Nenhuma cidade do CE alcançou meta de vacinação contra a Covid-19; veja situação onde você mora

Baixa no número de casos e mortes e recusa da população podem justificar índices abaixo do esperado

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: Vacina bivalente protege contra cepa original do vírus e contra sublinhagens da Ômicron, a versão mais transmissível
Foto: Thiago Gadelha

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) voltou a recomendar com mais força a necessidade de imunização da população cearense com a vacina bivalente, a mais atualizada contra a Covid-19. No entanto, a cobertura vacinal só chegou a 18% do total, ao longo de nove meses de aplicação, bem distante do ideal de 90% recomendado pelo Ministério da Saúde.

Segundo o secretário executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, Antonio Lima Silva Neto (Tanta), o abastecimento de vacinas no Estado é “completamente regular”, o que não justifica a baixa procura pelo imunizante. O gestor reforça que a bivalente é a principal forma de prevenção contra casos graves.

O monitoramento da Rede Nacional de Dados de Saúde (RNDS), alimentado pelo Ministério da Saúde e consultado pelo Diário do Nordeste na última quinta-feira (23), traz os indicadores de cada um dos 184 municípios do Ceará - e o cenário é preocupante.

Apenas Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza, passou da metade do público (51,6%) estimado para receber a bivalente. Poranga, no Sertão de Crateús, que atualmente ocupa o segundo lugar, está com 42,6% de cobertura. Em terceiro, fica Deputado Irapuan Pinheiro, no Sertão Central, com 41,7%.

A Prefeitura desta última informou que todos os agentes comunitários de saúde possuem o controle de quem tomou e não tomou a vacina, fazendo assim busca ativa das pessoas que não completaram o esquema vacinal. Além disso, continuam ações de agendamento e mutirões de vacinação, além de parcerias de incentivo com as pastas de educação e desenvolvimento social.

A capital Fortaleza está com 19% de cobertura: tem 2,3 milhões de pessoas no público-alvo, mas só conseguiu aplicar em 436 mil. Não por falta de oportunidade: a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que a vacinação está disponível nos 118 postos de saúde da capital, de segunda à sexta-feira, de 7h30 às 18h30. 

Além disso, aos sábados, domingos e feriados, o atendimento é realizado em dois postos de saúde: Mattos Dourado, no bairro Edson Queiroz, e Irmã Hercília, no São João do Tauape. Segundo a Pasta, o imunizante está disponível para crianças a partir dos 6 meses, adultos e idosos. É necessário apresentar documento de identificação; menor de idade deve estar acompanhado por um responsável.

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Em Caucaia, segundo município mais populoso do Estado, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse ter adotado novas estratégias para fortalecimento da cobertura vacinal, e os espaços de imunização foram ampliados.

Para se imunizar, o cidadão caucaiense pode se dirigir a qualquer um dos 46 postos de saúde do município, de 8h às 15h30, de segunda a sexta-feira. Também há dois postos fixos instalados, no Grêmio de Caucaia e na Escola Rubens Vaz, de 9h às 14h, de segunda-feira a sábado.

Estimular a procura

Municípios que aparecem com baixo índice na RNDS também se movimentam para ampliar a imunização. Em Barreira, no Maciço de Baturité, a prefeita Auxiliadora Fechine promete intensificar a cobertura vacinal e “fazer mutirões para que a vacina chegue a quem precisa”. “A vacina salva vidas. Nunca mais queremos passar por essa pandemia”, disse à reportagem.

No sistema federal, consta a informação de que Santana do Cariri aplicou somente 36 doses da bivalente (0,26% do total). Contudo, a Secretaria Municipal de Saúde corrigiu o dado para 3.067 doses (21,4%) até novembro. “Sempre realizamos campanhas educativas de imunização no município. As vacinas são aplicadas nas oito unidades de saúde de Santana, de segunda a sexta-feira, nos horários da manhã e à tarde”, explica.

Cláudia Ferreira, coordenadora de Imunização de Fortim, no Litoral Leste, afirmou que a baixa procura da vacinação e a preocupação com possíveis perdas de doses levaram à criação de um cronograma nas salas de vacinas de cada Unidade de Saúde. As informações são repassadas para a população tanto pelas Equipes de Saúde quanto pelas redes sociais do município.

Fortim é outro município com diferença nos dados. Segundo o Ministério da Saúde, foram aplicadas 550 doses, mas, segundo Cláudia, já houve 1.330 aplicações da bivalente.

Recusa ainda é um problema

A coordenadora de imunização faz um alerta: devido à circulação de informações falsas sobre a vacina, muita gente prefere não completar o esquema com a 5ª dose.

“A gente faz busca ativa, leva vacina nos domicílios, mas tem muita recusa. Mesmo quando fazemos ações educativas, nas praças, em locais específicos, o público é pouco. A gente tenta convencer, informar, faz palestras, mas são poucos os que aceitam”, desabafa.

O epidemiologista Antonio Lima, da Sesa, garante a segurança do imunizante. “Não se trata de tomar uma vacina igual às demais, mas uma que foi atualizada e pode favorecer e potencializar respostas dos indivíduos que possivelmente se infectem”, pontua.

O Ceará contabilizou, de janeiro a outubro de 2023, 16.288 casos de Covid-19, segundo a Sesa. Ao longo do ano, houve 76 óbitos em decorrência da infecção. No auge de transmissões da pandemia, em janeiro de 2022, o Estado registrou mais de 74 mil casos em apenas uma semana.


 

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