Compositor do "Pessoal do Ceará", Rodger Rogério volta a lançar material inédito

O EP "Velho Menino" traz canções feitas pelo artista em parceria com Dalwton Moura. O lançamento ocorre neste domingo (20), no São Luiz

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@diariodonordeste.com.br

A percepção de Rodger Rogério sobre o tempo torna sua trajetória leve e aberta a novas possibilidades. O lançamento do EP "Velho Menino" marca os 75 anos de idade do compositor cearense e, apesar de reconhecer a longevidade dessa estrada, Rodger admite que nunca "se sentiu" um veterano da vida. Ele chega aos 75 no próximo dia 28 e o disco estará disponível nas plataformas digitais a partir desta sexta (18).

O novo álbum reúne cinco composições, feitas em parceria com o jornalista, compositor e produtor Dalwton Moura (CE). Neste domingo (20), "Velho Menino" será lançado ao vivo no Cineteatro São Luiz (Centro). Os músicos Robson Gomes (piano e acordeom), Rogério Franco (violão), Luciano Franco (contrabaixo) e Paulinho Santos (bateria) acompanharão Rodger no palco.

O compositor ainda recebe uma série de convidados especiais no São Luiz: Bruno e Mateus Perdigão (Bloco Luxo da Aldeia), a cantora Kátia Freitas e o guitarrista Cristiano Pinho. Rodger também contará com a participação dos filhos Rami, Flávia e Daniela Rogério; e a neta Júlia Fiore.

Autor de canções como "Retrato Marrom" (parceria dele com Fausto Nilo) e "Barco de Cristal" (com Fausto e Clodô), o compositor sempre se dividiu entre a música, as artes cênicas e a Física - ele é professor aposentado pela Universidade Federal do Ceará/UFC.

Nome celebrado pelo legado do Pessoal do Ceará - movimentação musical que reuniu nomes como Fagner, Ednardo, Belchior (1946-2017) e Fausto Nilo nos anos de 1970 - Rodger Rogério passou a ter, nesta última década, sua obra revisitada por novos compositores da música local, a exemplo de Vitoriano, Daniel Groove e Vitor Colares.

A retomada para o cenário musical também teve a responsabilidade, segundo ele, de produtores como Ivan Ferraro (da Feira da Música, evento pelo qual Rodger gravou um disco ao vivo, em 2003), Caio Napoleão (Cantinho do Frango) e o próprio Dalwton Moura.

"E aí segui, primeiro meio na brincadeira, porque eu sou muito preguiçoso (risos). Se não tiver alguém me dizendo 'vamo, vamo', deixo as coisas de stand by. Mas tô sempre compondo. É quase uma mania", observa o compositor.

Oscilações

Ao puxar pela memória as fases de sua carreira artística, dos anos de 1970 até aqui, Rodger Rogério não tem o hábito de precisar datas, mas pontua alguns eventos marcantes. "Quando eu era mais novo, e me reunia com o Petrúcio (Maia, 1947-1994), Ednardo, Fagner, Peninha, nunca me sentia um cantor. Cantava porque gostava, mas não me via como um. E era muito inibido também com o negócio do palco", recorda o compositor.

Rodger revela que, de início, sua intenção era ser violonista. No entanto, ele não tinha tempo para se dedicar ao instrumento e, em paralelo, priorizava o envolvimento com a Física. Pelo conhecimento científico, fez mestrado na Universidade de Brasília (UnB) e se dedicou a academia até se aposentar, em 1990. Hoje, o artista mantém o interesse em acompanhar o pensamento contemporâneo da área, mas sem o rigor profissional de outrora.

Composição

No cenário musical, Rodger Rogério segue até hoje, de certa forma, a escolha que fez nos anos de 1970: ocupar esse espaço enquanto um compositor. "Comecei a ver que tinha facilidade pra fazer melodia, e vi que meu negócio pra música seria por aí. Comecei a compor com mais frequência, fazer parcerias. Minha intenção não era cantar. E era casado com uma cantora (Téti), ela que cantava (risos)", recorda ele, sobre a ex-mulher e parceira. A dupla gravou o álbum "Chão Sagrado", de 1975, cuja faixa-título foi escrita em parceria com Belchior.

Rodger lembra que, na divulgação do disco "Meu corpo, minha embalagem, todo gasto na viagem" (1973), uma das principais obras do Pessoal do Ceará, a música de trabalho era "Terral" (Ednardo). "Então (para divulgar o álbum) não precisavam tanto de mim (risos). E nessa época, voltei de São Paulo pra Fortaleza, porque tive um problema no pulmão e o médico recomendou que eu voltasse pra me curar", detalha o compositor.

Velho Menino

Para o novo EP, Rodger e Dalwton Moura reuniram quatro obras inéditas: a faixa-título, o samba "Deusas d`Iracema", a marchinha "Descompassos" (assinada por Rogério Franco também) e o tema instrumental "Jeri Digital" (feita por Rodger para a trilha do Festival de Cinema de Jericoacoara). "Uma canção a mais", a quinta faixa do disco, foi registrada para o álbum da dupla Rogério Franco e Dalwton Moura, "Futuro e Memória", lançado há um ano.

Sobre o repertório, Rodger pontua que a primeira composição criada, desta série, foi "Deusas d`Iracema". "Fiz logo quando eu e o Dalwton nos conhecemos e o título do disco é uma sugestão dele. A música (faixa-título) se chamava 'Amplidão' e ele mudou", revela o compositor cearense.

Serviço 
Rodger Rogério 75 anos 

Show no Cineteatro São Luiz (Rua Major Facundo, 500, Centro) neste domingo (20), às 18h, com o lançamento do EP “Velho Menino”. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). O disco estará à venda no local: R$ 20. Contato: (85) 3252.4138 - tudus.com.br (venda antecipada)

Legenda: Capa do Ep "Velho Menino"
Foto: Arte por Caio Castelo

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