Anvisa alerta para efeito colateral raro com uso de substância que compõe o Ozempic

O uso da semaglutida pode, em situações "muito raras", causar perda rápida de visão. Brasil já registra 52 casos suspeitos

Escrito por
Luana Severo luana.severo@svm.com.br
Mulher segura caneta de Ozempic
Legenda: Profissionais que prescreverem os medicamentos devem alertar seus pacientes sobre o risco e orientar sobre os sinais de alerta
Foto: Shutterstock

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta nesta quinta-feira (12) sobre um evento adverso "muito raro" que pode levar à perda de visão associado ao uso de medicamentos com semaglutida, como Ozempic, Rybelsus e Wegovy, normalmente indicados para o tratamento de diabetes e obesidade.

O órgão solicitou aos fabricantes dos fármacos a inclusão, na bula, da reação adversa "muito rara" chamada "neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (Noiana)".

A decisão foi tomada nacionalmente após análises do Comitê de Avaliação de Risco em Farmacovigilância da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), que identificou a Noiana como possível evento adverso da semaglutida.

No sistema brasileiro de notificação de eventos adversos de medicamentos, o VigiMed, foram registradas ao menos 52 notificações suspeitas de distúrbios oculares relacionados à semaglutida, informou a Anvisa.

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Como é o efeito adverso que afeta a visão?

A Noiana causa perda de visão pela redução do fluxo sanguíneo para o nervo óptico, o que leva a uma isquemia, ou seja, à falta de oxigenação. Dependendo do caso, segundo a Anvisa, a condição pode ser irreversível e exige atenção imediata.

Sendo assim, o órgão recomenda que os profissionais que receitarem os medicamentos aos seus pacientes os alertem para este risco, ainda que ele seja raro, e os orientem sobre os sinais de alerta.

Pacientes que tiverem sintomas como perda repentina de visão, visão turva ou piora rápida da visão durante o tratamento com semaglutida devem buscar atendimento médico imediatamente. Caso a condição seja diagnosticada, o tratamento com o remédio deve ser interrompido.

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Semaglutida só pode ser vendida com retenção de receita

No último mês de abril, a diretoria colegiada da Anvisa aprovou um controle mais rigoroso na prescrição e dispensação de medicamentos conhecidos como "canetas emagrecedoras". Estão incluídos neste rol os seguintes fármacos:

  • Semaglutida;
  • Liraglutida;
  • Dulaglutida;
  • Exenatida;
  • Tirzepatida;
  • Lixisenatida.

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Com a decisão, a prescrição médica deve ser feita em duas vias, e a venda só poderá ocorrer com a retenção da receita na farmácia, como acontece com os antibióticos.

A medida foi tomada para proteger a saúde da população, devido à quantidade elevada de eventos adversos relacionados ao uso desses medicamentos fora das indicações aprovadas pela agência de fiscalização.

A medida não altera o direito do médico de prescrever medicamentos para finalidades diferentes das descritas na bula — prática conhecida como uso "off-label". Nesses casos, o profissional entende que, para determinado paciente, os benefícios do tratamento com o medicamento superam os riscos.

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