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Quem foi David Miranda, ex-deputado e ativista que ajudou a investigar espionagem dos EUA

Um de seus maiores feitos na Câmara do Rio foi aprovar um Projeto de Lei que autorizava o uso de nome social a pessoas transgênero

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Redação producaodiario@svm.com.br
David Miranda, ex-deputado
Legenda: Miranda foi internado no dia 6 de agosto de 2022 para o tratamento de uma infecção gastrointestinal. Em seguida, passou por infecções sucessivas, em um quadro de septicemia
Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados

O ex-deputado federal David Miranda (PDT-RJ), que morreu na manhã desta terça-feira (9) em decorrência de uma infecção, foi primeiro vereador gay da Câmara do Rio de Janeiro e um parlamentar conhecido pela luta da causa LGBTQIA+.

Ele ganhou destaque por se envolver, junto ao marido, o jornalista britânico Glenn Greenwald, no caso de Edward Snowden, ex-analista da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos que vazou documentos secretos comprovando que o país espionou políticos de outras nações em 2013. 

À época, com a ajuda de David, Glenn publicou os dados de espionagem do governo americano vazados por Snowden.

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Por conta da polêmica envolvendo o caso, o ex-deputado ficou detido por nove horas no aeroporto de Heathrow, em Londres, quando voltava de Berlim para o Rio de Janeiro. Na ocasião, o governo britânico o interrogou com base na lei anti-terrorismo, justificando que a detenção era uma questão operacional.

Vida profissional

David Miranda era formado em Marketing pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Em 2016, foi eleito como vereador do Rio de Janeiro.

Um de seus maiores feitos como parlamentar foi aprovar um Projeto de Lei (PL) que autorizava o uso de nome social a pessoas transgênero no âmbito de toda a administração do Rio de Janeiro.

Em 2019, assumiu a vaga de Jean Wyllys na Câmara dos Deputados.

MESES DE INTERNAÇÃO

Ainda em março deste ano, Glenn usou as redes sociais para divulgar o relato mais profundo sobre as dificuldades vivenciadas pela família em meio à internação de David Miranda.

"Desde a primeira semana, houve três ocasiões em que seus médicos me ligaram e nos disseram para nos prepararmos para o pior, que suas chances de sobrevivência nas próximas 48 a 72 horas eram muito baixas, quase impossíveis", escreveu o jornalista na época. 

No comunicado desta terça, após a morte, o marido do ex-deputado lembrou do legado deixado ao longo da vida dele. "Ele foi chave para a história de Snowden, se tornou o primeiro homem gay a ser eleito para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro e no Congresso aos 32 anos. Ele inspirou muita gente com sua biografia, paixão e força de vida", completou. 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também prestou condolências a Glenn por conta do falecimento e, além disso, lamentou a partida de David após uma trajetória importante na política.

"Meus sentimentos ao Glenn Greenwald e familiares pela perda de David Miranda. Uma jovem de trajetória extraordinária que partiu cedo demais", escreveu o chefe do Executivo. 

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