Espetáculo "Vamos falar de amor!" estreia em sessão única nesta quarta (31)

Montagem, assinada por Gylmar Chaves, percorre as diferentes nuances do sentimento por meio da combinação entre literatura e música

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@diariodonordeste.com.br

De quantas maneiras podemos encarar o amor, esse sentimento que, volta e meia, dá as caras nos mais diversos tipos de empreitadas ao redor do mundo? Para o poeta cearense Gylmar Chaves, as possibilidades são inúmeras. Há mais de 20 anos pesquisando sobre o tema, ele é dono de um vasto material na seara, com o feito de transitar entre história e literatura para elucidar detalhes curiosos e tão próprios do bem-querer.

O ápice dessa compilação de olhares é a obra "Quase que" (Editora Chiado), um dos 21 livros de sua autoria, publicado no ano passado. Nele, o escritor apresenta um panorama de textos de cunho investigativo, mapeando épocas e relações amorosas em vários períodos históricos. Em número de 100, os poemas representam um desejo antigo de mergulho na temática.

"Desde 1996 possuía uma ideia de escrever um livro só com poemas de amor. Já tinha essa vontade de adentrar na historiografia do tema e comecei a fazer algumas leituras pontuais, à medida que ia escrevendo alguns versos", conta, elencando referências do porte de Regina Navarro Lins, Mary Del Priori, Platão e Sérgio Cardoso como influenciadores de uma ótica mais refinada sobre os aspectos teóricos do afeto.

É nesse contexto de multidisciplinaridade temática que ele apresenta nesta quarta-feira (31), às 20h, no Cineteatro São Luiz, o espetáculo "Vamos falar de amor!", em sessão única. Autodefinida como lítero-musical, a montagem é a primeira incursão de Gylmar Chaves pelos palcos partindo somente de poemas presentes em seus livros (com exceção do que abre a noite, "Amor é fogo que arde sem se ver", do poeta português Luís Vaz de Camões).

No total, serão nove textos declamados. O momento para levá-los ao palco não poderia ser mais oportuno: hoje é o Dia Nacional da Poesia, gênero literário que elege o amor como um de seus principais objetos de inspiração.

Narrativas

Além da poesia falada, há dois músicos, os multi-instrumentistas Fábio Amaral e Moacir Bedê. As nove canções foram feitas especialmente para o espetáculo. "A música é um fio condutor maravilhoso para falar de amor", esclarece Gylmar. "O formato, porém, não é de recital. Os poemas servem de ligadura entre as narrativas de amor, paixão e poder que conto durante o espetáculo", completa, dimensionando que as historietas atravessam sociedades, culturas e épocas, estabelecendo uma conexão com o amor vivenciado nos tempos de hoje.

Ao falar, por exemplo, de grandes romances e personagens, as portas se abrem para o escritor trazer à tona até mesmo curiosidades arqueológicas, em movimento de total entrega ao que escolheu para investigar. "Por meio das pesquisas que fiz, constatei que há uma historicidade na forma de expressar o amor. Tornar isso acessível às pessoas é fazer com que elas saibam que o amor não se reduz ao sentir, ao vivenciar, mas existe uma história nisso, inclusa na nossa civilização", contextualiza.

O desejo de Gylmar é radiografar o sentimento do mundo da forma mais singela e profunda possível. "Espero tocar, por meio do espetáculo, o coração e o cérebro amoroso das pessoas. Porque acho que o amor não está no coração, mas exatamente no cérebro. O coração é apenas o ponto que faz bombear todo esse sentimento".

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