Polícia ouve depoimentos de filhos de ex-namoradas de Dr. Jairinho, investigado pela morte de Henry
A mãe de Henry e Dr. Jairinho, seu namorado, são tratados pela polícia como investigados pela morte de Henry Borel
A Polícia Civil do Rio de Janeiro está investigando se Jairo Souza Santos Jr, o vereador Dr. Jairinho (Solidariedade) agrediu duas crianças, filhos de ex-namoradas. Ele e a atual namorada, a professora Monique Medeiros, são investigados pela morte de Henry Borel, de 4 anos, filho da mulher.
Uma das crianças, hoje com 13 anos, prestou depoimento à polícia e contou sobre agressões que sofreu quando tinha cinco anos. Em entrevista ao Fantástico, a mãe da adolescente disse que a filha relatou que Jairo a chutava, socava e a afogava na piscina.
"Já tinha mais de um ano que eu tinha me separado dele. Ela, um dia, assistindo a um programa de televisão com a minha mãe, sobre a questão do abuso infantil, teve uma crise de choro e contou", disse. Mãe e filha viveram com o vereador quando a criança tinha de 3 a 5 anos.
A mulher relatou que, após a morte de Henry, Jairo ligou para uma pessoa da sua família. Segundo a ex-namorada, a ligação foi uma tentativa de Jairo mostrar que ainda lembra da família. "Ele é um homem influente, é um homem com dinheiro. Sempre deixou claro para mim 'eu conheço muita gente, eu conheço desembargador, eu conheço juiz", relata.
A mulher contou que se sentiu mal ao descobrir que Henry não queria voltar para a casa de Monique e Jairo e passou mal antes de entrar no apartamento no dia anterior à sua morte, pois sua filha tinha o mesmo comportamento na presença do vereador.
"Eu não percebia o que acontecia ali. Ele é uma pessoa que tem um poder de persuasão, um poder de conversar, de lábia impressionante", ressalta a mãe.
Morte de Henry
Henry passou o fim de semana anterior à morte com o pai, que o deixou no condomínio da mãe e do namorado na noite de domingo, 7 de março, sem lesões aparentes.
Na madrugada do dia 8 de março, Monique e Jairinho levaram o garoto às pressas para o hospital, onde ele chegou já morto. Segundo o casal, a criança foi encontrada desacordada, com olhos revirados e sem respirar, no quarto onde estava dormindo.
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Um exame de necropsia concluiu que as causas do óbito do garoto foram "hemorragia interna" e "laceração hepática" (lesão no fígado), produzidas por uma "ação contundente" (violenta). Ele tinha outras diversas lesões e hematomas pelo corpo.
Monique e Jairo começaram a ser tratados pela polícia como investigados na semana passada, após novos fatos apurados. Até então, ele eram testemunhas do caso.
A reconstituição da morte de Henry foi realizada pela polícia na quinta-feira (1°), sem a participação do casal. O resultado deve definir se uma queda poderia causar tantos danos ao garoto.
Outra vítima
A outra criança, um menino, é filho de outra ex-namorada de Jairo e convivia com o homem em 2015. Uma amiga da família contou ao Fantástico que a mudança de comportamento do garoto foi muito brusca.
"O primeiro [caso] foi a primeira vez que eu percebi que o menino tava com umas manchinhas roxas. Na barriga, na perninha", disse a amiga.
"Eu escutei a mãe falar que ela acordou na madrugada como se estivesse dopada de remédio. E ela levantou com as pernas pesadas, e ele tava dando banho na criança. E a criança tava chorando", relata a mulher sobre outro episódio.
A defesa do casal disse ao Fantástico que não há relação de Jairo com agressões a crianças e ressaltou que "a todo momento, desde o início, a gente tem municiado todas as autoridades, e o público em geral, com todas as informações".
Perguntas não respondidas
- Peritos apontam que as lesões no corpo de Henry não são compatíveis com acidente doméstico. O que as causou?
- Por que a faxineira limpou o apartamento antes de a polícia fazer a perícia?
- Uma ex-namorada de Dr. Jairinho o acusa de agredir sua filha, na época criança. A defesa diz que ele é perseguido pela mulher há 10 anos. O vereador estaria envolvido na agressão?
- As mensagens nos celulares do casal realmente foram apagadas? Por qual motivo?
- Outra ex-namorada do vereador contou à polícia que, seis horas após a morte do menino, teve uma conversa com Jairinho "como se nada tivesse acontecido". Por que ele não falou sobre a morte?
Os investigadores já ouviram 17 pessoas sobre o caso. Entre elas, a faxineira que limpou o apartamento do casal um dia após a morte de Henry (antes da perícia), uma ex-namorada do parlamentar que o acusou de agressões contra ela e sua filha, na época criança, a psicóloga do menino e as pediatras que o atenderam no Hospital Barra D'Or.
Ao todo, 11 celulares foram apreendidos em diferentes endereços ligados à família da criança na semana passada. Diante de informações de que mensagens teriam sido apagadas dos aparelhos do casal, a polícia usa um programa de dados especial para resgatar as mensagens.