Quando pensamos em atividade lúdica, é inevitável pensarmos em papel, lápis de cor e tintas. Mas você sabia que o desenho infantil não é apenas uma atividade lúdica? Os traços infantis são uma forma de comunicação, que nos diz muito sobre o psiquismo das crianças. Através deles, os pequenos projetam sua percepção de mundo, seu universo interno. Por meio do que muitos acham que são apenas rabiscos, conseguimos entender e observar o desenvolvimento cognitivo, psicomotor, e emocional das crianças.
Vários teóricos como Piaget, Vygotsky e psicanalistas desenvolveram pesquisas e teorias que interpretam e explicam as fases do desenvolvimento infantil através dos desenhos. Alguns afirmam que o desenho é um preparo para o próprio desenvolvimento da escrita, outros como Piaget, dividem o desenvolvimento do desenho infantil em fases, conforme o desenvolvimento do psiquismo infantil.
Entretanto, além de identificarmos o desenvolvimento infantil, o desenho é uma ferramenta terapêutica de investigação riquíssima, na qual conseguimos acessar o que a criança não consegue expressar através das palavras.
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Existem vários testes psicológicos projetivos, nos quais, por meio dos desenhos conseguimos perceber questões emocionais não elaboradas, traumas, relacionamentos familiares conflituosos, medos, possíveis transtornos como ansiedade e depressão, tendências obsessivas, possíveis abusos que a criança sofreu ou esteja sofrendo.
E como perceber essas questões emocionais? Quando devo me preocupar com os desenhos do meu filho?
Antes de tudo, é importante entender que uma avaliação nunca pode ser feita somente a partir de um desenho. Para chegar a algum diagnóstico, são necessários outros testes, bem como, saber sobre a história de vida e contexto em que a criança está inserida. Ademais, essa análise é feita por profissionais especializados em psicologia infantil.
Porém, os pais, professores e adultos que convivem com a criança, podem ficar atentos a alguns aspectos dos desenhos e encaminhá-los para investigação.
Para interpretarmos, devemos levar em consideração, vários elementos do desenho, como: as formas, os traçados, o significado das cores, o tamanho, a posição na folha, o simbolismo que está por trás das imagens.
Ou, ainda, vamos imaginar uma criança que passou por algum abuso, pode ser que desenhe a figura abusadora deitada com ela na cama, ou com suas mãos em seu corpo.
Os elementos dos desenhos são inúmeros, as variações são diversas e claro que tudo deve analisado considerando a subjetividade de cada criança. Mas o que eu gostaria de ressaltar para os pais é que valorizem esse universo das crianças.
Estimulem a criatividade e a expressão através dos desenhos. Se seu filho não consegue verbalizar sobre um pesadelo que teve, sobre seu dia ruim na escola ou sobre sua relação com os amigos, peça-o para desenhar e converse sobre o desenho, peça-o para contar uma história sobre o desenho, explore-o com ele.
Vocês verão o quanto de conteúdo sobre as emoções e o quanto de conexão vocês conseguirão com seus pequenos. Afinal, desenhar é comunicar algo. Como disse Le Corbusier “Prefiro desenhar do que falar. Desenhar é mais rápido e deixa menos espaço para mentiras ”.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.