Criada no Ceará, turminha infantil Tac Tacs se populariza no YouTube e ganha parque itinerante
Com interação entre real e virtual, os personagens tem características peculiares e divertidas e fazem sucesso entre as crianças
Os pais de hoje têm uma missão "quase impossível": dosar o tempo que os filhos passam em frente às telas digitais e na interação com a realidade. E quem enxerga a criança pode se sair, nessa questão, com um meio termo: apresentar o "mundo real" aos pequenos no conteúdo online. Foi com essa e outras deixas que os cearenses da produtora Blitz Intervenções criaram a turminha dos Tac Tacs.
Desde outubro de 2016, os personagens ganharam vida para animações veiculadas no YouTube e para uma apresentação de bonecos, circulando em shoppings, dentre outros espaços.
No último dia 29 de junho, a turma dos Tac Tacs apresentou um novo clipe (agora são 15, dentre 28 vídeos veiculados no canal) e fez o show "Os Tac Tacs e as Lendas do Brasil", no Shopping RioMar Fortaleza. Em paralelo, o projeto Parque Fazendinha Tac Tacs foi lançado no Salvador Shopping, na Capital baiana.
Conheça a turma:
Segundo Jadeilson Feitosa, diretor da Blitz Intervenções, ao lado do irmão Jaderson, a turminha surgiu depois que a produtora já viajava pelo Brasil apresentando shows de contos clássicos.
"E aí, naturalmente, a gente ia criando músicas, montando nossos próprios shows, e percebendo os caminhos pelos quais o mercado ia. Então a gente resolveu criar nossa própria turminha", situa.
O termo "Tac Tacs" vem do barulho do sapato dos personagens. Indagado se outras turmas conhecidas das crianças de hoje, a exemplo do Mundo Bita, do Palavra Cantada e do Show da Luna, motivaram o projeto, Jadeilson observa que a turminha cearense, diferentemente dessas referências, "parte do virtual para estimular o offline", destaca ele.
"A gente quer gerar trabalho para artistas. Então, a ideia é que as pessoas conheçam a turminha por meio dos vídeos, para depois acompanhar os personagens nos teatros, nos shoppings, movimentando figurinistas, atores, músicos, roteiristas. Vai além de um produto virtual", esclarece.
Jadeilson e Jaderson Feitosa encabeçam o projeto. E vários artistas locais se envolvem nas diversas frentes da turma. Aretha Karen assina a composição das músicas. O diretor teatral e artista visual Yuri Yamamoto (Grupo Bagaceira/CE) responde pelo traço dos personagens.
Felipe Revuelta dirige os shows nos shoppings, e a arquiteta Isabelle Diocleciano desenvolve o espaço do Parque Fazendinha Tac Tacs.
De acordo com Jadeilson, nenhum desses artistas trabalha "exclusivamente" em um único processo. "Eles acabam se envolvendo no projeto todo, pra dar a cara que a gente quer para os Tac Tacs", enfatiza o diretor.
Nomes
Os nomes dos personagens Tati, Bio, Ian, Lila, Vevé, Beebela e Zizo, ora foram inspirados em gente "real", ora respondem a arquétipos da psicologia infantil. "A gente queria que fossem nomes pequenos. E bebemos um pouco desses arquétipos, da criança introvertida, extrovertida", observa Jadeilson Feitosa.
Segundo o diretor, a vaquinha Lila, por exemplo, é supercriativa, imaginativa, frequenta aulas de canto, sapateado, dança, adora aparecer, "mas, no entanto, ela erra tudo na hora de fazer, é megainsegura. Porque ela sente falta da atenção da mamãe dela, a Mom. E ao mesmo tempo ela tem intolerância à lactose", conta.
Bio - lembrando o clássico Cebolinha, da Turma da Mônica - troca a letra "C" pela "T". O personagem fala "tasa" (ao invés de "casa), "topo" (copo), "taderno" (caderno). "Um primo nosso tinha essa mesma dificuldade na fala. Encontramos essas referências em gente até bem conhecida, mas é meio que segredo (risos)", admite o diretor.
Na versão "ao vivo", os fantoches dos personagens foram desenvolvidos pelos artesãos dos bonecos da TV Colosso (programa infantil exibido na Globo entre 1993 e 97), dirigidos por Beto Dornelles (RJ).
"Na época, eles estavam animando o gato da novela 'O Sétimo Guardião'. Foram muito gentis, cuidaram de cada detalhe dos bonequinhos, e já recebemos quase toda a turma em formato de fantoches", recapitula Jadeilson.
Continuidade
Perguntado se hoje, para os produtores de conteúdo, torna-se cada vez mais complexo ganhar atenção do público com o que se cria, Jadeilson Feitosa reflete quais seriam as estratégias dos Tac Tacs para estimular uma relação entre a turminha, crianças e adultos.
Em três anos, o canal no YouTube recebeu quase 4,5 mil de inscrições e o vídeo mais visualizado foi "Fazendinha Tac Tacs", visto em torno de 214 mil vezes.
"Às vezes, um youtuber grava no celular, faz um vídeo sem cortes, sem edição nenhuma, no quarto dele, e tem milhões de visualizações a mais do que um vídeo nosso. Então é um trabalho de formiguinha o que a gente faz. Nos preocupamos com o conteúdo, que mensagem estamos passando para crianças e pais. É importante oferecer uma experiência, não só algo que vai gerar uma visualização e pronto", coloca Jadeilson.
"Não é só um vídeo em si. É preciso ter o olhar aberto para essa nova formar de consumir sim, mas gerando conteúdo com responsabilidade", complementa.