Médica é perseguida há mais de quatro anos por ex-paciente no Distrito Federal
Agressor já foi internado duas vezes, mas volta a procurá-la após altas médicas
A médica psiquiatra Laura Campos, de 34 anos, relatou ser vítima de perseguição constante há mais de quatro anos por parte de um ex-paciente. O caso teve início em 2021, no Distrito Federal.
O caso ganhou repercussão nacional após a profissional contar a situação em um vídeo publicado nas redes sociais. A gravação, publicada no TikTok, já ultrapassou 1 milhão de visualizações.
De acordo com Laura, o homem fez apenas duas consultas em 2019. Depois disso, ela nunca mais teve contato com ele.
Contudo, dois anos mais tarde, o homem voltou a procurá-la pelas redes sociais. Inicialmente, o comportamento parecia inofensivo, com reações a stories e comentários neutros.
No entanto, as mensagens se tornaram estranhas e preocupantes, com frases como “não precisa ter medo de mim”. A médica decidiu então bloquear o perfil do homem.
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Um mês depois, o perseguidor apareceu presencialmente na clínica onde Laura trabalhava.
A médica relatou ao g1 que, ao ser abordada, não o reconheceu imediatamente, até que ele se apresentou, dizendo ser a pessoa que ela havia bloqueado no Instagram semanas antes.
Após o episódio, a médica pediu à equipe de segurança do prédio que impedisse o acesso do homem, acreditando que o problema estaria resolvido. Contudo, três dias depois, ele voltou a aparecer.
A partir daí, segundo Laura, o tormento começou: o homem passou a frequentar o local quase todos os dias, enviando mensagens que variavam entre declarações amorosas e ameaças.
Classificação de inimputabilidade
Com o agravamento da situação, Laura procurou a polícia e conseguiu medidas protetivas na Justiça.
No entanto, o stalker continuou a desrespeitar as ordens judiciais.
O homem acabou sendo classificado como inimputável, ou seja, considerado incapaz de responder por seus atos devido a transtornos mentais. Por isso, ele não pode ser preso.
A médica precisou mudar de local de trabalho e, por um período, restringiu seus atendimentos ao formato online, temendo novos encontros com o agressor.
Segundo ela, o homem já foi internado duas vezes por determinação judicial, mas sempre retomava o contato após as altas.
O episódio mais recente ocorreu em 8 de setembro deste ano, quando o perseguidor voltou a tentar comunicação.
Mesmo bloqueado em redes sociais e aplicativos de mensagens, ele segue enviando e-mails.
Laura optou por não bloquear esse canal para poder monitorar quando o homem entra em surto e se preparar para possíveis incidentes.
Falhas na proteção judicial
A médica afirmou ao g1 que já gastou grandes quantias com advogados e medidas legais, mas sente-se desamparada.
Ela acredita que a Justiça é incapaz de lidar com casos como o seu, quando o agressor é considerado inimputável.
Laura avalia que o máximo que acontece é a internação temporária do homem até a estabilização de seu quadro, sem continuidade no acompanhamento médico necessário.
O crime de stalking
Desde 2021, o crime de perseguição é previsto no artigo 147-A do Código Penal, conhecido como Lei do Stalking.
A norma estabelece pena de seis meses a dois anos de prisão para quem persegue alguém de forma reiterada, ameaçando sua integridade física ou psicológica, restringindo sua liberdade ou invadindo sua privacidade.
No caso de Laura, no entanto, a punição não se aplica, já que o agressor foi considerado inimputável.
A médica segue em alerta constante e busca novas formas de garantir sua segurança.