De Paris para Quixeramobim: Max Petterson estreia no cinema como bugueiro que mora em cabaré

Ator e youtuber cearense é destaque em “Bem-vinda a Quixeramobim”, nova comédia do diretor Halder Gomes (“Cine Holliúdy”). Max falou da trajetória no teatro, bastidores da filmagem e o sonho de interpretar Cazuza

Escrito por Antonio Laudenir , laudenir.oliveira@svm.com.br
Valéria Vitoriano
Legenda: Shirley (Chandelly Braz), Eri (Max Petterson) e Genésia Gilda (Valéria Vitoriano)
Foto: Divulgação

Do outro lado da linha é possível sentir a genuína felicidade de Max Petterson. O momento é dos mais bonitos na carreira do ator e youtuber. O filme “Bem-vinda a Quixeramobim” chega aos cinemas brasileiros na quinta-feira (6) e a produção marca a estreia do cearense nas telonas. 

Nova comédia do diretor Halder Gomes, que assina sucessos no cinema e TV como “Cine Holliúdy”, “Os Parças” e “O Shaolin do Sertão", conta a história de Aimée (Monique Alfradique). Influencer milionária, a protagonista teve todos os bens da família bloqueados após um caso de corrupção. A reserva que sobrou foi a fazenda no interior do Ceará,  herdada da mãe. 

Max dá vida ao personagem Eri, motorista de buggy e amigo das dançarinas locais, já que mora num cabaré. A pré-estreia do longa acontece nessa terça-feira (4), no tradicional Cineteatro São Luiz. O evento reúne parte do elenco, que conta com nomes como Edmilson Filho, Luís Miranda, Chandelly Braz, Silvero Pereira, Falcão e Rossicléa.

Nascido em Farias Brito, este cearense correu atrás do sonho de ser um artista profissional. Com muita luta conseguiu migrar para o Velho Mundo e estudar teatro na Université Paris VIII Vincennes, em Paris. Lá, encarou inúmeras dificuldades financeiras até ganhar notoriedade na internet com vídeos que falam da Cidade Luz de forma bem-humorada. O ator falou do primeiro filme, sua história de superação e o desejo de interpretar um grande astro do rock brasileiro. "Acredite no que faz e faça bem feito", indica.  

Da Europa a Quixeramobim 

Do início das filmagens à estreia nas salas do Brasil hoje, "Bem-vinda a Quixeramobim" segue uma experiência única na trajetória de Max. O ator resgata que a produção do filme foi bem rigorosa. As gravações foram finalizadas em dezembro de 2020 e exigiu dois meses de trabalho em isolamento por conta da pandemia de Covid-19.

O convite para trabalhar no novo projeto de Halder Gomes foi motivo de muito orgulho e um alívio naquela altura da pandemia. "Eri veio como um presente. Cada personagem deste filme foi um presente para cada pessoa do elenco. 'Bem Vinda à Quixeramobim' aconteceu em uma hora onde ninguém achava que teria trabalho. Não existia vacina, os índices de Covid-19 estavam muito altos", situa. 

Esse contexto fez florescer a união e entrega dos profissionais envolvidos no projeto. Essa proximidade entre elenco e equipe transparece nas cenas e o clima foi de leveza. Como o mercado da cultura estava parado, o trabalho no interior cearense foi uma válvula de escape para quele momento tão difícil.

Nesse primeiro filme da carreira, Max concentrou-se no ator que estudou para ser e na habilidade quando o assunto é humor. Em cena, um cativante personagem que possui destaque no enredo da história."Eri tem papel importante nesse processo da Aimée. Ela vai para o Ceará com toda essa dificuldade de adaptação. Ele a ajuda nesse momento da vida. Ela é uma blogueira e o Eri, um seguidor. Imagina o êxtase que é para ele, ter uma influencer na cidade dele", compartilha.

“Bem-vinda a Quixeramobim” foi uma das produções exibidas em abril deste ano no 24º Festival do Cinema Brasileiro de Paris, sendo o único filme cearense desta edição. O longa tem produção da Glaz, com co-produção da Globo Filmes e distribuição da Downtown Filmes. 

Sempre teremos Paris? 

O tempo não para e Max segue realizando diferentes projetos. O cearense está no elenco de "O Cangaceiro do Futuro”, série da Netflix também dirigida por Halder Gomes. Outro trabalho nesse lúdico universo audiovisual é sua participação na terceira temporada da série Cine Holliúdi, da Globoplay.

Por conta da agenda no Brasil, Max revela que passou apenas três meses este ano por Paris. Algo inédito, descreve. O nordestino ainda mora por lá e entende que toda a correria de hoje faz parte desse processo artístico.

Da atuação nas redes sociais ao território do streaming, o filho de Farias Brito aponta que o mercado vive rica fase."O universo ficou mais amplo para os artistas do audiovisual", conta.

Sobre a participação de produtores de conteúdo em filmes e outros produtos audiovisuais, Max adverte que em seu caso não podem reclamar. "Sou ator de formação antes de ser da internet. É um lado bom ter esse dois em um do ator e influencer". Quem vê o trabalho consolidado de hoje, nem imagina da luta e dos anos de estudo do cearense. 

Viver um astro do rock

Max relembra o início da sua trajetória nas artes. Quando criança, ficava encantando vento programas de calouros na TV. "Eu queria cantar, mas eu não canto que preste. Na verdade, meu anseio era por estar no meio artístico. Viver esse universo", assume.

Entre 11 e 12 anos, uma professora de teatro de sua cidade mudou a realidade da criança. Tudo começou quando a prefeitura abriu inscrições para um grupo de teatro local. "Ela me inscreveu na seleção e me disse 'segunda-feira você vem aqui no teatro'. E eu fui. Desde então tudo mudou".

Foi quase sete anos de estudos com a Curumins do Sertão, associação cultural que desempenha importante papel de educação e formação de jovens em Farias Brito. Max conta que essa trajetória o aproximou do gênero drama. Por conta dos projetos ligados ao humor, boa parte dos convites de trabalho são para comédias.

Uma das maiores vontades do cearense seria interpretar Cazuza (1958-1990). Uma série, um filme... Atenção equipes que realizam testes de elenco, quando surgir uma oportunidade de papel sobre o poeta é só convocar Max Petterson. 

"Uma das maiores coisas que me aconteceu não foi dinheiro ou fama. É poder chegar em vários lugares sem deixar de ser quem eu sou, sem mudar o que sou. Foi a maior conquista. Nada de tentar se adaptar aos outros. Não é necessário. Acredite no que faz e faça bem feito". 

Direto da querida cidade natal, Max assume que a expectativa de se ver na telona ao lado de tanta gente amiga e talentosa é inexplicável. Para lidar com a espera, o cearense prefere mandar um convite para os espectadores. "Nos vemos nessa terça-feira, hein". 

 

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