Covid no Ceará: 3ª onda repete padrão de casos por idade, mas taxa de mortalidade de crianças avança

Na nova leva da pandemia, óbitos caíram de forma significativa em todas as faixas etárias, mas infantil chama atenção

Escrito por Redação ,
Criança recebe vacina contra a Covid no Brasil
Legenda: Vacinação de crianças a partir de 5 anos foi iniciada no Ceará em janeiro deste ano
Foto: AFP

A rápida e intensa terceira onda de Covid no Ceará, impulsionada pela variante Ômicron, manteve o perfil de infectados das fases anteriores: o maior número de casos se confirma entre pessoas de 20 a 39 anos. Uma luz amarela, porém, se acende entre as crianças, que têm aparecido mais entre os óbitos pela doença.

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O padrão de distribuição dos casos de Covid por idade se repete, até agora, nas 3 ondas da doença: pacientes na faixa etária de 20 a 39 anos predominam entre os confirmados, enquanto crianças e idosos a partir de 70 anos somam menos casos.

Em relação aos óbitos pelo coronavírus, a situação também se assemelhou nas 3 fases da pandemia: houve mais mortes entre os idosos com 70 anos ou mais, e menos entre as vítimas de 10 a 29 anos de idade.

Os dados são do Integra SUS, plataforma da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), coletados pelo Diário do Nordeste na manhã desta segunda-feira (21). Para o levantamento, foram considerados os seguintes períodos:

  • 1ª onda – março a setembro de 2020 (6 meses)
  • 2ª onda – outubro de 2020 a novembro de 2021 (13 meses)
  • 3ª onda – dezembro de 2021 até agora (2 meses)

Para comparar os cenários, o levantamento não considera os números absolutos de casos e óbitos pelo coronavírus no Ceará, já que as ondas têm durações diferentes; e sim o padrão de distribuição dos diagnósticos e óbitos por faixa etária.

Efeitos da vacinação

Na atual onda pandêmica, as taxas de mortalidade por Covid – razão entre o número de casos e óbitos – estão significativamente menores do que em 2020 e 2021. Na 1ª onda, quase 29% dos idosos acima de 80 anos infectados foram a óbito; hoje, a taxa é de 9,3%.

A queda é verificada entre todas as faixas etárias, menos entre as crianças de 0 a 9 anos: que aparecem, inclusive, com taxa de mortalidade superior às faixas etárias de 10 a 49 anos.

A epidemiologista Lígia Kerr reforça que a maior parte dos pacientes que vão a óbito continua sendo de idosos, “faixa em que ocorre a maior baixa dos anticorpos”. Apesar disso, “a maioria dos infectados não morre, porque muito dessa população está vacinada”.

Entre as crianças, por outro lado, houve “um aumento proporcional de casos muito grande” não apenas na curva do Ceará, mas do Brasil, como destaca a infectologista.

As crianças costumavam ter menos a doença, mas dessa vez estamos lidando com variantes altamente transmissíveis, com alta carga viral. Então, quando a criança recebe a carga, agora é extremamente elevada.
Lígia Kerr
Epidemiologista

Para a médica, o atraso na autorização para imunizar as crianças de 5 a 11 anos, “dando margem a grupos antivacina”, foi um dos motivos da alta de casos e óbitos por Covid entre os pequenos.

“Isso postergou em mais de 15 dias a vacinação desse grupo, que já poderia estar tomando ou próximo de tomar a 2ª dose. Os adolescentes, por exemplo, já estão num patamar mais alto. É importantíssimo que a gente saiba o quanto essas vacinas estão protegendo”, frisa.

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A infectologista Melissa Medeiros, do Hospital São José (HSJ), reforça que "historicamente, é esperado que numa nova onda as crianças e adolescentes sejam mais acometidos, porque são os mais suscetíveis".

No caso da pandemia de Covid, pontua a médica, "eles ficaram resguardados em casa nas primeiras ondas, com aulas online, então não tiveram tanta infecção, ficando mais expostos". O atraso na vacinação, acrescenta, é outro fator decisivo.

Outra coisa que a gente começou a testar bem mais, consegue diagnosticar mais precocemente, inclusive crianças que internam por outras razões quando fazem o swab, dá positivo.
Melissa Medeiros
Infectologista do HSJ

Vacinação no Ceará

Até domingo (20), mais de 7,7 milhões de cearenses haviam tomado pelo menos uma dose (ou única) da vacina contra a Covid. Do total, 6,6 milhões voltaram para a 2ª dose, e 2,6 milhões já garantiram a aplicação de reforço.

A cobertura vacinal do Ceará avança: 88,78% da população está vacinada com pelo menos uma dose do imunizante; 79,15%, com duas doses; e 38,84% já tomaram a dose de reforço.

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