Superfungo Candida Auris: conheça riscos, sintomas e prevenção

Três pessoas foram infectadas em Belo Horizonte

Três pacientes de Belo Horizonte foram infectados pelo Candida auris (C. auris), conhecido como "superfungo", causando um alerta de saúde devido à alta disseminação e resistência aos medicamentos antifúngicos, informou a Agência Brasil nesta quarta-feira (16).

De acordo com a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), uma pessoa diagnosticada com o fungo teve alta em setembro e outra em 4 de outubro. O terceiro paciente segue internado. Os três casos foram confirmados no Hospital João XXIII, na capital mineira.

Outros 22 casos suspeitos de infecção pelo superfungo estão sendo monitorados na unidade e aguardam o resultado de exames. Os pacientes não apresentaram sintomas.

Origem do vírus

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta que o Candida auris é um fungo emergente que representa uma ameaça à saúde global. Ele foi identificado pela primeira vez como causador de doença em humanos em 2009, no Japão.

No Brasil, a espécie foi primeiramente identificada no cateter de um paciente num hospital de Salvador, em dezembro de 2020. Nesse primeiro surto, 15 pessoas foram infectadas. Uma única outra infecção foi identificada também em Salvador, em dezembro de 2021.

Em janeiro de 2022, um hospital em Recife, Pernambuco, notificou uma nova suspeita. Ao todo, foram registrados 47 casos com o terceiro surto de C. auris no Brasil.

Riscos da infecção

A espécie também tem a capacidade de infectar o sangue, levando a casos mais graves e, por vezes, letais. Geralmente, o fungo acomete pacientes em estado grave, que permanecem por longos períodos em unidades intensivas de tratamento. 

Outra característica que torna a espécie preocupante é sua capacidade de sobreviver por meses em superfícies como macas, móveis e instrumentos. É possível, por exemplo, que indivíduos saudáveis transportem o fungo entre unidades hospitalares sem saber.

A transmissão, contudo, se dá somente pelo contato direto com objetos ou pessoas infectadas.

Resistência aos antifúngicos

Uma característica do fungo que causa alerta especialistas é que algumas cepas de C. auris são resistentes às três principais classes de fármacos antifúngicos (polienos, azóis e equinocandinas). Essa resistência aos fungicidas levou a espécie a receber o apelido de superfungo.

Também há a dificuldade em identificar o fungo, pois o diagnóstico requer métodos laboratoriais específicos, já que C. auris pode ser facilmente confundido com outras espécies de Candida.

"A espécie produz o que os cientistas chamam de biofilme, camada protetora que a torna resistente ao fluconazol, à anfotericina B e ao equinocandinao, três dos principais compostos antifúngicos", esclarece artigo da Agência Brasil.

Os organismos do reino Candida já são bastante conhecidos por causar infecções orais e vaginais muito comuns em seres humanos, como as candidíases, que conseguem ser combatidas com fungicidas vendidos em farmácias.

Conforme artigo do Museu de Ciências e tecnologia da PUCRS, o superfungo também tem a característica de se manter vivo no ambiente por longos períodos, pois é resistente a alguns desinfetantes comuns.

"Dessa forma, C. auris pode se espalhar nos ambientes hospitalares por meio do contato com superfícies ou equipamentos contaminados e/ou de pessoa para pessoa. Assim, para que possa ser eliminado, é importante a utilização correta dos produtos químicos de limpeza destinados à higienização de ambientes hospitalares", diz artigo da PUCRS.

População de risco

Estudos indicam que, entre os fatores de risco para a infecção com o Candida auris, estão: cirurgia recente, diabetes, uso de antibióticos e antifúngicos de amplo espectro. No entanto, ainda é necessário um aprofundamento para identificar detalhadamente aspectos referentes às infecções desse fungo.

Até o momento, as infecções por C. auris foram identificadas em pacientes de todas as idades, todos eles em ambiente hospitalar. 

Além do Brasil e do Japão, o superfungo já foi diagnosticado em pacientes de outros países como Índia, África do Sul, Venezuela, Colômbia, Estados Unidos, Israel, Paquistão, Quênia, Kuwait, Reino Unido e Espanha.

Sintomas

Os sintomas comuns da infecção pelo fungo são febre e calafrios que não melhoram após o tratamento com antibióticos, além da ausência de infecção bacteriana, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão de saúde dos Estados Unidos.

Prevenção

Segundo a Anvisa, a principal forma de prevenção do fungo é a higienização correta das mãos com água e sabão, uso de luvas e aventais e medidas de limpeza dos ambientes hospitalares e esterilização de dispositivos e utensílios médicos.