'Secretário de Segurança é rainha da Inglaterra?', ironiza Moraes em depoimento de servidor da PMDF
Ouvida no inquérito da trama golpista, a testemunha de defesa do ex-ministro e ex-secretário Anderson Torres minimizou o poder do réu sobre o comando da Polícia Militar no DF
Uma testemunha de defesa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, irritou o ministro Alexandre de Mores, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante depoimento prestado nesta quarta-feira (28) à Corte.
Segundo a CNN Brasil, Rosivan Correia de Souza, servidor da Secretaria de Segurança Pública, minimizou o poder de Torres sobre o comando da Polícia Militar do DF, afirmando que o comando geral da corporação não estaria subordinado à pasta, apenas vinculado a ela.
Ao fim da oitiva, o procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, questionou se não havia mesmo hierarquia entre a secretaria e a PM e foi respondido pelos advogados do ex-ministro, que argumentaram que a relação era de vinculação, não de subordinação.
Moraes rebateu: "Fui secretário de Segurança. Há relação total de subordinação. O secretário de Segurança comanda a Polícia Militar e a Polícia Civil", disse. A testemunha, porém, manteve o posicionamento inicial, o que irritou o ministro, que disparou: "O secretário da Segurança é uma rainha da Inglaterra aqui?".
"Não diria uma rainha da Inglaterra. Atualmente, a gente tem até uma vinculação mais forte", retrucou o servidor. "Doutor, querer dizer que a Secretaria de Segurança não exerce hierarquia sobre as polícias é querer dizer que um eventual presidente da República não é o comandante-chefe das Forças Armadas", comparou o magistrado.
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Testemunhas de defesa
Nesta quarta-feira, são ouvidas, no STF, testemunhas de defesa do ex-ministro e ex-secretário Anderson Torres, réu no inquérito que trata de uma trama golpista iniciada em 2022, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Torres é classificado pela PGR como integrante do chamado "núcleo 1" ou "núcleo crucial" da tentativa de golpe, que teria o objetivo de abolir o Estado Democrático de Direito e romper a ordem institucional para reverter o resultado das eleições presidenciais daquele ano.