Médica é perseguida há mais de quatro anos por ex-paciente no Distrito Federal

Agressor já foi internado duas vezes, mas volta a procurá-la após altas médicas

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 15:40)
Foto da médica Laura Campos, que é perseguida há quatro anos por um stalker
Legenda: Laura Campos, médica psiquiatra de 34 anos, é vítima de stalking desde 2021, no DF.
Foto: Reprodução

A médica psiquiatra Laura Campos, de 34 anos, relatou ser vítima de perseguição constante há mais de quatro anos por parte de um ex-paciente. O caso teve início em 2021, no Distrito Federal.

O caso ganhou repercussão nacional após a profissional contar a situação em um vídeo publicado nas redes sociais. A gravação, publicada no TikTok, já ultrapassou 1 milhão de visualizações.

De acordo com Laura, o homem fez apenas duas consultas em 2019. Depois disso, ela nunca mais teve contato com ele.

Contudo, dois anos mais tarde, o homem voltou a procurá-la pelas redes sociais. Inicialmente, o comportamento parecia inofensivo, com reações a stories e comentários neutros.

No entanto, as mensagens se tornaram estranhas e preocupantes, com frases como “não precisa ter medo de mim”. A médica decidiu então bloquear o perfil do homem.

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Um mês depois, o perseguidor apareceu presencialmente na clínica onde Laura trabalhava.

A médica relatou ao g1 que, ao ser abordada, não o reconheceu imediatamente, até que ele se apresentou, dizendo ser a pessoa que ela havia bloqueado no Instagram semanas antes.

Após o episódio, a médica pediu à equipe de segurança do prédio que impedisse o acesso do homem, acreditando que o problema estaria resolvido. Contudo, três dias depois, ele voltou a aparecer.

A partir daí, segundo Laura, o tormento começou: o homem passou a frequentar o local quase todos os dias, enviando mensagens que variavam entre declarações amorosas e ameaças.

Classificação de inimputabilidade

Com o agravamento da situação, Laura procurou a polícia e conseguiu medidas protetivas na Justiça.

No entanto, o stalker continuou a desrespeitar as ordens judiciais.

O homem acabou sendo classificado como inimputável, ou seja, considerado incapaz de responder por seus atos devido a transtornos mentais. Por isso, ele não pode ser preso.

A médica precisou mudar de local de trabalho e, por um período, restringiu seus atendimentos ao formato online, temendo novos encontros com o agressor.

Segundo ela, o homem já foi internado duas vezes por determinação judicial, mas sempre retomava o contato após as altas.

O episódio mais recente ocorreu em 8 de setembro deste ano, quando o perseguidor voltou a tentar comunicação.

Mesmo bloqueado em redes sociais e aplicativos de mensagens, ele segue enviando e-mails.

Laura optou por não bloquear esse canal para poder monitorar quando o homem entra em surto e se preparar para possíveis incidentes.

Falhas na proteção judicial

A médica afirmou ao g1 que já gastou grandes quantias com advogados e medidas legais, mas sente-se desamparada.

Ela acredita que a Justiça é incapaz de lidar com casos como o seu, quando o agressor é considerado inimputável.

Laura avalia que o máximo que acontece é a internação temporária do homem até a estabilização de seu quadro, sem continuidade no acompanhamento médico necessário. 

O crime de stalking

Desde 2021, o crime de perseguição é previsto no artigo 147-A do Código Penal, conhecido como Lei do Stalking.

A norma estabelece pena de seis meses a dois anos de prisão para quem persegue alguém de forma reiterada, ameaçando sua integridade física ou psicológica, restringindo sua liberdade ou invadindo sua privacidade.

No caso de Laura, no entanto, a punição não se aplica, já que o agressor foi considerado inimputável.

A médica segue em alerta constante e busca novas formas de garantir sua segurança.

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