O que está por trás da agressividade infantil e como lidar?

Comportamento agressivo faz parte do desenvolvimento infantil

Legenda: Os pais precisam ajudar a criança na autorregulação emocional
Foto: ranaraya/ Shutterstock

Muitos pais se queixam por não saber lidar com a agressividade infantil. Ficam perdidos e acabam por agir de forma inadequada. Movidos pelo desespero, se irritam, gritam, acham que é frescura, que a criança faz de propósito, que tem personalidade ruim, ou até que há um grave transtorno.

Porém, antes de rotular seus filhos, é importante entenderem que o comportamento agressivo é comum e faz parte do desenvolvimento infantil. As crianças ainda não têm maturidade o suficiente para lidar com as frustrações.

Durante a infância, a região do cérebro responsável pelo controle dos impulsos (pré-frontal), está no início do seu desenvolvimento, por essa razão, a criança não consegue compreender suas necessidades emocionais, controlar e expressá-las de forma adequada.

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Causas da agressividade infantil

Esse comportamento deve ser compreendido como multifatorial. Os motivos são diversos, desde mudanças significativas na vida da criança como separação de pais, mudanças na rotina, chegada de um novo irmão; até o convívio em um ambiente familiar instável, onde os adultos não sabem lidar com suas próprias emoções; ou mesmo problemas escolares como dificuldades de aprendizagem, problemas com socialização e bullying.

Há ainda os fatores genéticos, onde a criança pode ser mais propensa à agressividade ou apresentar algum problema de saúde mental. Entretanto, o que percebo como maior causador desses comportamentos de fúria é a incapacidade de lidar com os “nãos”, com os limites.

A criança entende que é o centro do mundo, é naturalmente egocêntrica, e quando não é atendida da forma que espera, tende a agir de forma agressiva.

Outro ponto importante, é compreendermos que por trás de todo comportamento agressivo, há conflitos internos mal resolvidos, emoções não explicadas ou não percebidas. A birra é apenas a incapacidade de lidar com a frustração.

Os pais não devem atender ou reagir ao mau comportamento da criança, mas entender e atender a demanda por trás do comportamento. É exatamente nesse cenário de grande frustração, que os pais devem atuar como norteadores, para que a criança saiba até onde pode ir, assim, ela se sentirá mais segura. E para que as crianças construam uma psique de forma saudável, elas precisam desses limites.

Como os pais devem agir no momento de agressividade?

A principal conduta é ser coerente, manter a calma, acolher, e ajudar a criança nessa autorregulação emocional. Somente quando a criança estiver calma é que os cuidadores devem fazer os combinados e dar explicações. Digam: “assim eu não consigo conversar com você, então vou esperar você se acalmar”.

Se a criança estiver muito descontrolada, os pais devem conter com firmeza para evitar que ela se machuque ou machuque alguém. Não esqueçam também de elogiar os comportamentos positivos e oferecer alternativas, para que a criança compreenda que existem outras formas de resolver a situação, assim, os pais a ajudam a ampliar seu repertório comportamental.

Sempre observem o que está por trás do comportamento. “Está tudo bem em casa? Estou dando a atenção necessária? Algo mudou na rotina da criança?” São perguntas sempre necessárias.

Lembrem-se nesse momento que não é sobre o brinquedo que seu filho está pedindo, é sobre uma necessidade muito maior, de limites, de aprendizados, de ajustar algo mais interno que está faltando. Sei que é uma luta diária para os pais, mas, paciência, firmeza e respeito são importantes nesse momento.
 

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora