Umbu: o que é e quais os benefícios do fruto

Multifacetada, a fruta pequena e de formato arredondado oferece um complexo de vitaminas com ação anti-inflamatórias e antioxidantes

Escrito por Felipe Mesquita ,
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Legenda: Do tupi-guarani, umbu quer dizer "árvore que dá de beber"
Foto: shutterstock

Fruto agridoce por mesclar sabores cítrico e adocicado, o umbu é nativo do semiárido brasileiro. Versátil, ele pode ser consumido in natura ou harmonizado em pratos doces e salgados de diferentes texturas, de seca à gelatinosa. Tudo isso somado aos benefícios das vitaminas B1, B2, B3 A e C e os minerais cálcio, fósforo e ferro, essenciais para o bem viver.

Mesmo se fazendo presente na culinária e na agricultura familiar do Nordeste, há registros do umbu desde o Brasil Colonial, quando também era chamado de "ambu", "imbu" ou "ombu", termos estes que derivam da palavra tupi-guarani ymbu, cujo significado é "árvore que dá de beber". 

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Por armazenar até 1,5 litro de água e reservas nutritivas nas raízes modificadas, o que permite resistir à seca, a fruta alcança maior resistência ao estresse hídrico, como explica a nutricionista clínica e engenheira de alimentos, Juliana Nogueira*, que também ressalta o valor socioeconômico do fruto.

"O umbu é uma espécie frutífera nativa do umbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda), planta tropical endêmica, xerófila lenhosa e perene, que produz os frutos em épocas de baixa precipitação. Ele possui um papel importante no Nordeste, como recurso nutricional e fonte alternativa comercial para agricultura familiar durante a quadra não chuvosa", justifica.

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Legenda: Umbuzeiro consegue reter até 1,5 litro de água em suas raízes
Foto: Shutterstock

Como plantar?

As sementes de umbuzeiro germinam apenas em condições específicas de umidade, temperatura e luz, preferencialmente no início do período de chuvas e sem a necessidade de desmatar a área de plantio. 

Segundo a professora do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará (UFC), Larissa Morais Ribeiro da Silva*, o plantio deve ser feito após o uso da fruta.

"Recomenda-se que depois disso, as sementes sejam guardadas por um período de seis meses antes do plantio. Para apressar essa germinação, pode ser feito um corte inclinado na parte distal do caroço (oposta ao pedúnculo do fruto)", explica.

Quantos tipos existem?

O gênero Spondias possui aproximadamente 18 espécies, a exemplo do umbu, cajarana (S. lutea L.), seriguela (S. purpurea L.), umbuguela (Spondias sp.), cajá-manga (S. cytherea Sonn.) e umbu-cajá ((Spondias sp.), que são frutos diferentes. 

Para que serve?

As vitaminas A e C presentes no umbu, em especial, estimulam o sistema imunológico, a cicatrização, a formação do colágeno e a absorção de ferro, combatem a ação dos radicais livres, prevenindo o envelhecimento precoce e doenças como o câncer.

Ao mesmo tempo, explica Juliana, as vitaminas do complexo B presentes no fruto atuam no metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas, enquanto as do A também previnem doenças da córnea. Além disso, têm alta concentração de fibras, o que estimula o bom funcionamento do sistema digestivo e potencializa a saciedade.

"É fonte de fibras (2g a cada 100g) e oferece uma sensação maior de saciedade, reduzindo o consumo de calorias diárias por controlar o apetite e auxiliando na perda de peso", complementa. 

Como comer?

Com polpa branco-esverdeada, suculenta e agridoce, a maneira mais comum de apreciar a fruta é in natura, ou seja, sem ser processada depois de retirada do pé. No entanto, o umbu vai bem no preparo de sucos, chás, pudim, mousse, sorvete, geleia, compota, vinhos, vinagres, refrigerante, cachaça, além da tradicional umbuzada.

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Legenda: Umbu tem notas de sabor doces e cítricas
Foto: Shutterstock

Como preparar o suco?

Rico em vitaminas e antioxidante, o umbu deve ser lavado com água potável e sanitizado através da imersão em uma solução à base de cloro para destruição dos micro-organismos, antes de ir para o liquidificador. 

Conforme Larissa Morais, a solução pode ser preparada utilizando água sanitária, quando no rótulo constar uso permitido para alimentos. Os frutos devem ficar submersos por 15 minutos e, em seguida, deve ser feito o enxágue com água potável.

Processo concluído, é hora de cortar a fruta em pedaços com ou sem casca, retirar o caroço e bater a polpa no liquidificador com água. Depois, o suco deve ser adoçado e servido gelado.

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Como fazer polpa?

Já para a obtenção da polpa de umbu, a orientação é cozinhar os frutos. Quando eles partirem durante a fervura, é hora de retirá-los e deixar que esfriem. Deve-se tirar os caroços e processar no liquidificador. Na sequência, é preciso peneirar e finalizar o processo colocando a polpa em potes individuais no freezer.

Como fazer o chá?

A nutricionista Juliana Nogueira detalha que o chá da casca do umbuzeiro é recomendado contra diarreias e outras moléstias. Esta preparação, que também pode ser feita com as folhas, é usada ainda como calmante.

"Pode ser feito por infusão. Aqueça bem a água, acrescente as folhas no recipiente e deixe abafar por 15 minutos", esclarece.

Pode comer a casca?

A resposta é sim. O umbu contém nutrientes e compostos com potencial bioativo não apenas na polpa, mas também na casca e na semente.

"As cascas desidratadas (ao sol ou forno) e moídas são utilizadas no preparo de refrescos e xarope. A casca fina é resistente, mas é comestível se não incomodar em mastigá-la. Usualmente, ela é retirada e serve de alimentos para animais da pecuária", afirma Juliana.

o que é umbu
Legenda: Polpa da fruta é suculenta e agridoce
Foto: Shutterstock

Há contraindicações?

Larissa Morais evidencia que não há referências na literatura quanto à restrição do consumo de umbu. No entanto, se ingerido em excesso, pode causar erosão dental por ser um alimento ácido. Ela conclui ressaltando que a fruta não é considera reimosa. 

Já Juliana Nogueira pondera que no caso de indivíduos com patologias como o refluxo gastresofágico, em que o ácido dos alimentos volta à boca, o umbu pode causar vômitos.

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Receitas

  • Umbuzada (tradicional da Bahia)

Ingredientes

  • 500 g de umbu 
  • Água para cozinhar 
  • ½ xícara de açúcar demerara 
  • 1 xícara de leite vegetal

Modo de preparo

Comece cozinhando o umbu em uma panela com água até ele mudar de cor. Espere esfriar, remova a polpa e bata no liquidificador com o leite e o açúcar. Em seguida, é só colocar na geladeira para servir geladinho.

  • Sorvete de Umbu

Ingredientes

  • 1 kg de umbu
  • 1 lata de leite condensado
  • 1 lata de leite (usar a lata de leite condensado como medida) 
  • 1 lata de creme de leite
  • 2 e 1⁄2 xícaras de água

Modo de Preparo

Coloque as frutas numa panela e acrescente a água. Leve ao fogo e, assim que ferver, deixe cozinhando por mais ou menos 10 minutos. Espere esfriar e então escorra a água, apertando os umbus para remover os caroços.

Coloque a polpa com casca no liquidificador e acrescente os ingredientes restantes. Bata bem, até que se forme uma mistura de consistência homogênea. Despeje o conteúdo num refratário, deixe tampado e leve para o congelador por 4 horas. 

A seguir, retire do congelador e bata mais uma vez. Coloque novamente para congelar por mais 2 horas, ou até que endureça. Está pronto para servir.

  • Geleia de umbu

Ingredientes

  • 500g de umbu sem caroço
  • 250g de açúcar
  • 500 ml de água
  • 1 fatia de limão

Modo de Preparo

Leve ao fogo a água, os umbus e deixe ferver por 15 minutos. Coe e leve novamente ao fogo com o açúcar e um pouco mais de água (cerca de 100 a 200ml). Quando começar a ferver, esprema a fatia de limão. A geleia estará pronta quando atingir uma cor parecida com mel.

Especialistas

*Juliana Nogueira é graduada em Nutrição pelo Centro Universitário Estácio e Engenheira de Alimentos pela UFC. Também possui pós-graduação em Vigilância Sanitária de Alimentos (Uece) e pós-graduação em Nutrição Clínica Avançada: Metabologia, Terapêutica Nutricional e Dietoterapia (USCS/SP).  Atualmente, é pós-graduanda em Atendimento Nutricional no Envelhecimento (UCAM/SP).

*Larissa Morais é Engenheira de Alimentos, doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos e professora do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Ceara (UFC).






 

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