Ailton Krenak se torna o primeiro indígena a entrar para a Academia Brasileira de Letras

Favorito na disputa, Ailton Krenak ocupará a cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras (ABL)

Escrito por Flávia Marques ,
Ailton Krenak
Legenda: Ailton Krenak é eleito para a Academia Brasileira de Letras
Foto: Kid Júnior

Ailton Krenak, escritor e líder indígena, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) nesta quinta-feira (5). Krenak foi o mais votado entre os 15 nomes que disputavam a vaga, sendo o primeiro indígena a entrar para a instituição. 

O ambientalista ocupará a cadeira 5 da ABL, vaga que antes pertencia a José Murilo de Carvalho até sua morte em agosto. Krenak era o favorito na disputa, mesmo sem fazer campanha. Ao contrário dos concorrentes, o escritor ficou a maior parte do tempo na Reserva Indígena Krenak, no município de Resplendor, em Minas Gerais.

O escritor indígena Daniel Munduruku também concorria a cadeira, mas recebeu apenas 3 votos. Antes da eleição, ele acusou Krenak de traição, afirmando que os dois teriam feito um acordo para que somente um indígena concorresse e que essa pessoa seria Munduruku. Krenak negou as acusações.

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Nascido no vale do Rio Doce, em Minas Gerais, Ailton Krenak tem 70 anos e é Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Ainda neste ano, ele assumiu cadeira 24 da Academia Mineira de Letras.

Aos 17 anos, Krenak passou a morar no Paraná, onde se alfabetizou e se tornou produtor gráfico e jornalista. Na década de 1980, ele passou a se dedicar ao movimento indígena, fundando a a organização não governamental Núcleo de Cultura Indígena em 1985.

Em 1987, o ambientalista fez parte da Assembleia Nacional Constituinte, responsável pela elaboração da Constituição Brasileira de 1988. Durante discurso na tribuna, Krenak protagonizou um dos momentos mais marcantes da Assembleia, pintando o rosto com tinta preta do jenipapo, seguindo o costume indígena brasileiro, em protesto ao que considerava um retrocesso na luta pelos direitos indígenas.

É autor dos livros "A vida não é útil" e “Ideias para adiar o fim do mundo”, onde aponta tendências destrutivas da sociedade e critica a ideia de humanidade como algo separado da natureza.

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