A aliança entre o grupo farmacêutico americano Pfizer e a empresa alemã BioNTech confirmou que apresentará nesta sexta-feira (20) à agência americana reguladora do setor de remédios e alimentos (FDA) um pedido de autorização para a comercialização de sua vacina contra a Covid-19, tornando-se o primeiro fabricante a dar esse passo nos EUA.
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O anúncio era esperado há vários dias, após a publicação dos resultados do ensaio clínico em andamento desde julho com 44.000 voluntários em vários países e segundo o qual a vacina seria 95% eficaz na prevenção de covid-19 sem efeitos colaterais graves.
"A solicitação nos Estados Unidos representa um passo crucial no nosso caminho para oferecer uma vacina contra a covid-19 ao mundo e agora temos uma imagem mais completa, tanto da eficácia quanto da segurança da nossa vacina, que nos dá confiança sobre seu potencial", declarou Albert Bourla, o CEO da BioNTech.
A vacina também está sendo avaliada de maneira continuada há semanas por União Europeia, Austrália, Canadá, Japão e Reino Unido. "As empresas estarão prontas para distribuir a vacina nas horas seguintes ao recebimento da autorização", disseram as companhias em seu comunicado.
A FDA (na sigla em inglês) não informou quanto tempo levará para examinar os dados, mas o governo dos EUA se prepara para que o sinal verde para a vacina se dê até a primeira quinzena de dezembro.
A Europa pode seguir essa mesma direção já na segunda quinzena de dezembro, afirma a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Outra vacina, da americana Moderna, também mostrou sua eficácia e concorre lado a lado com a da Pfizer/BioNTech.
O governo de Donald Trump planejou vacinar 20 milhões de pessoas em dezembro e, depois, entre 25 e 30 milhões de pessoas por mês. A rapidez desse processo não tem precedentes na história das vacinas. Na última década, foi necessária uma média de oito anos para se desenvolver vacinas autorizadas nos Estados Unidos.
Em março deste ano, quando o mundo vivia seu primeiro confinamento, a BioNTech propôs à Pfizer usar sua tecnologia inédita do RNA mensageiro. O primeiro voluntário recebeu a vacina em 23 de abril na Alemanha, na primeira fase de testes.
A Fase 3, e última, começou em 27 de julho e recrutou cerca de 44.000 participantes. Metade dos voluntários recebeu placebo, e a outra metade, a vacina experimental, sem saber qual.
Seguiram suas vidas normalmente, tomando as mesmas medidas preventivas que a população em geral e, progressivamente - com a explosão da pandemia nos Estados Unidos no outono boreal (primavera no Brasil) -, o número de casos de covid-19 entre o grupo do placebo cresceu, mas não entre o grupo vacinado.
Dos 170 casos registrados entre os participantes, 162 receberam o placebo, e oito, a vacina, segundo comunicados dos fabricantes.
A estatística aponta que uma pessoa vacinada tem 95% menos riscos de contrair a doença do que uma não vacinada.
Esta vacina parece eficaz para frear as formas severas da covid-19 e funcionaria tanto entre os jovens quanto entre os maiores de 65 anos.
Duração da proteção
Outro dado a ser destacado: os efeitos colaterais parecem se limitar à fadiga em 3,8% dos participantes após a segunda dose, e a dores de cabeça, em 2%. Sem nenhum efeito grave, segundo as empresas.
O acompanhamento é de dois meses, um período que permite identificar a grande maioria dos efeitos colaterais. Historicamente, 90% dos efeitos indesejáveis aparecem nos 40 dias seguintes, segundo Moncef Slaoui, responsável pela operação lançada por Trump para dispor rapidamente de uma vacina.
Especialistas de órgãos reguladores dos Estados Unidos e da Europa ainda precisam, porém, verificar esses dados - anunciados com alarde - para certificar que a vacina é segura e eficaz.
De qualquer modo, em um primeiro momento, tanto a FDA quanto o órgão europeu concederiam apenas uma autorização condicional, devido à urgência sanitária, e limitada apenas a determinados grupos. Crianças não seriam incluídas.
A FDA tenta tornar o processo o mais transparente possível, sabendo da desconfiança de muitos americanos. Em outubro, 42% dos entrevistados disseram que se recusariam a serem vacinados, de acordo com uma pesquisa do Gallup.
Ainda não se sabe quanto tempo dura a proteção da vacina. "Pelo menos um ano. Pode ser muito mais", disse o CEO da BioNTech, Ugur Sahin, à AFP. Apenas o tempo vai confirmar essa previsão, conforme os laboratórios.
Isso não impedirá, no entanto, que os países adquiram o produto. Centenas de milhões de doses foram reservadas. E a aliança entre essas empresas estima poder fabricar 1,3 bilhão no próximo ano.