Número de açudes sangrando é o maior dos últimos 13 anos no Ceará
Maioria das 12 bacias hidrográficas do Estado têm autonomia para garantir abastecimento humano por, pelo menos, dois anos
O ano de 2022 já entrou para a história como um dos mais chuvosos no Ceará. Não somente a quadra chuvosa foi de intensos volumes, mas, também, a pré-estação (janeiro) e, agora, a pós-estação (junho). Esses bons índices pluviométricos impactaram direta e positivamente na recarga dos reservatórios do Estado.
Atualmente, são 42 açudes sangrando e outros 10 podem verter nos próximos dias diante do volume de armazenamento superior a 90%. Este é o melhor número dos últimos 13 anos.
Apenas em 2009 o Ceará tinha mais reservatórios em situação de sangria. Em 1º de junho daquele ano, eram 98 sangrando e 14 com capacidade acima dos 90%. Os dados são da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
Além da quantidade expressiva de açudes sangrando - o que representa 26,7% de todos os reservatórios monitorados pela Cogerh - as bacias hidrográficas estão igualmente em confortável situação, com raras exceções.
No início da quadra chuvosa, em fevereiro, das 12 bacias do Ceará, quatro estavam com volume médio abaixo dos 20% - o que já é um número considerado de alerta, uma vez que especialistas trabalhem com índice acima de 30% para obter conforto hídrico - e, agora, somente uma, a de Banabuiú, permanece neste patamar. Ela, inclusive, foi a única dentre as 12 cujo aporte conquistado na quadra chuvosa foi bastante reduzido.
Em todas as demais bacias, o cenário é de absoluto ou relativo conforto. No primeiro esquadrão, estão 8 bacias - ou seja, 67% do total - com volume médio acima dos 30%. Outras três têm volume inferior a 30%, mas apresenta relativo conforto, conforme avalia o secretário de Recursos Hídricos (SRH) do Ceará, Francisco Teixeira.
"O aporte conquistado neste ano foi importante e nos permite, agora, trabalhar a alocação de água dos próximos dois anos com bem mais tranquilidade", destacou Teixeira. Outro ponto ressaltado pelo titular da SRH diz respeito a Região Metropolitana de Fortaleza, cujo cenário é de absoluto conforto.
Importante salientar que a RMF chegou a 100% da capacidade de seus reservatórios e, com isso, suspendemos o estado crítico de escassez hídrica, permitindo que a Cagece suspendesse a tarifa de contingência.
A exceção reside na bacia de Banabuiú, onde está situado o açude homônimo e terceiro maior do Estado. A bacia encontra-se, hoje, com apenas 9,38%. Dos 19 reservatórios que compõem a bacia, apenas 5 (Curral Velho e Poço de Barro, ambos em Morada Nova; Jatobá, em Milhã; e São José I e II em Piquet Carneiro) estão com capacidade acima dos 30%.
Todos os outros, amargam situação de alerta, tendo o reservatório Banabuiú o cenário mais delicado, uma vez que ele abastece as principais das cidades da região, como Quixeramobim. Apesar de ter apenas 9% de volume armazenado, não há risco de desabastecimento para as cidades, garante o Diretor de Operações da Cogerh, Bruno Rebouças.
Boa recarga
Dos três maiores açudes cearenses, dois tiveram recuperação sem precedentes para os últimos anos. Castanhão e Orós mais que dobraram de volume e, agora, já ostentam segurança hídrica até as próximas quadras chuvosas, tendo, a situação do Orós, ainda mais conforto devido ao seu volume ter atingido a marca dos 50%.
O Castanhão, maior reservatório para múltiplos usos da água da América Latina mais que dobrou de volume entre o começo do ano e o mês de junho. Em janeiro, ele tinha menos de 9% de sua reserva total, que é de 6,7 bilhões de metros³.
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Atualmente, este índice está em 23,90%, o maior volume em 7 anos. Somente em 2022, o Castanhão já conquistou mais de 1 bilhão de metros cúbicos de água aportada.
O Orós, por sua vez, aporto mais de 550 milhões de metros cúbicos de água e saiu de um volume de 22,49%, em janeiro, para os atuais 50,01% - há 8 anos o reservatório não ultrapassava a marca dos 50%.