Legislativo Judiciário Executivo

PGE-CE chama discurso do Piauí sobre litígio de ‘devaneio jurídico’ e o classifica como ‘falacioso’

Cearense reagiu à análise da Procuradoria-Geral do Piauí de que o relatório do Exército teria confirmado a tese jurídica piauiense

Escrito por Igor Cavalcante , igor.cavalcante@svm.com.br
Procurador-geral do Ceará fez duras críticas à condução jurídica do Piauí sobre área de litígio
Legenda: Procurador-geral do Ceará fez duras críticas à condução jurídica do Piauí sobre área de litígio
Foto: Ismael Soares

Após a Procuradoria-Geral do Piauí (PGE-PI) comemorar que o relatório técnico do Exército sobre a área de litígio com o Ceará confirmou a tese jurídica piauiense, o procurador-geral do Ceará, Rafael Machado Moraes, rebateu a avaliação e fez duras críticas à condução jurídica do estado vizinho.

Nesta quinta-feira (4), o cearense chamou o discurso do Piauí de “devaneio jurídico” e classificou-o como “falacioso”. As declarações ocorreram durante entrevista à editora de política do Diário do Nordeste, Jéssica Welma, e à repórter Luana Barros, durante a live do PontoPoder.

“Eu não sei qual o laudo o Estado do Piauí está lendo ou leu, o que eu li, que é o que está divulgado no site do Supremo Tribunal Federal, é claro nas suas conclusões em relação à tese do Estado do Piauí. Do nosso ponto de vista, embora eu tenha a percepção de que existe uma narrativa política por trás dessa questão no Piauí, é um discurso falacioso, na verdade, é um devaneio jurídico, não há embasamento legal nenhum para isso, é uma aventura verdadeiramente jurídica”
Rafael Moraes
Procurador-geral do Ceará

“O que mais me penaliza e ressinto é (que isso ocorre) às custas do sofrimento de toda uma população da região que está aflita, e nosso papel nesse processo como advogado do Estado, mas como cearense, é tentar levar essa tranquilidade que estamos defendendo essas pessoas”, acrescentou.

Veja também

Rafael Moraes ressaltou ainda que o laudo do Exército brasileiro foi “categórico” ao tratar a tese apresentada pelo Estado do Piauí para reivindicar aproximadamente 3 mil quilômetros quadrados na Serra da Ibiapaba. Os piauienses têm como cerne da argumentação um decreto de 1880 e a Convenção Arbitral de 1920. “Não tem base legal, não tem embasamento legal, está lá escrito”, reforçou.

O Diário do Nordeste entrou em contato com a Procuradoria Geral do Estado do Piauí (PGE-PI), por meio da assessoria de imprensa, para se manifestar sobre as críticas feitas por Rafael Machado Moraes. Em resposta, o procurador-geral do Estado do Piauí, Francisco Gomes Pierot Júnior, disse que o estado está "confiante no desfecho favorável da demanda (do Piauí) no STF". 

"A PGE-PI continua serena e firme nas convicções jurídicas que motivaram o ajuizamento da ACO 1831 em defesa do território piauiense, especialmente após a apresentação do laudo do Exército brasileiro. O estado do Piauí atua agora ainda mais confiante no desfecho favorável da demanda no STF", disse.

Avaliação positiva

O relatório e o laudo feitos pela Diretoria do Serviço Geográfico do Exército Brasileiro foram entregues na última sexta-feira (28). Os documentos atendem a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), onde o caso é analisado desde 2011, apesar do impasse regional ter começado ainda no fim do século 19. 

Veja também

Segundo o procurador-geral Rafael Moraes, logo após a apresentação dos estudos, o grupo de trabalho sobre o caso, coordenado pela PGE, se reuniu e analisou o laudo.

“A conclusão foi uníssona de que o laudo foi positivo para o Estado do Ceará em todos os aspectos, e até nos surpreendendo sob um ponto de vista de que não esperávamos que o Exército fosse se imiscuir em questões tão importantes para nós, como o aspecto humano. O laudo traz, inclusive com uma sensibilidade que o Exército revelou, a importância para considerar o aspecto humano e social na solução do litígio” 
Rafael Moraes
Procurador-geral do Ceará

Assuntos Relacionados