Mpox: o que é, quais os sintomas e grupos de risco

Anteriormente conhecida como varíola dos macacos, a doença voltou a ser uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), conforme a OMS

A mpox é uma zoonose causada pelo mpox vírus (MPXV), do gênero Orthopoxvirus e família Poxviridae. A doença pode ser transmitida entre animais e seres humanos, sendo a transmissão para humanos causada por meio de contato com pessoa infectada, materiais contaminados ou animais silvestres (roedores) infectados.

De acordo com o médico infectologista Danilo Campos, o vírus responsável por essa infecção foi identificado pela primeira vez em 1958. A doença, anteriormente conhecida como varíola dos macacos, voltou a ser uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), conforme anúncio da Organização Mundial da Saúde (OMS), devido à rápida propagação da doença.

Na última semana, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) confirmou que 13 pacientes foram diagnosticados com mpox no Estado neste ano, segundo o monitoramento atualizado do órgão.

Conforme o último painel da mpox no sistema, o Ceará teve 582 casos da doença até outubro de 2023, a maioria concentrados em Fortaleza (427). No Brasil, já foram notificados 709 casos confirmados ou prováveis neste ano. A doença já causou a morte de 16 pessoas no País, desde 2022, sendo a mais recente em abril de 2023.

Sintomas

A doença é caracterizada por erupções cutâneas que podem aparecer nos órgãos genitais ou na boca. Pode causar febre, dor na garganta ou nos gânglios linfáticos. 

Dentre os sintomas da monkeypox, estão: 

  • Erupções cutânea ou lesões de pele
  • Adenomegalia - Linfonodos inchados (ínguas)
  • Febre
  • Dores no corpo
  • Dor de cabeça
  • Calafrio
  • Fraqueza

Os sintomas podem durar de duas a quatro semanas. A característica mais típica da doença é o surgimento de lesões de pele, que começam como pequenas bolhas que evoluem para úlceras. Pode ocorrer febre e surgimento de gânglios palpáveis antes do surgimento das lesões de pele. 

Grávidas, crianças e imunodeprimidos têm maior chance de apresentar formas mais graves, como pneumonia e inflamação do sistema nervoso. 

Transmissão

Segundo o especialista, a doença é transmitida principalmente pelo contato com as lesões de pele e por fluidos corporais. Objetos recentemente contaminados podem oferecer risco de contágio. O Ministério da Saúde alerta que uma pessoa pode transmitir a doença desde o momento em que os sintomas começam até que as lesões de pele tenham cicatrizado completamente. 

Diagnóstico

O diagnóstico é laboratorial, por teste molecular ou sequenciamento genético, feito por meio da coleta de material das lesões de pele. 

Conforme o Ministério da Saúde, a amostra a ser analisada é coletada, preferencialmente, da secreção das lesões. Quando as lesões já estão secas, são examinadas as crostas das lesões. As amostras são encaminhadas para os laboratórios de referência no Brasil.

Mpox tem cura?

A mpox é autolimitada, ou seja, evolui para cura sem maiores consequências na maioria das pessoas, uma vez que os sintomas desaparecem em algumas semanas após a infecção. O órgão de saúde esclare que, em alguns pacientes, especialmente aqueles com diminuição na imunidade (imunocomprometidos), crianças e gestantes, os sinais e sintomas podem levar a complicações, caso não haja assistência adequada.

Tratamento

O infectologista Danilo Campos afirma que não há tratamento específico para a infecção pelo vírus da mpox. "A atenção médica é usada para aliviar dores e demais sintomas. Casos graves selecionados podem receber um antiviral indicado para mpox", afirma o médico. 

O que fazer para se prevenir?

As medidas de prevenção consistem em evitar contato direto com as lesões de pele e a prática de sexo seguro. A orientação da OMS é que pessoas com suspeita ou confirmação da doença devem cumprir isolamento imediato, não compartilhar objetos e material de uso pessoal, tais como toalhas, roupas, lençóis, escovas de dente, talheres, até o término do período de transmissão.

 Veja orientações:

  • Higienize regularmente as mãos com água e sabão ou utilize álcool em gel, principalmente após o contato com a pessoa infectada;
  • Lave roupas, toalhas, lençóis, talheres e objetos pessoais que possam ter entrado em contato com as erupções e lesões da pele ou secreções respiratórias (por exemplo, utensílios, pratos) com água morna e detergente;
  • Limpe e desinfete todas as superfícies contaminadas e descarte os resíduos contaminados (por exemplo, curativos) de forma adequada;
  • Quando se aproximar de alguém infectado, a pessoa doente deve utilizar máscara (comum ou cirúrgica), sobretudo se tiver lesões na boca ou se estiver tossindo;
  • Evite o contato pele a pele sempre que possível e use luvas descartáveis se precisar ter contato direto com as lesões;
  • Em países onde há animais portadores do vírus mpox, evite contato desprotegido com animais selvagens, sobretudo se estiverem doentes ou mortos (incluindo contato com carne e sangue do animal);
  • Alimentos com partes de animais devem ser bem cozidos antes de serem consumidos.

Recomendações para a população de grupos de risco e viajantes

O especialista em infectologia Danilo Campos recomenda que populações mais vulneráveis como gestantes, crianças e imunodeprimidos devem evitar deslocamentos para locais com alta incidência de mpox, bem como evitar aglomerações. A prática de sexo com proteção é sempre recomendada.

Vacinação

O Ministério da Saúde negocia a aquisição emergencial de 25 mil doses de vacina contra a Mpox por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A ministra da Saúde, Nísia Trindade, explicou que não haverá vacinação em larga escala contra a Mpox.

“No Brasil, nós vacinamos com uma licença ainda especial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em casos muito excepcionais, para grupos muito vulneráveis, pessoas que tinham tido contato com outras pessoas doentes. Então, a vacinação nunca será uma estratégia em massa para a mpox”, completou.

Por que a varíola dos macacos mudou de nome?

Em 2022, a OMS decidiu que a varíola dos macacos ou monkeypox seria renomeada como mpox ou varíola M. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a mudança de nomenclatura atende um apelo de países, comunidade científica e sociedade civil para evitar associações racistas e estigmatizantes ao antigo nome, que fazia referência à descoberta do vírus em 1958, em macacos vivendo em cativeiro.

À época, a agência recomendou o período de um ano para que as referências à doença fossem substituídas gradualmente.