Orós, Banabuiú e Castanhão: saiba para onde vão águas dos maiores açudes do CE até o início de 2025

Reunião de alocação negociada dos recursos hídricos ocorreu nesta quinta-feira (4)

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: Banabuiú, Orós e Castanhão são os principais abastecedores da população cearense
Foto: Divulgação/Cogerh

Os três maiores açudes do Ceará - Castanhão, Orós e Banabuiú - tiveram definidas as vazões médias de operação para o segundo semestre de 2024 e até 31 de janeiro de 2025, na manhã desta quinta-feira (4). A decisão foi aprovada durante o 31º Seminário de Alocação das Águas dos Vales do Jaguaribe e Banabuiú, em Quixadá, pelos cinco Comitês de Bacia Hidrográficas da região.

A distribuição negociada das águas desses reservatórios leva em conta os cenários de oferta e demanda de cada açude. Compare, a seguir, os volumes entre o fim da quadra chuvosa (em 31 de maio) e esta quinta-feira (4), conforme o Portal Hidrológico do Ceará:

  • Castanhão: 36,33% - 35,54%
  • Orós: 74,86% - 73,22%
  • Banabuiú: 42,86% - 43,04%

Antes da reunião, já havia sido divulgado que, pelo quinto ano seguido, o açude Castanhão não vai transferir água para a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) pelo Eixão das Águas, até o fim de janeiro do próximo ano, conforme decisão do Conselho dos Recursos Hídricos do Ceará (Conerh).

Meiry Sakamoto, gerente de Meteorologia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), lembrou que a quadra chuvosa de 2024 ficou 25,4% acima da média. No entanto, a região central do Estado teve precipitações mais irregulares, incluindo áreas abaixo da média.

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Após a retrospectiva, técnicos da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) apresentaram um balanço da operação realizada durante o 1º semestre de 2024 e propuseram três cenários de liberação. Em seguida, foi iniciada a votação.

Os comitês possuem representação da sociedade civil organizada, usuários de água e poderes públicos municipais, estaduais e federais. O Comitê das Bacias da Região Metropolitana de Fortaleza participou das discussões, mas não tem poder de voto sobre a alocação. 

Veja o que foi definido para cada barragem:

Banabuiú

Apesar do bom aporte desse ano, o açude teve a principal discussão entre os três reservatórios. Sem consenso, foi aprovada, por maioria, vazão de 3.300 L/s - a proposta mais alta e quase o dobro da definida em 2023, com 1.700 L/s. Com isso, a previsão é que o Banabuiú chegue a maio de 2025 com 33,7% do volume.

As águas devem ser destinadas aos Sistema de Abastecimento locais e rurais, Perímetro Irrigado de Morada Nova (PIMN), à região do rio que vai do açude até o Perímetro (Promovale) e outros múltiplos usos.

Orós

Foi definida por consenso a vazão de 4.500 L/s - há um ano, a decisão havia sido de 5.200 L/s. Por esse modelo, ao fim de janeiro de 2025, o Orós deve chegar a 52,82% do total. Ele deve ajudar no abastecimento humano, irrigação, dessedentação animal e aquicultura.

Castanhão

O maior açude cearense teve aprovada, também por consenso, vazão de 17 mil L/s - no ano passado, foi de 18 mil L/s. Até o início de 2025, ele deve perder cerca de 10% do volume e chegar a 25% do acumulado. Sem vir à RMF, as águas devem ser utilizadas para abastecimento humano, dessedentação animal, indústria láctea e de arroz, carcinicultura e irrigação. 

Nos três casos, os cálculos técnicos também avaliam perdas naturais causadas pelo transporte e pela evaporação.

Durante o evento, o diretor de Operações da Cogerh, Tércio Tavares, afirmou que as mudanças climáticas trazem um esforço maior para os Comitês em tomar as melhores decisões, “respeitando os usos múltiplos, mas também a sustentabilidade dos anos vindouros”. 

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