Não há indícios de agressões de Jairinho contra mãe de Henry, diz delegado
O diretor do Departamento Geral da Polícia Cívil do Rio disse que a investigação do caso está na reta final
A investigação sobre da morte do menino Henry Borel, 4, não aponta que a mãe do menino, Monique Medeiros, tenha sido agredida ou coagida pelo vereador Dr. Jairinho para ser convivente às agressões sofridas pelo filho. A informação é do diretor do Departamento Geral da Polícia Cívil do Rio, delegado Antenor Lopes, em entrevista ao Brasil Urgente.
Segundo o delegado, a postura do casal, na verdade, era de muita união e parceria. "Chegaram juntos na delegacia, de mãos dadas, saíram juntos, o mesmo advogado acompanhou o depoimento de ambos. Inclusive, no dia da operação que levou à prisão, eles estavam dormindo juntos. Foram encontrados em um terceiro imóvel”, analisou o delegado.
Veja também
Para o delegado, Henry foi vítima de homicídio duplamente qualificado mediante tortura e sem possibilidade de resistência, conclusão mediante provas testemunhais, periciais e documentais.
A polícia ainda aguarda alguns depoimentos para que o caso seja apresentado ao Ministério Público. Entre eles, o da faxineira Leila Rosângela. Thayná de Oliveira, ex-babá de Henry, disse que a diarista também mentiu em seu primeiro relato aos policiais.
"A Investigação está em sua fase final, nós esperamos terminar alguns poucos depoimentos ainda considerados relevantes. Juntas as peças técnicas periciais e, posteriormente, encaminhar esse inquérito para o Ministério Público, para o promotor Marcos Kac. Nossa expectativa é que ele ofereça a denúncia, e que esse fato vá a julgamento mais rápido possível”, disse Lopes na entrevista.
ENTENDA O CASO
Henry Borel morreu na madrugada de 8 de março, no apartamento em que vivia com Monique e Dr. Jairinho, na Barra da Tijuca. Segundo as investigações, Henry era agredido pelo vereador com bandas, chutes e pancadas na cabeça. Monique tinha conhecimento da violência desde o dia 12 de fevereiro, pelo menos.
Henry foi levado pela mãe e pelo padrasto ao hospital Barra D'Or na madrugada de 8 de março e já chegou à unidade sem vida.
COMPORTAMENTO DO CASAL
Os celulares do casal e de outros envolvidos no caso foram apreendidos no início das investigações. A polícia descobriu que Dr. Jairinho e Monique apagaram conversas de seus telefones e suspeitam que tenham trocado de aparelho.
A partir de um software israelense, o Cellebrite Premium, comprado pela Polícia Civil no último dia 31 de março, foi possível recuperar o conteúdo.
Durante a prisão, na quinta-feira, o casal tentou se livrar dos celulares que usavam, jogando os aparelhos pela janela. A polícia conseguiu recuperar os celulares.
O vereador tem um histórico de violência. A polícia investiga se ele agrediu duas crianças, filhos de suas ex-namoradas. Uma das crianças, hoje com 13 anos, prestou depoimento à polícia e contou sobre agressões que sofreu quando tinha cinco anos.
Monique também chamou atenção dos policiais por seu comportamento após a morte do filho. Antes de ir à delegacia, no início das investigações, ela trocou de roupa duas vezes até escolher um modelo branco.
No dia seguinte ao enterro, ela passou a tarde no salão de beleza para fazer as unhas e o cabelo.
PRISÃO
O vereador carioca Jairo Souza Santos Júnior, mais conhecido como Dr. Jairinho, e a mãe de Henry Borel, a professora Monique Medeiros, foram detidos no dia 8 de abril por policiais da 16ª DP, da Barra da Tijuca, após a juíza Elizabeth Louro Machado, do II Tribunal do Júri da Capital, expedir mandados de prisão temporária por 30 dias.
Os investigadores afirmam que Henry foi assassinado com emprego de tortura e sem chance de defesa. O inquérito aponta que a criança chegou à casa da mãe por volta de 19h20 de 7 de março, um domingo, após passar o fim de semana com o pai.
Conforme o depoimento prestado pelo pai de Henry na delegacia, a mãe da criança teria ligado para ele por volta das 4h30 de 8 de março e comunicado o incidente. Segundo Leniel, Monique teria dito que encontrou o filho com os olhos revirados e com dificuldade de respirar e o teria levado ao hospital.
Henry foi levado ao hospital pela mãe e pelo padrasto Dr. Jairinho. O menino chegou na unidade de saúde sem vida, com hemorragia interna, laceração hepática, contusões e edemas.
Ao analisar imagens do elevador, os peritos responsáveis pelo caso identificaram que ele já estava morto quando foi levado ao hospital. Diante disso, a Polícia Civil investiga se a mãe da criança, a professora Monique Medeiros, e o padrasto, o vereador Dr. Jairinho (sem partido), demoraram 39 minutos para socorrê-lo.