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Roberto Pessoa quer disputar 4º mandato, dividido entre Capitão Wagner e Elmano: "Isso é democracia"

Prestes a completar 80 anos, prefeito de Maracanaú traça planos para reeleição em momento político ligado administrativamente à base e estrategicamente à oposição

Escrito por Wagner Mendes, Inácio Aguiar, Luana Barros ,
Roberto Pessoa está no terceiro mandato à frente da Prefeitura de Maracanaú
Legenda: Roberto Pessoa está no terceiro mandato à frente da Prefeitura de Maracanaú
Foto: Ismael Soares

Com pouco mais da metade do mandato como prefeito de Maracanaú cumprido, Roberto Pessoa (União Brasil) adianta que pretende disputar o quarto mandato para comandar o município da Região Metropolitana de Fortaleza. "Se eu tiver condições e se o partido me aceitar", adiantou sobre eventual disputa em 2024. 

Forte aliado de Capitão Wagner (União Brasil) - que convidou, inclusive, para ser secretário de Saúde de Maracanaú -, Roberto Pessoa tem se aproximado do governador Elmano de Freitas (PT) neste início de gestão do petista. Uma aproximação administrativa, reforça. 

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"Porque Maracanaú teve 32 anos de (rejeição). Nós fomos totalmente alijados pelos Ferreira Gomes, pelo Tasso e pelo Camilo", criticou. A proximidade com Elmano - que se estende a outros aliados de Pessoa, como a deputada federal Fernanda Pessoa e o estadual Firmo Camurça, ambos do União Brasil - se deve também a uma amizade "pessoal" com o novo governador. 

A diferença de posicionamento entre ele e o líder da oposição no Estado, Capitão Wagner, de quem foi um dos principais apoiadores na disputa eleitoral pelo Governo em 2022 na qual o ex-deputado federal acabou derrotado, não deve ser um problema. 

"Isso é democracia", ressalta. "Dei liberdade ao Wagner para fazer o que quisesse na política, fora de Maracanaú. Ele é um homem hoje nacional. Em Maracanaú, ele tem função administrativa", completa.

Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, o prefeito Roberto Pessoa também falou sobre a marca que pretende deixar em Maracanaú ao fim deste que é o terceiro mandato do gestor, além de iniciativas que pretende implementar no Município. 

Confira a entrevista completa: 

Vamos começar perguntando sobre a gestão do município. O senhor convidou o ex-deputado federal Capitão Wagner para comandar a Saúde de Maracanaú. Qual a expectativa dessa entrega e por que o senhor o convidou? O que foi pedido ao Capitão Wagner? 

Primeiro, você sabe que saúde é uma atividade, em qualquer município, muito difícil. Eu até brinco, e digo a verdade também, que a saúde em Maracanaú é ‘menos ruim’, porque não tem boa, não existe boa, infelizmente. 

Eu fui uma vez, como deputado federal, falar com o prefeito de Berlim. Fui com os deputados federais e perguntei "qual o principal problema de Berlim, meu prefeito?". (E ele disse:) "Saúde". "Mas Saúde, aqui, na Alemanha?". (Resposta do prefeito de Berlim:) "É. Só que aqui é diferente. Aqui é especialização. Aqui tem um médico para o nariz, um para o ouvido direito, outro pro ouvido esquerdo, outro para perna direita, e para perna esquerda".

É a especialização da especialização. A mesma coisa é a Justiça. Na hora que a Justiça do Brasil tiver bem azeitada, de decisões rápidas, todo mundo entra na Justiça. Então, se na saúde atender bem, a pessoa está com uma dor de cabeça procura o posto de saúde. Não tem quem satisfaça a Saúde, até porque é o bem maior, é vida. Mas eu procuro, repito, dizer que a (cidade) menos ruim em saúde do estado do Ceará é Maracanaú.

Por que o senhor chamou o Capitão Wagner para a Secretaria da Saúde?

Chamei porque ele é uma pessoa competente, tem espírito público e (para gerir) saúde não é obrigado ser um especialista na área. Seria muito bom que você juntasse gestão com aptidão do indicado. O Capitão Wagner é um político que conhece o problema, tem sensibilidade, repito, tem espírito público, e isso é mais importante que o conhecimento da ciência médica. 

Convidei antes meu amigo Helânio Facundo, que já foi prefeito três vezes de Jucás. Na posse, ele disse: "Rapaz, aqui nunca aplicou uma injeção nem colocou esparadrapo em ninguém, mas entende de gestão". Às vezes, por falta de um grito, perde a boiada. Falta comprar um medicamento, e morre gente. A saúde não espera. Saúde é salvar vidas e cuidar da saúde das pessoas. Por isso, a gestão às vezes é mais importante do que uma pessoa especializada no local. 

O Capitão Wagner é um militar, que tem, no discurso dele, que tirou sempre o primeiro lugar nos concursos que fez e tem espírito público. Tendo espírito público, você pode ser tudo no País.

Quando o senhor partiu para oferecer ao Wagner, convidá-lo para essa missão, o que o senhor estava identificando como o maior desafio dele naquele momento? E isso vem sendo cumprido a contento, pelo que o senhor avalia hoje? 

Quando eu fiz o convite a ele, pensei que ele não fosse aceitar, porque ele é um nome nacional hoje, Maracanaú é uma cidade importante, mas longe de ser Fortaleza, longe de ser o Estado do Ceará. Mas ele disse que ia estudar. Logo depois, ele retornou, porque eu que sou muito amigo dele e a minha filha, Fernanda Pessoa, também, e Maracanaú quer muito bem a ele, sempre tem uma votação estupenda (no município). Quando ele foi eleito deputado federal, teve 13 mil votos lá. E eu disse: "Macho, não vem aqui não, que eu sou candidato". Ele não foi e teve 13 mil votos sem pisar em Maracanaú. 

Ele é um homem querido na Região Metropolitana, como também no Ceará. Ele está se empenhando. E a equipe de Saúde tem várias equipes. A cúpula da diretoria, modéstia à parte, é “primeiro mundo”. Só vai caindo um pouco para baixo, (na equipe) que é a mais importante, que é a que faz o atendimento. Estamos fazendo lá, até por ideia dele, a humanização dos nossos funcionários. 

Quem atende o povo tem que ter humanização. Quem paga a conta daqui, quem paga o nosso salário é o povo. Então, tem que atender bem o usuário, principalmente na Saúde, que chega lá, coitado, doente ou com problema.
Roberto Pessoa
Prefeito de Maracanaú

O Wagner está consciente disso. Ele vai zerar as filas de cirurgia eletiva. Vamos trazer os remédios que são (de uso) contínuo, como  diabete, pressão alta, (...) remédios psicotrópicos. Remédios que são de uso contínuo. Para que todo mês a pessoa sair de casa para receber no posto de saúde? A gente já sabe que precisa? Entrega lá. Se essa pessoa falecer, nós tomamos conhecimento e não manda mais o remédio. Então, isso é uma inovação que ele vai fazer, entre tantas outras. 

Estamos reformando todos os postos de saúde de Maracanaú. Dos 26, 13 já estão totalmente reformados pelo preço muito pequeno, porque quem faz é a própria Prefeitura. Nós temos um núcleo na Secretaria de Infraestrutura que faz (a reforma) pela metade do preço do que se fosse fazer a licitação. (O núcleo) Tem eletricista, tem bombeiros, tem pedreiros, mestre de obras que fazem por um preço barato, rápido e de qualidade. E, repito, se eu fosse fazer uma licitação, comprar ou pagar uma empreiteira, uma construtora.... Demora, abandona as obras muitas vezes, e a gente tem que fazer outra licitação. 

Roberto Pessoa já foi deputado federal
Legenda: Roberto Pessoa já foi deputado federal
Foto: Ismael Soares

O senhor está na metade desse novo mandato à frente da Prefeitura de Maracanaú. Qual a principal marca da sua gestão até esse momento? 

A marca maior é a educação. Embora a Saúde esteja bem privilegiada, como também a infraestrutura urbana. Estamos fazendo oito grandes avenidas, (das quais) seis são novas e as outras são reformas e adequação. São marcas muito importantes. Mas a educação é o mais importante pra mim, porque tudo é educação.

O nosso Brasil, desde que eu me entendo na vida, se diz que a criança é o futuro do Brasil. E o nosso futuro não chega para todos. O País se desenvolve, é a 10ª economia do mundo, mas não está para o povo pobre. No Ceará, 4 milhões de pessoas recebem Bolsa Família (dados do Governo Federal de agosto de 2022 indicavam 1,4 milhão de beneficiários). Então, o que adianta (se) não tem renda? 

A mulher, por exemplo, tem que qualificar a mulher. A mulher é dona do lar, é quem mantém a família. Nós temos um programa muito bom para a mulher. Vamos criar a Casa da Mulher de Maracanaú, que é nos moldes da Casa da Mulher Brasileira, só que com um incremento para o empreendedorismo. A mulher tem que trabalhar e tem que ganhar dinheiro.

Mulher com dinheiro no bolso não recebe maus tratos nem desaforo. É uma cultura também. Mulher tem que ter empoderamento, eu digo muito isso. Temos mulher campeã, mulher que passa no concurso para médico, que passa no concurso promotora, para juíza... 
Roberto Pessoa
Prefeito de Maracanaú

Nós temos na Universidade do Operário, misturando um pouco (o assunto) com educação, é uma ideia em que pego pessoas de 26 anos pra frente, que não tiveram vontade de estudar. Com um ano e meio, ela termina o 1º grau, mais 1 ano e meio termina o segundo grau e, todo sábado, um curso profissionalizante. Dou a bolsa de R$ 250 por mês para esse aluno, é fantástico. Desse curso, 95% são mulheres.

Eu brinco muito que os homens ficam bebendo cachaça no meio da esquina, falando mal dos outros, jogando baralho, jogando sinuca e não vão estudar. Já que é assim, vamos bombar as mulheres. É a rainha do lar, é quem sustenta. Quando o marido abandona, ou o namorado, o companheiro, quem fica com os filhos é a mulher. Então, é ela que tem que ter o maior benefício dos programas públicos, na minha visão. 

Tem uma questão que está muito em voga nacionalmente que é a redução do ICMS, que aconteceu ano passado, principalmente nos combustíveis e energia elétrica. Maracanaú é um distrito industrial do Ceará e a segunda maior arrecadação de ICMS do estado. Essa redução trouxe um impacto para as políticas públicas em Maracanaú? 

Maracanaú teve impacto, mas achei essa medida espetacular, inclusive do meu correligionário (deputado federal) Danilo Forte. Fica esse pessoal chorando podendo criar outras alternativas, porque o seguinte: a pessoa que deixa de comprar caminhão, paga pela gasolina e o óleo diesel mais barato, vai gastar na economia. Se gastou menos do combustível, vai gastar mais com roupa, com comida, com passeio, com turismo. Não tem jeito, se gasta. É consumo. E aí a economia roda e volta de outra maneira. (...) E a inflação, (que) quando baixa o preço do combustível, diminui a inflação.

A inflação é muito ruim para quem é pobre, é péssima. Para funcionário público, pior ainda, porque (...) todo dia vê o salário dele diminuir. Então, foi muito bom essa medida. Eu apoio a choradeira dos prefeitos e governadores, mas não concordo, porque eu vejo que vai voltar (o recurso). Já já a economia vai melhorar e, repito, o ICMS que deixa de pagar no combustível, vai gastar com outras coisas e a economia roda e gira e gera mais ICMS. 

Dentro da questão de Maracanaú ser um distrito industrial, essa é uma questão importante porque o mundo está hoje num processo de transição. Transição energética, transição de modelo de desenvolvimento. Qual a diferença que o senhor vê do início desse distrito industrial para hoje e se isso ainda tem pujança para levar o município a crescer mais?

Em Maracanaú, a indústria já foi o carro chefe do PIB. Hoje, a indústria é apenas 45% do PIB de Maracanaú. Serviço e comércio passaram da indústria. Entretanto, a indústria é o brilhante da nossa coroa. Isso não tenho a menor dúvida. E a indústria também se moderniza, se transforma.

Uma fábrica que chegou em Maracanaú com 1 mil empregados, hoje só tem 300, por causa dos equipamentos, máquinas, vai se modernizando. Nós temos que ter muito cuidado com a diversificação. Lá, eu quero fazer um polo de logística... Nós temos várias empresas de logística que também dão emprego e geram ISS, que é o imposto municipal. Estou olhando tudo, tudo que aparece. 

Agora, no pólo industrial, que são mil hectares, descobrimos que tem 100 hectares, 10% do total, que está sendo subutilizado. Nós vamos desapropriar esses hectares e chamar as empresas. Estive em São Paulo nessa semana com o companheiro da FIESP Josué de Alencar, que é filho do nosso ex-vice-presidente José de Alencar, que abriu as portas da Fiesp para Maracanaú e para o Ceará. Inclusive, vai ter uma reunião entre empresários cearenses e paulistas para trazer recursos e emprego para cá. 

Prefeito de Maracanaú
Legenda: Roberto Pessoa é filiado ao União Brasil
Foto: Ismael Soares

Emprego é cidadania. Emprego é tudo. E, como eu falei, a mulher na frente disso tudo, mas tem que ter emprego. Emprego que você não fica devendo a ninguém. Pedir emprego a prefeito, no interior do Ceará, é uma calamidade. Não tem empresa, só tem bodega, infelizmente. Então as pessoas vivem de quê? Do Bolsa Família, do empreguinho da prefeitura e daqueles amigos dos familiares que foram embora daqui e que mandam dinheiro por mês.  (...)

Agora tem a questão da informática, de TI (Tecnologia da Informação). O emprego de TI hoje é um negócio fantástico. Então, nós estamos trabalhando muito nessa questão de TI e também qualificando a juventude para a TI. Temos a secretaria de Empreendedorismo e Trabalho, temos a Secretaria de Ciência e Tecnologia, em que o empresário diz “eu quero um funcionário pra isso” e nós qualificamos aquele funcionário pra isso. (...)

Vamos falar agora de política. O seu grupo político comanda o município há 18 anos. Ano que vem tem eleição, o senhor tem alguns oposicionistas lá como o Júlio César, o Lucinildo Filho, que foi eleito agora deputado. Como é que o senhor visualiza a disputa para o ano que vem? O senhor vai para a reeleição? 

Bom, eu vou fazer agora 80 anos no dia 21 de maio. Se eu tiver condições e se o partido me aceitar, eu vou ser candidato à minha reeleição, entendeu? Porque eu tenho direito à reeleição. Sempre o povo de Maracanaú votou muito em mim, a minha filha teve 26, 27 mil votos para deputada federal. Firmo Camurça teve 26 mil (votos para deputado estadual), mesmo grupo político.

Respeito os adversários, inclusive Lucinildo é meu compadre, trabalhou comigo vários tempo lá. O Julinho é meu adversário, mas meu adversário cordial, tanto ele como pai dele. E o povo aqui decide. O povo é soberano. Nós somos uma democracia. 
Roberto Pessoa
Prefeito de Maracanaú

Falou-se em Capitão Wagner como provável candidato lá. Está descartado isso?

Não, Capitão Wagner vai pedir voto é pra mim. (risos) 

O senhor falou sobre essa questão do Capitão Wagner, da ida dele para Maracanaú, mas sobre os aspectos técnicos da saúde. Ele conversou com o senhor sobre essa questão eleitoral? Ele tem planos mesmo de ser candidato em Fortaleza? O senhor apoia isso? 

O Capitão Wagner é um homem que foi provado, (concorreu) duas vezes em Fortaleza e para governador. Tirou o segundo lugar para governador. Esse efeito Lula 13, Lula e Camilo fizeram com que o Elmano ganhasse no 1º turno. Política é sempre uma surpresa, né? Então, quem imaginava? Faltando dez dias, o Capitão Wagner estava na frente na pesquisa interna que nós temos e também nas externas que foram publicizadas. O Capitão Wagner ficou em segundo lugar. Quem esperava que o Roberto Cláudio (ex-prefeito de Fortaleza) ficasse em terceiro com uma votação muito pequena em Fortaleza? Foi um grande prefeito. É meu adversário, mas é meu amigo. (...) Mas a política tem isso. 

Eu digo: “Capitão, se você não fizer oposição ao Elmano, você está morto na política. Você tem que fazer oposição a ele. Não é uma oposição descarada. O governo erra muito. Então, com uma oposição boa, o governo erra menos. Errando menos, acertar mais. Então, você tem que fazer essa função de oposição". O povo elege. Quem elege o governo, quem perde vai para a oposição.

É isso que eu fiz toda vida. Eu tenho 32 anos de peia aqui, nunca ganhei no Governo do Estado. Nunca. 32 anos, mas nunca mudei de lado. Eu obedeço a Deus e ao povo. O povo me mandou para oposição ao Governo do Estado. 

O senhor sempre foi oposição. Nos últimos anos foi oposição ao grupo dos Ferreira Gomes, ao Cid, o Ciro…

E ao Tasso (Jereissati) também. Depois me juntei ao Tasso. Quando ele perdeu para senador, fiquei ao lado dele.  

Agora, o Firmo Camurça foi eleito deputado estadual - era prefeito e seu aliado - e tem um discurso muito de diálogo muito próximo ao governador Elmano, inclusive defendendo algumas pautas. A Fernanda Pessoa com o movimento também de aproximação. O senhor esteve com o governador na semana passada, fez registros ali de projetos, de parcerias. O senhor está se aproximando politicamente do Governo do Estado? 

Estou me aproximando administrativamente, porque Maracanaú teve 32 anos de (rejeição). Nós fomos totalmente alijados pelos Ferreira Gomes, pelo Tasso e pelo Camilo. Estive com o Camilo, ele me chamou lá, e eu disse: “Camilo, você está no ‘cadin’ do Serasa, porque você me prometeu e nunca cumpriu. Então, eu só vou conversar com você, depois que você cumprir o que eu lhe pedi”. Não é pra mim não, é para o município. Até eu pedi para o jornalista fazer um trabalho para saber quanto foi que Sobral recebeu do dinheiro do Estado do Ceará e quanto Maracanaú recebeu. Aí, depois faz a conta por habitante. 

Eles dizem: “Ah, eu sou o governador do Ceará para tudo”. Coisa nenhuma. Todo mundo tem seu partido, todo mundo tem suas preferências. O governador de plantão não ajuda a oposição, prejudica a oposição. Isso é papo furado, pessoal. Quem ouvir falar: “Eu sou governador do Ceará todo”, não é. Ele é de um grupo político. 
Roberto Pessoa
Prefeito de Maracanaú

No caso do Elmano, ele fez algum compromisso com você? O senhor está bem próximo, não é? 

Eu estive com ele já duas vezes depois que ele se elegeu. Eu tive uma vez (com ele) eleito, esteve na minha casa, fez uma visita de cortesia. E agora, eu tive uma audiência pública, levei meu vice-prefeito, levei a Fernanda, o Firmo Camurça para poder participar dessa reunião.

E eu fui muito claro com ele: “Estou aqui institucionalmente falando”. Maracanaú é a segunda economia do estado do Ceará, em apenas 40 anos. Inclusive, queria bater umas palminha aqui para o meu município (que completou) 40 anos no dia 6 de março e já é a segunda economia do Ceará com 40 anos. Avalie nos próximos 40 anos. 

O senhor está achando esse diálogo com o governador Elmano mais fluído do que com os outros governadores ou não está vendo diferença? 

Eu tenho uma amizade com o Elmano pessoal. Para recordar um pouco, sobre política aí no meio. O Elmano foi candidato a prefeito (de Fortaleza), eu que indiquei o (candidato) a vice-prefeito, o saudoso médico Mourão Cavalcante. Médico, psiquiatra, professor universitário, grande cidadão, saudoso amigo. Indiquei para vice e passou na campanha dele (em 2012).  Fiz uma amizade pessoal com Elmano, com o (Waldemir) Catanho, com a Lôra (deputada federal Luizianne Lins), muito minha amiga. Esse lado do PT ligado à Lôra é mais ligado a mim, sempre fui ligado a eles, porque… Eu fui do PFL, mas do PFL do Ceará, como dizia o Lula. No Governo Lula, o segundo, eu fiquei do lado dele no Congresso Nacional…

O senhor continua se considerando oposição ao Governo do Estado nessa conjuntura?

Eu não ganhei eleição, eu perdi. Só que eu sou prefeito, é diferente. Quem tem que fazer oposição é o deputado federal, estadual e vereador. Eu, como prefeito, tenho que olhar para o pessoal do município que confiou em mim, me deu votação em três eleições seguidas de prefeito, uma com 66%, outra com 87,46% e outra com 67%. Eu tenho que devolver essa caridade, essa consideração a mim com obras, como eu estou fazendo.

A gente vai buscar recurso federal e estadual. Repito, Maracanaú foi discriminado esses anos todinhos. Quero recuperar o Município com Elmano, que o conhece bem, teve uma votação muito boa. Aliás, Elmano ganhou em Maracanaú com 1% nos votos, mas ganhou, e eu apoiando Capitão Wagner.

Disse pra ele (Elmano) claramente: 'O Capitão Wagner vai ficar comigo, não tem nada a ver (a posição política). Ele está comigo como correligionário e como homem competente. Saúde é desafio na gestão pública. Se ele for bom, 'der no couro', como eu disse pra ele pra saúde, ele "dá no couro em tudo". Muito político criticava o Capitão Wagner, todos vocês da imprensa, porque ele não tinha experiência administrativa. Agora vão criticar pelo motim (da Polícia Militar em 2011)? Não critica mais. Vão aparecer outras críticas, não essa.

Prefeito, dentro disso, não é difícil explicar para a população, principalmente de Maracanaú, que o senhor governa, a diferença de posição em relação ao Governo Elmano do senhor e do Capitão Wagner?

Isso é democracia. Se as pessoas entenderem, bem. Todo mundo tem oportunidade de pegar um cargo público desde que desempenhe a função, olhando para Maracanaú, e para a saúde, no caso do Wagner. É um desafio, repito. Dei liberdade ao Wagner para fazer o que quisesse na política, fora de Maracanaú. Ele é um homem hoje nacional. Em Maracanaú, ele tem função administrativa. Fora de Maracanaú, ele tem função política. A sua esposa é deputada federal (Dayany do Capitão) e pertence ao União Brasil, teoricamente para fazer oposição ao Governo Elmano. Tem liberdade democrática.

Prefeito, o senhor anunciou recentemente reajuste de servidores e do piso do magistério. Há expectativas para realização de concurso ou seleção pública?

Estamos fazendo concurso público para agente de saúde comunitário e de endemias. E tem outras categorias que temos que fazer, as pessoas que estão se aposentando. Professores também que estamos atendendo com contratos temporários ainda às vezes para poder atender a demanda, que não pode parar a educação. Agente de trânsito e outras categorias com menor quantidade de profissionais, a guarda municipal. Fui eu que criei há 18 anos, já está com uma defasagem. Iniciei com 200 guardas municipais, agora tem 104. Tem que fazer (concurso). (Previsão) para 130 vagas, 30 tem que ser mulher, porque tem que ter mulher, a mulher tem que ser abordada por mulher.

Vamos qualificar a Guarda Municipal. A Guarda Municipal é muito engano, custa caro para o município. Quero transformar ela também em guarda patrimonial. Aqui pra nós, a Guarda Municipal, em embate com marginal, não tem muita competência assim, não é nem competência, é fogo. Hoje os marginais estão com muita informação e com equipamento sofisticado. A guarda municipal vai o quê? Apanhar no meio da rua? É o que vai acontecer. Estou focando nela mais para guarda cidadã e patrimonial, para tomar conta do patrimônio do município, que tem que estar lá um profissional qualificado, para cuidar do patrimônio do município.

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