Unifor recebe a primeira exposição em realidade virtual do Ceará

Exposição “Naza na Natureza” integra comemoração pelos 50 anos da instituição

Escrito por Redação ,
pessoa usando óculos de realidade aumentada
Legenda: Desenvolvido por alunos e colaboradores da Universidade de Fortaleza, o projeto transporta obras da artista Naza Mcfarren para o metaverso
Foto: Ares Soares/Divulgação

A Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, recebe a exposição “Naza na Natureza”, da artista plástica piauiense radicada nos Estados Unidos, Naza Mcfarren, cujas obras serão expostas pelo campus.

Acerca das suas criações, Naza afirma que pode pintar sobre qualquer assunto, contanto que tenha a liberdade de seguir suas emoções. Entre as temáticas presentes em seu acervo está a natureza, sua fauna e flora.

“Para mim, ser um artista significa ser livre para deixar fluir as emoções sobre um certo modelo/assunto. Parte de minha produção artística tem como tema animais em extinção. Faço isso para chamar a atenção das pessoas para a necessidade de preservar o meio ambiente. É por esse mesmo motivo que decidi fazer a exposição presencial nas árvores”, explica a pintora.

Na exposição no campus da Universidade, Naza “veste” os troncos de 20 árvores com arte em tecido criada especialmente para elas. Uma pintura saúda o visitante ao nível dos olhos, e extensões dela continuam acima (até 5 metros de altura), abaixo e nas laterais. Cada embalagem começa com uma foto de alta resolução de uma pintura ou arte digital. O tecido é elástico, altamente respirável e não fará mal à árvore durante os meses de instalação. “Precisava de alguém no lugar certo para acreditar nisso”, comenta a artista.

A mostra, no entanto, irá além do plano físico, sendo transportada para o ambiente virtual por meio de projeto desenvolvido pelo laboratório Vortex, vinculado à Diretoria de Tecnologia (DTec) da instituição. 

A iniciativa é uma virtualização do Espaço Cultural Unifor e dos quadros da artista, que poderão ser visitados por meio de óculos de realidade virtual. Idealizado pelo coordenador do Vortex, Fernando Ferreira, o projeto contou com o apoio do diretor de Tecnologia, Eurico Vasconcelos; do coordenador da Vice-Reitoria de Extensão, Thiago Braga; e da chefe da Divisão de Cultura e Arte da Unifor, Adriana Helena.

No metaverso do Espaço Cultural, os visitantes poderão assistir Naza Mcfarren de qualquer lugar do mundo explicando um pouco do seu processo criativo e até “tomar um cafezinho” no Café das Artes. Aliando tecnologia à arte, o projeto é um avanço significativo para ambas as áreas e promete oferecer experiência única para aqueles que desejam explorar o mundo virtual da arte contemporânea. 

O desenvolvimento combina elementos do design, modelagem 3D e demais ferramentas digitais utilizadas para criar uma vivência verdadeiramente imersiva. Ao utilizar os óculos, o usuário é transportado para um mundo virtual, onde poderá se mover livremente pelo espaço, interagir com as obras de arte de forma mais próxima e pessoal e experimentar, por meio de lentes, a sensação de estar presente fisicamente na exposição. 

Além de Fernando, a equipe responsável pelo desenvolvimento do projeto é composta pelo professor Joel Sotero, do Centro de Ciências Tecnológicas (CCT), responsável por conduzir as atividades do projeto e orientar os estagiários da Vortex. Os alunos Henrique Abalen, Victor Freitas, Gabriela Borborema, Alejandro Elias e José Augusto e os colaboradores Yuri Nekan e Tamires Sousa completam o time de desenvolvimento do projeto.

A iniciativa inovadora e pioneira marca a primeira exposição virtual na Unifor, e possibilita, em um futuro próximo, que mais exposições no Espaço Cultural também sejam levadas para o metaverso.

reprodução de obra de arte de naza mcfarren
Legenda: Parte das obras tem como tema animais em extinção, para chamar a atenção das pessoas sobre a necessidade de preservação do meio ambiente
Foto: Divulgação

Proporções inimagináveis

Henrique Abalen, aluno do curso de Engenharia Mecânica, é um dos artistas 3D responsáveis pela modelagem de todo o espaço no projeto. Estagiário do Vortex desde 2021, o estudante trabalha na área de modelagem 3D e design dentro do laboratório, e, de acordo com o futuro engenheiro, ninguém imaginava a proporção que o projeto iria tomar.

Abalen desenvolveu os modelos 3D do projeto, e, ao apresentarem o esboço para os responsáveis pelo Espaço Cultural, o feedback foi super positivo, tornando as proporções do que estava sendo construído ainda maiores. Em seguida, a iniciativa precisou ser adaptada para se enquadrar aos óculos de realidade virtual.

“Foi muito diferente e muito legal [participar do projeto], e foi algo que a gente pôde ver realmente que estávamos inovando na Unifor”, pontua o estagiário. Ainda que fora da atuação mais tradicional de sua área, Henrique afirma que o projeto impactou em seu crescimento pessoal e profissional: “Abriu meus olhos”.

Egresso do curso de Engenharia de Controle e Automação e ex-estagiário do laboratório, Vitor Freire também integra o time de responsáveis pela execução da iniciativa desde o seu início. Assim como Henrique, Vitor se dedicou à modelagem 3D e à toda a réplica do Espaço Cultural.

Ele conta que todos no Vortex estavam torcendo para que surgisse a oportunidade de trabalhar com algo relacionado à realidade virtual, e quando a ideia veio da própria Unifor, em parceria com uma artista internacional, todos ficaram muito felizes.

Já para o aluno Alejandro Elias, da graduação em Ciência da Computação, participar do projeto como desenvolvedor foi sem dúvidas uma experiência sem igual: “O projeto teve que ser executado de forma acelerada, mas foi incrível participar da sua criação e estar na equipe. Deu para aprender muita coisa de diversas áreas, e o que eu aprendi com certeza servirá de base para os próximos projetos”.

“Aprender novas técnicas para que sejam utilizadas no projeto, construir e imitar estruturas físicas reais em um mundo virtual, e ter a chance de misturar dois tipos de mundos artísticos distintos, jogos e artes, tem um valor inestimável”, conclui.

Sobre o Vortex

O laboratório Vortex, mantido pela Diretoria de Tecnologia (DTec), é um espaço de aprendizagem e formação de alunos da Unifor. Dividido em times, o setor conta com profissionais que atuam na liderança de projetos e demais atribuições relacionadas a tecnologias e inovações.

“Nossa missão é proporcionar experiências para capacitar profissionalmente os alunos, e isso se dá por meio de vários projetos. Nós vamos ter projetos de pesquisas científicas, de inovação para campus e projetos de mercado, cada um com regras, complexidades e acordos diferentes”, complementa o coordenador Fernando. 

Sobre a exposição “Naza na Natureza”

A Universidade de Fortaleza recebe a exposição “Naza na Natureza”, da artista plástica piauiense radicada nos Estados Unidos, Naza Mcfarren. A iniciativa integra a programação especial comemorativa pelos 50 anos da instituição, celebrados no dia 21 de março.

A mostra poderá ser apreciada de duas formas: fisicamente por meio de intervenção artística no campus da Unifor com o envelopamento de árvores com obras da artista, sobretudo no entorno da Reitoria, e com óculos de realidade virtual no Espaço Cultural Unifor.

Na exposição no campus da Universidade, Naza “vestirá” os troncos de 20 árvores com arte em tecido criada especialmente para elas. Uma pintura saúda o visitante ao nível dos olhos, e extensões dela continuam acima (até cinco metros de altura), abaixo e nas laterais. Cada embalagem começa com uma foto de alta resolução de uma pintura ou arte digital. O tecido é elástico, altamente respirável e não fará mal à árvore durante os meses de instalação. 

Trajetória única de uma artista

A trajetória desta pintora brasileiro-americana é realmente única. Quando criança, desenhava com carvão nas calçadas de sua cidade natal, Santa Cruz do Piauí. Estudou em várias partes do Brasil e, aos 21 anos, começou sua carreira artística em Brasília.

De Brasília foi para Campo Grande (MS), depois para Fortaleza e Recife, sempre pintando e expondo seu trabalho, inclusive no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Em 1985, mudou-se para os Estados Unidos. Entre os lugares onde morou está o Panamá, onde foi contratada para pintar a família Noriega em meio às turbulências pré-guerra do final da década de 1980.

Ainda nos anos 1980, morou na área de Washington, DC, onde Naza começou a desenvolver seu estilo particular intitulado “abstracted realism”, técnica pela qual ela é conhecida. Uma mudança na vida privada fez com que ela passasse três anos na Carolina do Norte, de onde mudou-se para a Flórida em 1993. Em Boca Raton, abriu um ateliê/galeria e se tornou conhecida por seu envolvimento com causas sociais e ambientais, tanto no condado de Palm Beach como em todo o sul da Flórida.

Exposição “Naza na Natureza”

Local: Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321 – Campus da Unifor) e árvores no entorno da Reitoria da Unifor

Visitação gratuita: 

  • Espaço Cultural Unifor - terça a sexta, das 9h às 19h, e aos sábados e domingos, das 12h às 18h
  • Exposição nas árvores - segunda a sexta, das 6h às 23h, e aos sábados, das 6h às 18h
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