um repertório de espetáculos que possibilitaram tanto a divulgação do trabalho social da casa quanto o reconhecimento da singular capacidade de criação, produção e protagonismo de crianças e adolescentes. “Na verdade, as aulas de dança são apenas um pretexto para atrairmos as crianças e os adolescentes”, confessa, entre risos, Amanda Arruda. 

“Isso porque a gente não transforma apenas aquela criança, mas a filha dela, a neta, a bisneta... O que nós queremos é transformar o ciclo. Aquela criança que passou na Edisca e que veio, por exemplo, do lixão do Jangurussu, hoje é uma advogada. Assim, com certeza a filha dela não vai para um lixão, bem como a neta dela, a bisneta e por aí vai. O ciclo é bem maior do que só ajudar uma criança. O nosso intuito é transformar gerações para que possam ir mais além”, completa.
Amanda Arruda
Produtora da Edisca

Passos do bem

Foi a partir dessa mesma dinâmica que surgiu a campanha Passos do Bem, desenvolvida pela instituição durante a pandemia de Covid-19. Iniciada em maio do ano passado, a iniciativa nasceu com o intuito primeiro de ajudar apenas às famílias atendidas pela Edisca. Contudo, primando por uma ótica cada vez mais abrangente, as pessoas à frente da casa decidiram romper os limites da solidariedade, alcançando cada vez mais núcleos.

Igualmente, também passou a prestar apoio a instituições menores, carentes de doações. A Edisca terminou o ano passado ajudando, ao todo, 32 entidades. “Pensávamos que a pandemia ia terminar, porém, como isso não aconteceu, decidimos fazer uma segunda edição da campanha. Hoje, ajudamos as famílias da Edisca, as famílias das famílias e as instituições também. E não sabemos onde chega o fim, porque estamos conseguindo ajudar também catadores de lixo, idosos, pessoas em situação de rua… Conseguimos chegar, então, naquele mais miserável, o qual, antes, não conseguíamos tocar”, observa Amanda.

Legenda: Integrantes da Edisca preparados para a entrega de cestas básicas à população
Foto: Glauber Albuquerque/Divulgação

As doações podem ser feitas via Pix ou por meio de transferência bancária. A ênfase são mantimentos, produtos de limpeza e proteínas. Na próxima segunda-feira (14), a escola distribuirá três mil cestas básicas. “A miséria está muito grande e não está dando para esperar. Então, o que a gente puder fazer, vamos realizar para ajudar a ir além. É muito bonito ver a Edisca lotada de comida num dia e, no outro, não ter mais nada, nem um grão, por conta das entregas”, comemora Amanda.

Também é muito bom estarmos participando do movimento solidário Dias Melhores porque realmente precisamos ter essa visibilidade. A campanha não acontece sozinha, mas a partir de um grupo de pessoas e de empresas, todas do bem, que querem dar esse espaço. Sozinho a gente não consegue, mas, junto, sim”, complementa. A produtora ainda evoca uma conhecida frase de Madre Teresa de Calcutá (1910-1997) como forma de mensurar a força dessa corrente solidária.

Ela dizia: ‘O que eu faço é uma gota no oceano, mas, sem essa gota, o oceano seria menor’. Assim, eu acho de fundamental importância essa visibilidade que o SVM está nos dando porque, desse modo, conseguimos ir além. Sem as pessoas, nós não conseguiríamos nada. Com certeza, nem essa gota”, conclui.

Legenda: Cestas básicas sendo preparadas na sede da Edisca como parte da campanha Passos do Bem
Foto: Glauber Albuquerque/Divulgação

Promoção de habilidades

Por sua vez, outra organização participante do movimento “Dias Melhores”, do SVM, é o Instituto Beatriz e Lauro Fiuza (IBLF), por meio da campanha O Amor é Agora. Criada no mês passado em alusão ao Dia das Mães, a ação contempla dois pontos principais: o primeiro se deu a partir de uma homenagem, realizada à época da efeméride, dedicada a todas as mães – principalmente num momento em que elas tiveram que exercer ainda mais o protagonismo.

O segundo diz respeito à arrecadação de fundos para as ações de segurança alimentar que o Instituto está promovendo. “Iniciativas desse tipo não são um padrão do IBLF, mas resolvemos criar por conta da pandemia, a partir das necessidades que percebemos nas famílias das crianças e adolescentes participantes do projeto”, afirma Bia Fiuza, diretora institucional da entidade.

Legenda: Evento da campanha O Amor é Agora, promovido pelo Instituto Beatriz e Lauro Fiuza
Foto: Divulgação

As doações podem ser realizadas via transferência bancária ou Pix. Conforme Bia, a captação dos recursos deve fomentar a distribuição de alimentos para as famílias ainda necessitadas e também no auxílio da compra de equipamentos e de chips de internet, facilitando para que os alunos possam seguir acompanhando as aulas virtuais enquanto vigorar o formato híbrido de ensino.

“Percebemos que muitas crianças e jovens estavam sendo prejudicados – tanto com relação às aulas do Instituto, como também às da escola – e que essa ajuda era necessária para diminuirmos a perda de capital humano e de desenvolvimento de cada um”, situa Bia. 
Bia Fiuza
Diretora institucional do IBLF

As formações ofertadas pelo IBLF nas duas sedes mantidas em Fortaleza –  uma no Jardim União II e outra na casa de José de Alencar, esta fruto de uma parceria com a Universidade Federal do Ceará – contemplam música e karatê, atendendo diretamente cerca de 600 alunos. Há um eixo de formação educativa, a partir de aulas cotidianas nos núcleos; e um de difusão, referente aos projetos que conectam o Instituto à sociedade.

Neste último segmento, cabe tudo: de apresentações musicais dos grupos formados pela casa até participação em congressos, competições de karatê e realização de seminários. “Temos também um eixo que vem ganhando espaço, que é o de produção de conhecimento, por meio da realização de cursos para profissionais – principalmente na área de música, com formação contemplando a metodologia que trazemos”, sublinha Bia Fiuza.

“Mas a nossa questão central mesmo é a promoção de programas que permitam ampliar as perspectivas de crianças e jovens em territórios dentro da cidade de Fortaleza onde identificamos a existência de poucas opções de formação e desenvolvimento para essas pessoas”, completa.

Acompanhamento frontal

Compreendendo essa proposta, ainda existe o programa Envolver de Desenvolvimento Humano, focado no acompanhamento integral dos alunos e de suas famílias. Conforme Bia Fiuza, a criação do programa está sintonizada à percepção de que seria muito importante olhar para os estudantes de uma forma integral, entendendo o contexto em que eles habitam – situando, portanto, as dificuldades e desafios enfrentados pelas famílias 

Ao mesmo tempo, compreendendo também que, sem abordar as questões mais amplas, a gente não tem como trabalhar e pensar o desenvolvimento de uma criança”, diz a  diretora institucional da entidade. “O que a gente vem identificando é que as ferramentas que usamos – a música e o karatê – podem até parecer um pouco antagônicas, mas, por meio delas, conseguimos trabalhar questões muito fundamentais na infância e na adolescência”.

Legenda: Registro feito antes da pandemia de Covid-19: uma das ações formativas do IBLF contempla a prática do karatê
Foto: Saulo Roberto

Entre elas, estão a capacidade de lidar com frustrações, a resiliência, paciência, respeito pelo espaço do outro e pelo próprio espaço, o lugar do silêncio e o da expressão. “Ou seja, são duas ferramentas que nos permitem desenvolver todos esses valores que precisam ser empregados todos os dias, principalmente no contexto difícil em que as crianças vivem”.

Iniciando a partir dos quatro anos de idade, muitas das crianças assistidas pelo IBLF que ingressaram mais velhas na instituição, conforme Bia, hoje já concluíram o ensino superior e atuam no mercado em diferentes áreas. “Alguns alunos vão para caminhos apresentados por nós, como o da música e o da prática do esporte; mas outros vão para outros setores da economia. De todo modo, todos muito impulsionados pelos valores que foram aprendidos na entidade”, destaca.

Legenda: Nesta fotografia feita antes da pandemia de Covid-19, outra das ações formativas do IBLF, contempla a música
Foto: Divulgação

“Nós acreditamos muito no poder do coletivo, principalmente considerando que, no Brasil, temos uma cultura de doação que ainda é muito fragilizada, que precisa ser alimentada e fortalecida. Entendemos que participar de um movimento como esse, do SVM, é participar de uma ação coletiva de impulsionamento a esse poder das doações. Colocar luz sobre os projetos e instituições que estão atuando na ponta, que estão conseguindo chegar a quem mais precisa de ajuda para podermos superar essa crise, é uma ação importantíssima e ficamos muito felizes de participar disso”, finaliza Bia Fiuza.

Serviço
Campanhas solidárias promovidas pela Associação Voar, Edisca e Instituto Beatriz e Lauro Fiuza
Mais informações nos sites e redes sociais de cada instituição

> Campanha Cesta Básica Digital, promovida pela Associação Voar
Doações via Pix (chaves: doe@associacaovoar.org ou 23.803.494/0001-48) ou por meio do cartão de crédito pela plataforma da associação (link disponível na bio do Instagram)
Outras informações no site da associação e por meio das redes sociais (Instagram e Facebook)

> Campanha Passos do Bem, promovida pela Edisca
Doações via Pix (chave: 69.697662.0001.69) ou por meio de transferência bancária (Caixa Econômica Federal - Agência: 1977 / Operação: 003 / Conta: 1304-8 // Banco do Brasil - Agência: 2937-8 / Conta: 111251-1)
Outras informações pelo site da escola e por meio das redes sociais (Instagram e Facebook)

> Campanha O Amor é Agora, promovida pelo Instituto Beatriz e Lauro Fiuza
Doações via Pix (chave: 16.572.671/0001-67) ou por meio de transferência bancária (Banco Itaú -  Agência: 8789 / Conta Corrente: 31803-0/ CNPJ: 16.572.671/0001-67)
Outras informações pelo site do Instituto e por meio das redes sociais (Instagram e Facebook)