Moradores são transportados em jumentos e redes para atendimento médico no interior do Ceará

As localidades de Cafundó e Escondido estão isolados da sede do município

Escrito por Matheus Facundo , matheus.facundo@svm.com.br
registros de pessoas levando pacientes de distrito de choró para um local onde há ambulância
Legenda: Pacientes andam mais de 4 km para conseguir entrar em carro ou ambulância
Foto: Reprodução

Subir em um jumento e se arriscar em uma rede improvisada para conseguir atendimento médico fazem parte da dura realidade dos moradores das serras do Cafundó e do distrito Escondido, em Choró, no interior do Ceará. No local, não chegam carros, motos e ambulâncias para pacientes, segundo relatou um agricultor e líder comunitário. 

Manuel Ferreira da Silva, 49, o Manel do Escondido, conta que os moradores têm de improvisar os próprios meios. Eles já até construíram uma passagem onde uma moto pode se aventurar.

"Quando adoece uma pessoa, quando dá pra descer, é montada na jumenta. Aí a gente vai até o 'pé da ladeira' e liga pro hospital e eles vão buscar a gente. É uma situação muito complicada".
Manoel Ferreira
Agricultor

São mais ou menos 4,5 km de caminho até onde uma ambulância pode alcançar. Manel, que também coordena a base do Sindicato dos Agricultores de Choró, relata que já teve diversas conversas com a Prefeitura e algumas promessas de melhoria. Elas nunca chegaram. 

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Geografia impede transporte 

Não é por falta de assistência e nem de conversa, segundo a Prefeitura de Choró. Conforme a gestão municipal, a geografia do local faz com que seja impossível a chegada de veículos nos distritos. 

De acordo com a secretária de Saúde de Choró, Jamille Maria Paz Moura, o hospital faz visitas constantes às famílias de Cafundó e Escondido. 

"Tem uma equipe que sobe periodicamente pra atender os pacientes. Quando tem chamado, a ambulância vai até o trajeto que dá pra ela ir. É uma subida muito íngreme. Nós fazemos dentro das nossas possibilidades. Vamos até onde dá. Eles não são desassistidos", relata a gestora. 

Em novembro passado, o Diário do Nordeste mostrou a dificuldade de recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em acessar a região. 

"Acredito que de todos os recenseadores de Choró, a minha zona foi a mais difícil. As localidades que peguei não têm acesso de moto. Foi preciso fazer tudo a pé", conta o jovem Vladson Moreira, estreante como recenseador. 

Para chegar até a localidade de Cafundó -- cujo nome já sugere a distância em que está na zona urbana -- Vladson precisou subir uma serra. Foram 2km de subida íngreme.

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