"Meu país Nordeste": veja como estão as disputas pelos governos dos nove estados nordestinos
O Diário do Nordeste preparou um resumo do desenho de forças para a disputa majoritária em outubro deste ano
A menos de seis meses para as eleições, as articulações para sucessão nos estados do Nordeste seguem a todo vapor. Passado o período da janela partidária – quando os parlamentares podem mudar livremente de sigla sem perder o mandato –, as forças para a disputa pelos governos estaduais começam a definir seus lados e suas alianças de olho na disputa pelo Executivo.
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Dos nove governadores da região, apenas dois são candidatos à reeleição. Entre os outros, alguns ainda vivem incertezas sobre o próprio futuro, mas já sinalizam apoios para a sucessão. Para explicar como está a conjuntura nos estados do Nordeste, o Diário do Nordeste preparou um resumo das articulações para a sucessão dos governos estaduais.
Confira:
Alagoas
Em Alagoas, o grupo governista tem como pré-candidato o deputado estadual Paulo Dantas (MDB). Na semana passada, o então governador Renan Filho (MDB) renunciou ao cargo para disputar vaga no Senado Federal. Com isso, a chefia do Executivo no Estado deveria passar para o vice-governador, mas o cargo está desocupado desde 2020, quando o mandatário eleito para a função, Luciano Barbosa (MDB), renunciou para assumir a Prefeitura de Arapiraca.
Além disso, o presidente da Assembleia Legislativa (AL), o deputado estadual Marcelo Victor (MDB), também não quis assumir o cargo. O novo ocupante da cadeira de governador em Alagoas será decidido por meio de eleição indireta entre os parlamentares nas próximas semanas.
Nesta conjuntura, o emedebista Paulo Dantas é o favorito para ser escolhido para o mandato-tampão e deve tentar a reeleição em outubro. O político, inclusive, já selou uma aliança com o PT no estado, recebendo apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Na oposição, o nome mais forte é do ex-deputado estadual e senador Rodrigo Cunha (União Brasil), que conta com o apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP).
Um terceiro nome na disputa é o do ex-prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSD). A lista de pré-candidatos inclui também o deputado federal Antônio Albuquerque, que se filiou recentemente ao Republicanos.
Bahia
Após intensas articulações que chegaram a rachar a base governista, o chefe do Executivo da Bahia, Rui Costa (PT), decidiu indicar como sucessor o secretário Jerônimo Rodrigues. O movimento desagradou o vice-governador, João Leão (PP), que rompeu com o aliado e disputará vaga no Senado Federal. O atual governador chegou a ser cotado para disputar a vaga no parlamento, mas decidiu permanecer no cargo até o fim da gestão.
O grupo governista terá como principal candidato da oposição o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (UB). O político também tem influência nacionalmente e foi um dos responsáveis pela fusão do DEM com o PSL, fazendo a sigla recém-criada ser uma das maiores do país.
Do grupo oposicionista mais próximo ao presidente Jair Bolsonaro (PL), o nome lançado na disputa é o do ministro da Cidadania, João Roma (PL). O auxiliar do presidente deve usar o legado no cargo, responsável por coordenar a implantação do auxílio emergencial e do Auxílio Brasil, como trampolim para disputar o cargo majoritário.
A lista de pré-candidatos para o Governo da Bahia inclui ainda o ativista Kleber Rosa, como nome do Psol, e o professor de Geografia Giovani Damico, do PCB.
Ceará
O Ceará é um dos estados onde a base governista enfrenta maiores incertezas no Nordeste. Do PDT deve partir o pré-candidato que irá liderar a chapa. A sigla tem quatro nomes disputando a vaga: a governadora Izolda Cela (PDT), o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT), o deputado federal Mauro Filho (PDT) e o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão (PDT).
Izolda assumiu, no último sábado (2), o comando do Governo do Estado, ocupando o cargo após a renúncia de Camilo Santana (PT). Roberto Cláudio recebeu apoio de aliados de peso na Capital, entre eles o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), e a bancada governista da Câmara Municipal. Mauro Filho e Evandro Leitão têm investido em reforçar os próprios nomes com lideranças locais, principalmente no Interior.
Apesar de o candidato governista sair de um desses quatro nomes, partidos que historicamente compõem a base ameaçam lançar candidatura própria ou mesmo reforçar a oposição.
Na oposição, ao menos os nomes na disputa aparecem mais definidos. Capitão Wagner reúne o grupo mais forte da oposição, aglutinando em seu entorno políticos que anteriormente integravam o PSDB, PSL, Pros e DEM.
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O mandatário também conseguiu reforçar o grupo oposicionista, tornando-se presidente do União Brasil no Ceará. Esse movimento garante a ele um dos maiores montantes em recursos e de tempo de propaganda no rádio e na televisão, considerando os partidos individualmente.
Além de Wagner, a oposição à esquerda também já lançou pré-candidatos. O Psol estará representado nas urnas com a comunicadora e artesã Adelita Monteiro. O partido Unidade Popular (UP) também definiu o nome do bancário Serley Leal como pré-candidato ao Governo do Ceará.
Maranhão
A disputa pela sucessão de Flávio Dino (PSB), que planeja disputar vaga no Senado Federal, divide a base governista no Maranhão. O mandatário indicou seu vice-governador, Carlos Brandão (PSB), como pré-candidato ao Executivo. Diante dessa conjuntura, o senador Weverton Rocha (PDT), então aliado de Dino, rompeu com o governador para também encabeçar uma chapa de olho no Governo do Maranhão.
A lista de candidatos no Estado inclui ainda o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Júnior (PSD); o ex-chefe da Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Energia, Simplicio Araújo (Solidariedade); além do prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahésio Bonfim (PSC), que tem alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro.
Outro nome próximo a Bolsonaro no Maranhão é o senador Roberto Rocha, que recentemente passou a comandar o PTB, partido até então chefiado por Lahésio.
O chefe do Executivo nacional também é próximo ao deputado federal e pré-candidato Josimar Maranhãozinho (PL). Por outro lado, interlocutores do presidente já expuseram o receio com o apoio, já que o deputado é acusado de desvio de recursos públicos.
Paraíba
Um dos poucos governadores do Nordeste a poder se reeleger, João Azevêdo (PSB) tentará renovar o mandato em outubro deste ano. Em 2018, o mandatário foi eleito já no primeiro turno. Agora, tenta repetir o feito.
Por outro lado, um dos nomes fortes da oposição na Paraíba é o deputado federal e candidato tucano Pedro Cunha Lima (PSDB), que tenta interromper os planos de Azevêdo.
Além dele, o estado conta com vários pré-candidatos, entre eles Lígia Feliciano (PDT), atual vice-governadora, que rompeu com Azevêdo e agora busca chegar ao comando do Executivo estadual.
Na oposição está ainda o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e a professora Adjane Simplício (Psol). Já na ala mais bolsonarista da oposição, o nome apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro é o do radialista Nilvan Ferreira (PTB).
Pernambuco
Em Pernambuco, a sucessão do governador Paulo Câmara (PSB) tem como pré-candidato governista o deputado federal Danilo Cabral (PSB), que dará espaço no palanque estadual para a campanha do ex-presidente Lula.
Uma das principais lideranças locais do PT, a deputada federal Marília Arraes trocou a sigla pelo Solidariedade. Ela também deve estar nas urnas disputando vaga no Executivo. Mesmo preterindo a sigla, a parlamentar reafirmou o apoio a Lula.
Na oposição, o correligionário do presidente Jair Bolsonaro, Anderson Ferreira (PL), deixou a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes para apresentar-se como pré-candidato ao Governo da Paraíba.
Entre os nomes mais competitivos da oposição, estão Miguel Coelho (União Brasil), prefeito de Petrolina, e Raquel Lyra (PSDB), prefeita de Caruaru. Também disputa espaço no pleito Armando Filho (PRTB), cantor e compositor; João Arnaldo (Psol), advogado; e Jones Manoel (PCB), historiador.
Piauí
No Piauí, a disputa também está polarizada entre um nome governista, alinhado ao ex-presidente Lula, e um nome da oposição, mais próximo ao atual presidente Jair Bolsonaro.
Do lado petista, o governador Wellington Dias (PT), que deve tentar vaga no Senado Federal, indicou como sucessor o ex-secretário estadual da Fazenda, Rafael Fonteles (PT).
Já o grupo oposicionista é liderado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), que apoia a chapa liderada pelo ex-prefeito de Teresina, Sílvio Mendes (União Brasil).
Outro nome alinhado ao grupo de Bolsonaro é o major Diego Melo (PL), correligionário do mandatário que já se lançou como pré-candidato. Completa a lista de postulantes ao cargo a secretária municipal de Economia Solidária de Teresina, Gessy Fonseca (PSC).
Rio Grande do Norte
No Rio Grande do Norte, a governadora Fátima Bezerra (PT) tentará a reeleição com apoio do ex-presidente Lula. Em 2018, ela bateu o recorde de votação no estado. Quem também disputa vaga no Executivo estadual é o senador Styvenson Valentim (Podemos), que contava com apoio do ex-ministro Sergio Moro (UB), quando eles eram correligionários.
Um dos nomes cotados para a disputa majoritária é o tucano Ezequiel Ferreira (PSDB). O político, no entanto, mantém mistério sobre seu futuro político: se disputará o cargo no Executivo ou tentará se reeleger como deputado estadual.
A lista de pré-candidatos tem ainda Brenno Queiroga (SD), Haroldo Azevedo (Patriota) e Clorisa Linhares (UB).
Sergipe
A disputa pela sucessão de Belivaldo Chagas (PSD) tem mobilizado as lideranças políticas de Sergipe. Correligionário do mandatário, o deputado federal Fábio Mitidieri é pré-candidato pelo PSD. Outro nome forte na disputa é o atual prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), que construiu sua trajetória de militância política no PCdoB.
Ainda na esquerda, o pré-candidato do PT é o senador Rogério Carvalho, que vem recebendo apoio contundente da sigla, principalmente do ex-presidente Lula. O senador Alessandro Vieira também estará na disputa. O parlamentar trocou o PP pelo PSDB para liderar a chapa no Estado.
Já o partido do presidente Jair Bolsonaro cogita apresentar para a disputa o ex-prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho, correligionário do chefe do Executivo nacional. A decisão, no entanto, ainda enfrenta incertezas e depende do aval do mandatário nacional.