Peixe-boi 'Tico' nada 5 mil km ao sair do Ceará e é resgatado no Caribe
ONG cearense Aquasis organiza uma campanha para trazer o animal de volta ao Estado
Após ser devolvido à natureza, o peixe-boi "Tico" nadou cerca de 5 mil quilômetros do Ceará em direção ao caribe venezuelano. O comportamento animal é considerado atípico. Ele precisou ser resgatado e levado a um zoológico na Venezuela. Agora, a ONG cearense Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis) realiza uma campanha para trazer o animal de volta ao Estado.
Considerado o maior percurso realizado por um peixe-boi-marinho, a espécie costuma viver próxima da costa e se alimentar de plantas desses locais. Durante a trajetória ao Caribe, os biólogos da Aquasis chegaram a questionar se ele seguia vivo, pois nadou a quase 200 km da costa quando o comum é não passar dos 15 km.
O acompanhamento de Tico é realizado por biológos desde 15 de outubro de 2014, quando o animal foi resgatado recém-nascido na Praia das Agulhas, no litoral cearense. Ele ficou sete anos em reabilitação, e foi solto no dia 6 de julho de 2022.
O resgate na Venezuela aconteceu em 5 de setembro de 2022 com a ajuda de um equipamento transmissor de sinal de rádio e de GPS acoplado na cauda do animal. Tico foi, então, transferido ao Parque Zoológico y Botánico Bararida, na cidade de Barquisimeto.
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Retorno ao Ceará
Nesse cenário, a Aquasis está organizando uma campanha para trazer Tico de volta ao Ceará. Para a equipe de biólogos, o retorno é benéfico ao animal, uma vez que seria realizada uma nova tentativa de adaptação ao ambiente natural e soltura.
Além disso, ele poderá contribuir com o aumento da população de peixes-bois, pois a espécie está ameaçada de extinção.
Porém, como Tico está em território estrangeiro, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) precisa emitir uma licença de exportação, com a concordância formal do governo da Venezuela.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) também precisa solicitar o contato com a Venezuela por meio do Ministério de Relações Exteriores (MRE). O processo de importação do Tico, no entanto, está parado.
Como o peixe-boi já está há oito meses em cativeiro em outro país, os biólogos se preocupam com a redução das chances dele conseguir retornar à natureza e cumprir as funções ecológicas.
Tico completará nove anos em outubro de 2023, e a soltura de animais só é recomendada até os 10 anos de idade.